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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

O fundador do jornal em que Boechat inicia carreira


Orlando Ribeiro Dantas nasce em Ceará-­Mirim (11/2/1896), filho de João Ribeiro Dantas e Joaquina Vilar Ribeiro Dantas. Cursa o Ginásio Porto Carreiro e com a transferência da família para Re­cife (1907) estuda no Ginásio de Pernambuco.  No período trabalhar no comércio; à noite dedica-se à elaboração do jornal mensal O Colibri.
Viaja os Estados Unidos (1919) e torna-se agente geral para o Brasil das má­quinas de escrever Under Wood.  Retorna ao Recife e tenta a instalação de uma indústria de artefatos de borracha. Expõe o projeto ao governador de Pernambuco, Manuel Borba, dirigi-se ao Rio de Janeiro, então Distrito Federal, onde sendo recebido pelo ministro da Agricultura, Ilde­fonso Simões Lopes, e pelo presidente Epitácio Pessoa.  No entanto sofre oposição do Congresso e o projeto foi abando­nado.
Em 1922, no Rio, passa a diretor da Revista Comercial e Industrial. Em 1926 tornou-se diretor de publicidade de O Jornal, substituindo o norte-americano Fritz Siblon.  De volta a Recife, aí fundou o Diretório Co­mercial Brasileiro, 1927.  No ano seguinte, em São Paulo, fundou com Francisco de Assis Chateaubriand e Rubens do Amaral o Diário de São Paulo.
Devido a divergências retirou-se da sociedade e, em junho de 1930, fundou o Diário de Notícias, no Rio de Janei­ro. O novo jornal surgiu numa época de inten­sa agitação política, que sucedeu à eleição pre­sidencial de março de 1930, na qual Júlio Prestes, candidato apoiado pelo presidente Washington Luís, derrotou Getúlio Vargas, candidato da Aliança Liberal.
A proposta inicial do DN era lutar contra a estrutura oligárquica da República Velha. Embora não compro­metido com os partidos políticos, apoia as teses da AL, movi­mento oposicionista que reúne oligarquias dissidentes de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba, que reivindica o voto secreto, inclusive feminino, a desig­nação de magistrados para a presidência das mesas eleitorais, uma jornada de trabalho de oito horas, a promessa de anistia.
Com o Estado Novo (10/11/1937) foi preso.  Em dezembro de 1939 foi criado o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), chefiado por Lourival Fontes.  Dantas resistiu às tentativas do DIP de levá-lo a apoiar o regime.  O DN re­cusou a publicar, na íntegra, como sendo da redação, as realizações do Estado Novo.
Em 1940 o DIP passou a conceder subvenção à imprensa em troca de matérias elogiosas.  Em 1943 o DN desencadeia campanha pela altera­ção da concessão da Loteria Fe­deral. O concessionário, Peixoto de Castro, pleiteava a renovação de contrato, tenta entrar em acordo com o jornal ofere­cendo cem contos de réis, além da publicida­de.
Dantas não aceitou a propos­ta e recebia comunicação proibindo o jornal de fazer comentá­rios sobre a concorrência.  Em resposta dirigiu-se ao dire­tor do departamento, major Antônio Coelho dos Reis.
A 28/2/45 Vargas, no Ato Adicional, fixa o prazo de 90 dias pa­ra que fossem marcadas as eleições para os governos estaduais e para a Cons­tituinte.  Em abril foi decretada a anistia.
DN promete denunciar qual­quer tentativa de adiamento ou de suspensão e apóia o brigadeiro Eduardo Gomes pela União Democrática Nacional (UDN) em dezembro.  Vence Eurico Gas­par Dutra, pelo Partido Social Demo­crático (PSD), ex-ministro da Guerra de Var­gas.
Em 1948 Dantas recebe do ge­neral Dwight Eisenhower, reitor da Universi­dade de Columbia e futuro presidente dos Es­tados Unidos, o prêmio Maria Moors Ca­bot, um dos mais importantes do continente americano.
Dois anos depois viagem à Europa.  Interessado em escrever um livro so­bre a escritora norte-rio-grandense Nísia Flo­resta, na França recolhe material sobre as re­lações da conterrânea com o escritor Vic­tor Hugo e com Auguste Comte, o pai do po­sitivismo.
Faleceu no Rio de Janeiro (1/2/53). Era casado com Ondina Portela Ribeiro Dantas, com quem teve quatro filhos.

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