Não pude ir ao velório e sepultamento do
amigo José Maia, falecido esta semana, em decorrência de seqüelas de acidente
vascular cerebral, o AVC.
Como testemunha ocular do empenho dele pelo esporte
amador, principal o futebol, a partir de meados dos anos 90, com total apoio do
ex-presidente da Câmara de Vereadores de Natal, o torcedor do Fluminense e
abecedista Edmilson Lima.
Zé, torcedor americano e botafoguense, foi o
principal articulador para o aproveitamento de uma área, entre os conjuntos
Pirangi e Jiqui, na Zona Sul da capital potiguar, transformada em um pequeno
estádio de futebol, dotado de vestiários, gramado e iluminação.
O equipamento
esportivo passou a ser local de encontro de futebolistas amadores e antigos
jogadores aposentados. Em homenagem transcrevo reportagem do Diário de Natal
sobre uma audiência pública no Poder Legislativo municipal, publicada na edição
de 30 de março de 2010.
“A destinação do campo foi tema de audiência pública desta
quarta-feira (3), por iniciativa do vereador Júlio Protásio (PSB). A área não
possui regulamentação, servindo para a prática de esporte na comunidade e as
atividades de um centro comercial.
O ministério público
impetrou uma ação questionando o uso da área pública em benefício de
particulares. Segundo o presidente do Centro Esportivo do Jiqui, José Maia, não
houve sequer uma visita do órgão ao local.
“O Centro serve a comunidade
não só do Jiqui, mas a toda Natal. Não temos como manter o campo sem a verba já
que a Prefeitura não tem gastos com o esporte na comunidade”, pontua.
Outro questionamento do
Ministério Público seria sobre a cobrança de taxas à comunidade que estaria
limitando a participação da comunidade mais carente. “Se chegar alguém alegando
que não tem como pagar a taxa, que serve unicamente para a manutenção do campo,
não deixa de jogar. Cuidamos do campo, sem deixar falta a estrutura necessária
para o esporte na comunidade. Essa é uma função social que não pode acabar no
bairro”, declara José Maia.
O representante dos
comerciantes, Glênio Chagas Queiroz, lembrou o papel social do centro ao evitar
que o bairro abrigasse uma favela no local. “O que existia antes era um
abandono total e uma invasão de posseiros que poderia causar um impacto
negativo na comunidade do Jiqui com problemas inerentes a esse tipo de
ocupação”, justifica.
Segundo ele, o objetivo
maior da construção do centro é a valorização do esporte. “O Jiqui sempre foi
destaque na prática esportiva, craques renomados passaram por este centro. Com
muito sacrifício levantamos aquela área construída. Comerciantes dedicaram toda
uma vida ao comércio, pagam IPTU, possuem alvará e não acho justo chegar ao
ponto de acabar uma área importante para a comunidade”, alega.
Segundo o secretário adjunto
da secretaria municipal de Esporte e Lazer, Robson Coelho, não é intenção requerer
a área, mas de regularizar junto ao Ministério Público a situação. “Temos em
Natal 19 campos e 19 quadras. É inegável que a Prefeitura não tem como arcar
com a manutenção de todas essas instalações. A minha sugestão é que seja feita
uma minuta de cessão de usos para que os centros esportivos não só de Jiqui,
mas também de todos os outros bairros que enfrentam ação semelhante, possam
continuar a prática do esporte. O Ministério
Público achou excelente a idéia, desde que uma série de critérios de funcionamento
sejam fixadas”.
As regras deveriam cumprir
com algumas diretrizes, como abrir gratuitamente em determinados dias da semana
para a comunidade. O vereador Júlio Protásio, acredita que deve haver uma
reunião entre o Ministério Público, comerciantes, comunidade para que haja um
acordo para solucionar o impasse. Para o uso do centro comercial, vamos
viabilizar uma minuta de lei autorizando a área pública para o uso comercial.
“Vamos lutar em prol da regularização da área, garantindo a prática do esporte
na comunidade do Jiqui”, ressalta.
O vereador Chagas Catarino
apresentou sensibilidade à causa, como apreciador e esportista de futebol. Os
vereadores Hermano Morais (PMDB) e Júlia Arruda (PSB) justificaram ausência. O
Ministério Público justificou sua ausência na audiência, tendo em vista outros
compromissos."
Nenhum comentário:
Postar um comentário