quarta-feira, 12 de agosto de 2015

O ciclo do cangaço nordestino e a potiguar Mossoró nada devem ao desconhecido humorista

José Vanilson Julião
Jornalista

Sem polemizar com um dos assuntos do momento, uma rusga entre os mossoroenses e um humorista que desconheço completamente, acredito que a Capital do Oeste do RN não deve nada a ninguém, assim como o Rio de Janeiro, São Paulo, Nova York e Moscou. Cada cidade com sua história e suas particularidades na Aldeia Global.
O assunto que corre nas redes sociais me fez lembrar que não é de agora que a tentativa do cangaceiro pernambucano Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, em invadir Mossoró, em 1927, tem sido alvo de tema, mesmo que de passagem, na mídia ou nas artes em geral, principalmente nos meios de massificação popular.
A ação do grupo de bandoleiros nordestinos é citada, em passant, na canção “Esse Norte é Minha Sorte”, interpretada pela cantora carioca Dolores Duran, nome artístico de Adileia Silva da Rocha (1930 – 1959). Letra de Fernando Cesar e Nazareno de Brito.
Dolores gravou quatro discos entre 1955 e o ano da morte. O último, justamente, é o álbum com 10 faixas que leva o nome do título da música citada. Se o leitor desejar ouvir é só acessar o site “Nua Idéia” e clicar na seção ‘arquivo musical’.
Inclusive as outras faixas são de autorias de famosos, como Miguel Gustavo (aquele da marcha ‘Prá Frente Brasil’, da Copa de 70); o humorista dos mil personagens, Chico Anísio; Noel Rosa, que dispensa comentários; e o jornalista David Nasser. Entre outros.
Dolores teve uma infância pobre e não conheceu o pai. Desde criança gostava de cantar e sonhava em ser cantora famosa. Aos 12, influenciada pelos amigos, resolve, com a permissão da mãe, inscrever-se num concurso de cantor, conquistando o primeiro prêmio no programa ‘Calouros em Desfile’, do compositor e radialista mineiro Ary Barroso.
Na madrugada de 23 de outubro de 1959 sofre infarto fulminante - que, à época, 
foi associado a uma dose excessiva de barbitúricos, cigarros e álcool. Encontra-se sepultada no Cemitério do Caju no Rio de Janeiro.

NO CINEMA
O caso do ataque a Mossoró, no qual o bando perdeu o cangaceiro “Jararaca”, dois anos de ser citado na composição musical, era alvo de abordagem na comédia cinematográfica “treze Cadeiras”, produzido pela companhia carioca “Atlantida”.
A sinopse: Oscarito interpreta um barbeiro do interior, que recebe de uma tia, de herança, uma mansão na cidade, mas o imóvel é confiscado e ele acaba ficando apenas com 13 cadeiras. Após vendê-las, desespera-se ao descobrir que a falecida havia escondido uma fortuna no estofamento de uma delas.
Junto com a dançarina de cabaré Ivone (Renata Fronzi) tentará reavê-las, se envolvendo em muita confusão. Ainda no elenco Zé Trindade e Zezé Macedo. Pois é em um museu de cera que um casal de cangaceiros, Oscarito e Fronzi, disfarçados, se move, assustando um grupo de estudantes adolescentes.
Filme baseado no romance russo "As 12 cadeiras". A história do originalmente se passa na Rússia na época da Revolução Bolchevique e teve adaptações para o cinema, sendo a mais conhecida a versão do diretor Mel Brooks "The Twelve Chairs" (1970), no Brasil “Banzé na Rússia”.


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