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domingo, 12 de abril de 2015

A falácia do secretariado-geral da ONU

Desde a fundação da Organização das Nações Unidas nenhum ex-presidente, ex-primeiro ministro ou qualquer chefe de governo ou Estado foi nomeado para o tão importante e responsável cargo de escala mundial

José Vanilson Julião
Jornalista

Recentemente tenho visto na internet inserções de uma fala do presidente norte-americano, Barack Obama, na qual ele teria sugerido o nome do ex-presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, para ocupar a função de secretário-geral da instituição mundial surgida pós II Guerra Mundial, sucessora da Liga das Nações.
Esta história não é nova. Começou em março de 2010 com os palestinos, sendo encampada em outubro do mesmo ano pelo histrião Evo Morales.
Para efeito de situar o leitor a Liga ou Sociedade das Nações surgiu em 28 de abril de 1919, portanto 26 anos antes de ser desativada, durante encontro dos países vencedores da I Guerra, no histórico Palácio de Versalhes, nos arredores de Paris, capital francesa.
No mesmo local foi assinado por 44 países, em 18 de junho do mesmo ano, o tratado da nova ordem mundial.
A ONU é criada em 24 de outubro de 1945 e instalada em 18 de abril do ano seguinte. Conta, atualmente, com 193 países membros, mais o Estado do Vaticano e Palestina. Quase cinco vezes mais do que o antigo número da Liga. Mas perde em número de filiados para a Federação Internacional de Futebol Associado (FIFA), que passa dos 200 membros nos cinco continentes: Europa, Ásia, África, Oceania e América (Norte, Central e Sul).

Secretário geral
Desde 2 de fevereiro de 1946 até hoje oito são as personalidades que exerceram ou exerce o cargo. De igual número de nações diferentes. Portanto não repetidas.
Tres são europeus. Dois deles de países nórdicos, Noruega e Suécia, justamente os dois primeiros. Um veio da Áustria. A Ásia também contribui com dois indicados: Birmania e Coréia do Sul. A áfrica com dois: Egito e Gana. América do Sul completa a lista (Peru).
Dos indicados o primeiro a ocupar o cargo renunciou. O segundo morreu na função. A próxima indicação acontecerá no próximo ano, quando termina o segundo mandato consecutivo, de cinco anos, do atual secretário geral, nomeado pela Assembléia Geral, após recomendação do Conselho de Segurança. Um dos critérios é ter rodízio entre os continentes.
Vedado os cinco países membros permanentes do Conselho: Estados Unidos, França, Rússia, China e Reino Unido. São três europeus, um americano e um asiático.
Ao todo são 15 membros, sendo que os outros dez são eleitos. O atual presidente é o sul-coreano Ban Ki-moon, desde 2007 (abaixo a lista de todos os nomeados)
A maioria dos nomeados foram ou são diplomatas de carreira. Alguns com carreiras políticas em seus países. De todos apenas um chegou a ser presidente de uma nação, em 1986, a austríaca, mesmo assim eleito depois de deixar o cargo de secretário.
Portanto, salvo um milagre da política internacional, somente um milagre conduz Lula para a ambicionada cadeira, na sede da ONU, em Nova York, nos Estados Unidos.

O brasileiro
De destaque nesta história toda apenas um brasileiro. O gaúcho Osvaldo Euclides de Souza Aranha (1894 – 1960). Presidiu a II Assembléia Geral, em 1947, a qual resultou na criação do Estado de Israel, instalado no Próximo Oriente ou Oriente Médio (Ásia), em 1948.

SECRETÁRIOS
Trygve Lee (Noruega): 46/52
Dag Hammarskjold (Suécia): 53/61
U Thant (Birmania): 61/72
Kurt Waldheim (Áustria): 72/82
Jávier Pérez de Cuéllar (Peru): 82/92
Boutros Boutros-Ghali (Egito): 92/97
Kofi Annan (Gana): 97/97

Ban Ki-moon (Coréia do Sul): 2007/2016

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