Soube da morte no começo da madrugada. Fui dormir cedo. Entre 20 e 21
horas. Ao acordar liguei o celular para saber da hora.
Logo em seguida acionei o grupo de amigos de Cerro Corá. Para ver os “fuxicos”
da cidade do interior potiguar.
A primeira foto ou imagem que vi. Sem texto. Postada por um
ex-vereador, suplente. Logo me veio à mente o falecimento. Pelo que vinha
acompanhando.
Para ter a certeza fui ao ‘Blog do BG’, o primeiro a noticiar (23h9). Depois
a ‘Tribuna do Norte’ (22h25).
‘O Agora’ (23h31). Neste site a melhor cobertura. Uma semana antes
perguntei ao jornalista Wagner Guerra, autor da reportagem, sobre a saúde dele.
E no mesmo período indaguei de um policial civil aposentado,
encontrado, digamos, casualmente, se ele ainda estava tomando o uísque
predileto antes da internação.
Falo de MPM. As iniciais ou acrônimo de Maurílio Pinto de Medeiros. As três
letras ‘emepeme’, em maiúscula ou garrafal, eram anotadas na minha agenda.
Ao lado o telefone do gabinete no segundo andar do prédio da antiga
Secretaria de Segurança Publica – onde funcionou até o começo da década de 70 a
Faculdade de Direito. Entre o antigo prédio do INPS e o Teatro Alberto
Maranhão. De frente para a Praça Augusto Severo (Ribeira).
O numero encimava os telefones das 11 delegacias distritais. Da 1ª. DP
(Cidade Alta), 2ª. (Brasília Teimosa), 3ª. (Alecrim), 4ª. (Areia Preta), 5ª.
(Lagoa Seca), 7ª. (Quintas) – onde funcionava o plantão antes da transferência para
Candelária -, 8ª. (Cidade da Esperança), tres da Zona Norte, 10ª. (Pirangi) e
11ª. (Cidade Satélite).
Alem das especializadas: Furtos de Veículos e Cargas, Tóxicos e
Entorpecentes, Furtos e Roubos, Falsificações e Defraudaçoes – lado a lado na
Travessa Ferreira Chaves (Ribeira), como faziam questão de informar os
repórteres policiais e radialistas Ubiratan Camilo de Souza, Givaldo Batista, o
Gigi da Mangueira, César Martins e Wilson Gomes de Azevedo.
Os telefones anotados, mas decorados, assim como o da Polinter (Polícia
Interestadual), similar tupiniquim da Interpol (Policia Internacional), também
conhecida como Capturas.
Foi aqui que MPM deu os primeiros passos na Civil, numa época em que os
policiais civis não eram chamados de agentes, mas de investigadores, e os
delegados eram graduados ou oficiais da Policia Militar. O primeiro concurso
para delegados de carreira é de 82.
Era para Maurílio que eu telefonava para liberar um preso para
entrevista e fotografia a cargo do repórter Anderson Lino, João Maria, Emerson
Amaral, Richardson Santana ou Ana Maria. Ou para saber alguma novidade. Nunca negou.
Como disse uma das filhas em entrevista e reforçou o jornalista Rubens
Manoel Lemos Filho, em detalhado texto no Facebook, ele fazia favores.
Testemunhei, várias vezes, ele ligar para as delegacias com o fim de atender
mães aflitas pelo “desaparecimento” do filho, depois de perambular pelas
delegacias. Ciente do caso, dizia: - Pode ir apanhar ele agora.
Fazia favor. Mas não pedia. Pelos menos, que eu saiba, aos repórteres da
área. Nem mesmo quando um filho se envolvia em supostas confusões.
Respeitava a imprensa e era respeitado.
Certa vez ao lado dele, pernas esticadas. Cotovelos no tampo do birô. Entram
dois ou três policiais. Me pede para sair. Atendo prontamente. Reunião para
compor alguma ação?
Mas soltava a piada: - É o repórter menos ruim... Até colocava apelido
nos delegados. O eficiente e afoito paralhense Matias Laurentino dos Santos
Filho era o “Jacozinho”, uma alusão a baixa estatura, como o do ponta-direita
alagoano que apareceu no CSA, jogou com Zico contra Maradona e esteve no Baraúnas
de Mossoró.
Sabia das potencialidades e dificuldades de cada um dos seus pares e
subordinados. Era como um pai ou irmão para eles. Não gritava.
Era um homem. Com defeitos e virtudes. Que, em vida, teve o sabor dos
amigos o defenderem contra os impropérios de uma obscura e mal informada
vereadora.
PS: Maurílio era padrinho de uma filha de Ubiratan Camilo.
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