sábado, 27 de março de 2021

O esquecido treinador carioca do Alecrim (I)

Irmão mais conhecido, Paulinho Omena, fez sucesso no Madureira, Botafogo e Fluminense

José Vanilson Julião

O carioca Antônio Ribeiro de Omena nasceu no Bairro de Marechal Hermes (Zona Norte). Era conhecido familiarmente como Badau. Aos 17 trabalhava na Marinha. Caçula de quatro irmãos – Hildebrando, Iraci e Paulinho, a quem via jogar.

Em 1952, aos 18, chega ao Madureira levado pelo irmão Paulinho. Permanece por oito anos no Tricolor Suburbano: juvenil, aspirante e profissional. Era coringa: meia-esquerda, zagueiro central e lateral-esquerdo.

Na Portuguesa carioca atua no primeiro turno (11 jogos) com o treinador Daniel Alves (julho/setembro-1960). Com o técnico Denoni entra apenas em um jogo do returno: 0 x 2 América (8/10).

No final de 1961, no batizado de um amigo, soube que Garrinchinha estava querendo levar três jogadores para o Moto Clube, para passar 20 dias em São Luís, capital maranhense.

Vieram Omena, Zé Carlos e Joubert. “Fiquei impressionado com a recepção. Jogávamos em time sem torcida e de repente estávamos num time de grande torcida. O fascínio se tornou grande responsabilidade”.

Desembarcaram no sábado e no domingo enfrentam o Sampaio Corrêa. O Moto não ganhava havia dois anos. 1 a 0, gol de Nabor, amistoso (29/4/1962). Nos dois domingos seguintes o vence pelo mesmo placar: 5 x 1.

Para não perder o emprego na Marinha volta ao Rio. O presidente César Aboud foi buscá-lo a pedido da torcida, quando consegue a transferência. Nas temporadas 62/63 não foi campeão. “Éramos unidos dentro e fora de campo. Ficamos dois anos sem perde para o Sampaio”.

Casa com Lâmia Ayoub (1963). Relembra que foi um casamento regado a uísque. “Casei com uma pessoa da alta sociedade. Na festa meus amigos da bola não puderam ser convidados, exceto o técnico Rinaldi Maia.”

Campeão da Região Norte no Brasileiro de Seleções (1962) em 1964 sai para o Sampaio, o que parecia impossível. Mudança que traçaria outro rumo na carreira. No mesmo ano foi campeão e a torcida o apelida de ‘Divina Dama’. Em 65 o bi. Sem vitória do Moto.

No ano do bi um fato inédito. Chateado por Coelho (MAC) ter feito um gol irregular em cima dele num jogo contra o Sampaio, resolve dar um troco. Entra com um alfinete e quando Coelho aparecia na área o espetava. Foi expulso. Por falta de provas não é condenado pelo TJD.

Briga com dirigentes em causa própria e pelos companheiros. O declínio começa após briga com Antônio Bento Cantanhede Farias, diretor do Sampaio. “Fiquei sem jogar por seis meses. Não aceitava as condições que me oferecia”.

No segundo semestre de 1966 está no Ferroviário. Em 1967 no Maranhão. - O Moto me buscou, o Sampaio dá glórias e o MAC conquista meu coração. Em 1969, aos 35, parar encerra a carreira. Com o casamento abalado volta ao Rio.

Como técnico: auxiliar na Seleção Brasileira sub-20 (1989), Alecrim (Natal/RN), Ferroviário, Ji-Paraná (Rondônia), Rio Negro, São José e Tocantins.

 

Fonte

O professor de Educação Física Hugo José Saraiva Ribeiro (Pinheiro/MA) escreve: "Sampaio Corrêa, uma Paixão dos Maranhenses" (fevereiro/2011, "Memória Rubro-Negra: de Moto Club a Eterno Papão do Norte" (setembro/2012) e "Salve, Salve, meu Bode Gregório: a História do Maranhão Atlético Clube" (Setembro/2014). Republica no Blog Futebol Maranhense (28/5/2014) o perfil “Omena, Divina Dama”, assinaturas Edivaldo Pereira Biguá e Tânia Biguá, na seção "Onde Anda Você?" (O Estado do Maranhão – 22/2/1999)


 

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