quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

O xará do “professor” e pesquisador Everaldo Lopes Cardoso


Desde o começo do segundo semestre de 2016 e mais efetivamente a partir de janeiro do ano seguinte tenho dedicado quase todo o tempo que disponho a pesquisar sobre futebol com o objetivo de publicar, em um primeiro momento, três livros sobre o assunto.

Pelo menos duas pesquisas alternadas, e praticamente finalizadas, têm como alvos uma personalidade do esporte e um clube, recorrentes nas reportagens e notas que o jornalista Everaldo Lopes Cardoso publicou nos jornais Diário de Natal e Tribuna do Norte.

Devo explicar com justiça que ele dá o mote e procurei aprofundar detalhes, contingências e contextos dos dois assuntos, inclusive com dados e informações não esmiuçadas pelo experiente repórter e comentarista de longa carreira, testemunha presencial de uma época.

O incrível é que encontrei nas pesquisas o nome de um famoso, para época, xará do desaparecido pernambucano de nascimento e potiguar por adoção. Trata-se do jornalista e radialista carioca Everaldo Lopes – ou ‘Everardo’ em fonte diversa.

A primeira vez que li sobre o nome do profissional do Rio de Janeiro foi no jornal católico potiguar A Ordem, quando da passagem do Vasco da Gama pelo Aeroporto Internacional Augusto Severo, do então distrito de Parnamirim, que fazia parte do território da capital do RN.

Corria o ano de 47 e o elenco vascaíno dirigia-se para excursão no exterior e o repórter esportivo do jornal natalense procurou saber dos profissionais de imprensa que seguiam com a delegação pormenores da estadia de dois jogadores ainda amadores norte-rio-grandenses recentemente transferidos para a então capital federal.

Entre os representantes dos jornais e emissoras cariocas estavam Antonio Cordeiro (Nacional), Mário Provenzano (Tamoio) e Everaldo Lopes, sendo que este participara da delegação do selecionado nacional que participa da primeira Copa da França (1938).

Lopes entrara para o Jornal dos Sports como subsecretário de redação em 11 de outubro de 1931 e logo assume a secretaria com o deslocamento do superior para o quadro de redatores (“O Jornal dos Sports do Meu Tempo”, Waldemar Costa, Introdução, 3/5/2016).

O Lopes do Sudeste esteve como comentarista da extinta Rádio Mayrink Veiga, a PRA-9 de prefixo, com Oduvaldo Cozzi narrando, na trágica final do Mundial de 50. Falece em 13/10/65.

A reclamação do jornalista Everaldo Lopes Cardoso


O “professor” era um repórter nato.  A revista Placar, na edição de 25 de maio de 1987 (886), na seção “Cartas”, publica um puxão de orelha do jornalista: - Por que a Placar não abomina de uma vez por todas a expressão “divisões inferiores”? Melhor – e mais estimulante para a garotada – seria chamá-las de “divisões de base”.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

A primeira passagem de Everaldo Lopes pela "Tribuna do Norte"


1947. Circulavam na capital potiguar três jornais. Todos vespertinos.

O “Diário de Natal”, surgido oito anos e já incorporado a cadeia de mídia Associada, fundada pelo jornalista paraibano de Umbuzeiro, Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo.

“A República”, fundada em julho de 1889, pelo médico e político Pedro Velho de Albuquerque Maranhão, que, com a queda da Monarquia, acabou no poder da província do Império transformado em estado como o novo regime.

E “A Ordem”, criado em julho de 35, pertencente ao Centro de Imprensa, ligado a Igreja Católica. A edição 3.586 (terça-feira, 9/12) noticia a chegada na cidade do jornalista carioca Carlos Lacerda, o achado de um diamante de 18 quilates em Goiás, o incêndio e queda de avião da FAB no Estado do Rio.

Além de outros assuntos, inclusive militares, e uma greve geral no Chile, a capa do impresso fundado pelo professor Ulisses Celestino de Góis dá espaço para informar sobre solenidade do encerramento do ano escolar no Teatro Carlos Gomes, atual “Alberto Maranhão”, com a presença do governador Sílvio Piza Pedrosa.

Mais abaixo, sob o título em duas colunas, “Bacharelandos do Ginásio 7 de Setembro”, a lista com os 28 estudantes concluintes, que iriam receber diplomas ou certificados na noite seguinte no auditório do estabelecimento particular de ensino, tendo como paraninfo o professor José Saturnino de Paiva.

São oito alunas. Entre os alunos Amauri Sampaio Marinho, depois bacharel em Direito, professou universitário, advogou para o industrial húngaro Imre Fried, dono da Movelaria Globo, e chegou a presidente do Conselho Deliberativo do clube homônimo que substituiu o América entre 60/64 no campeonato estadual de futebol.

E Everaldo Lopes Cardoso. Muitos crêem que ele surgiu na crônica esportiva na Rádio Poti, a “Pioneira”, implantada no começo da década de 40 como a Rádio Educadora de Natal, do famoso acrônimo REN.

O ex-juvenil americano e muito depois aposentado como funcionário da Previdência Social, começa na verdade no diário matutino “Tribuna do Norte”, fundado no meio do ano de 1950 pelo então deputado federal Aluizio Alves, tendo como um dos cotistas acionário o futuro governador Dinarte de Medeiros Mariz.

Na edição da quarta-feira, 24/2/57, com a coluna “Sal...picos”, Everaldo já demonstra a perspicácia do repórter que perdura por quase seis décadas.

Em 30 de junho do mesmo ano faz parte da equipe que publica edição especial da TN em homenagem ao aniversário de fundação do ABC. Está ao lado de Vicente Farache Neto, José Ubirajara Macedo, Jaime Vanderlei e Klaus Nóbrega.

Na quarta-feira, 3 de julho, publica o artigo assinado “Quem descerá?”. Sobre o rebaixamento de um clube no campeonato citadino.

Em 1958 ingressa no “Diário” e na bagagem leva o título da coluna que criara na “Tribuna”, conforme a edição da sexta-feira, 17 de outubro, no Associado.

A esta altura também atua na “Poti”, com o programa "Instantâneos Esportivos". Em 16 de agosto de 1960 assina a coluna “Galho de Urtiga”, no Diário, com o mesmo já diferenciado estilo de três anos antes.