Salgueiro é o último em pé no Calouros do Ar campão cearense de 1955 |
Paulo Salgueiro foi campeão cearense
pelo Calouros do Ar. Tricolor desiste da Série C local
José Vanilson Julião
Depois de ser campeão cearense o major da Força Aérea
Brasileira (FAB) no segundo semestre de 1958 se encontra no Rio Grande do Norte
transferido para Parnamirim. A estadia coincide com a saída de Álvaro Barbosa,
campeão potiguar no ano anterior com o alvirrubro, que alcançara o bi iniciado
com o Orlando Braga (1956).
O gaúcho de Pelotas Álvaro Barbosa havia perdido de 0 x 3
para o ABC (domingo, 12/10/1958). Na segunda-feira Paulo Salgueiro aceita convite
do presidente Heriberto Bezerra e no domingo, 19, assume com vitória sobre o Alecrim
(4 x 1). Ele treina o elenco pela última vez contra o Riachuelo (4 x 4 –
quarta-feira, 26) após ser transferido para o Rio de Janeiro.
Quando assume o sargento da Aeronáutica, Moacir Ribeiro da
Silva, que permanece no cargo até dezembro do ano seguinte, ocasião em sai
também na mesma situação do comandante anterior, assumindo o zagueiro Herwin de
Souza Hackradt. Salgueiro comanda o elenco por seis jogos, cinco oficiais e um
amistoso, com saldo de uma vitória, três empates – um deles contra o Treze
(Campina Grande) – e duas derrotas.
O diário vespertino O
Poti (terça-feira, 14/10/58) noticia a confirmação do convite, feito na
semana anterior. O posto de diretor técnico, desde a gestão de Rui Barreto, era
do desportista Joaquim Guilherme, transferido para o departamento social, como
pedira por falta de tempo para exercer a função anterior. Salgueiro assume ás
vésperas do começo do quadrangular final do returno do Estadual, que conta,
ainda, com ABC, Alecrim e Riachuelo.
Reportagem inédita publicada o ano passado pelo jornal mensal
CORREIO POTIGUAR – controlado pelo radialista e repórter fotográfico Graciano
Luz – Paulo Salgueiro indica participação dele na diretoria do América carioca
como superintendente (anos 70).
ANTECEDENTES
A primeira notícia que se tem do focado é pelo diário carioca
Correio da Manhã (sexta-feira,
11/8/44) com a relação dos 100 aspirantes a oficial aviador diplomados na manhã
seguinte. A solenidade no Rio conta com grupo de uruguaios que fizeram o mesmo
curso preparatório.
Em 1952 o capitão presta serviço no campo dos Afonsos. Passa
a major, tenente-coronel (anos 60) e chega à reserva como brigadeiro do ar
(posto máximo) em 2005. Coincidentemente no ano em que presta serviço no Rio é fundado o Calouros (1/1).
Era América, outra
coincidência, com o homônimo potiguar. Muda o nome para homenagear o conjunto
musical da Base e os aspirantes que chegavam à cidade. No ano seguinte está na
divisão principal, vindo, por uma dessas anomalias do futebol, da terceira
divisão.
O comando da
corporação apoia o clube. A torcida formada pelo efetivo. Os jogadores quase
todos militares. O uniforme lembra o do Fluminense: A diferença é a cor vinho em lugar do
vermelho. O “Tremendão da
Aerolândia” mandava os jogos no “Brigadeiro-Médico José da Silva Porto”,
estádio da Base, e possuía secretaria, lavanderia, vestiários e capacidade para
três mil expectadores. Hoje é de uso exclusivo de militares.
O primeiro jogo
profissional ocorre em 10/5/53 (Gentilândia 1 X 1). Em 1954 participa festa dos
40 anos do Ceará, organizada pelo diretor alvinegro, Ivonisio Mosca de
Carvalho. O Glorioso
treinado por Gentil Cardoso joga duas vezes. No sábado, 12/6, no
Presidente Vargas, Calouros 1 x 0. O mossoroense Orlando Ciarlini (parente da
ex-prefeita, ex-governadora e ex-senadora Rosalba Ciarlini Rosado), marca 40/2.
O goleiro ganha
uma garrafa de uísque e depois prefere seguir a profissão de armador.
Aposentado dedica parte do tempo ao Iate Clube (Praia do Mucuripe), que dirigiu
por muitos anos até virar sócio benemérito. Inclusive a sede social leva o nome
de “Comodoro Francisco Martins de Lima”.
Calouros: Chico, Pedrinho,
Azevedo, Jandir, Helder (Zanata), Índio, Luciano, Zezinho, Beto (Orlando
Ciarlini), Nelsinho e Zuzinha. Botafogo: Pianoswisky, Gerson, Floriano, Arati,
Bob, Juvenal, Garrincha, Dino, Carlyle, Paulinho e Vinícius. Juiz: José Tosta.
Dia seguinte Botafogo 2 x 0 Ceará.
1955: O
Ferroviário ganhou o primeiro turno invicto. O Calouros vence o returno. Na
decisão vence a primeira, perde a segunda e em 11/3/56 repete o placar da
partida inaugural (Zezinho e Zuzinha). Elenco: Jairo, Pedrinho, Coité,
Luciano, Jandir, Jesus, Edilson Araújo, Zezinho, Beto, Hélder e Zuzinha. No início da
temporada vence o Torneio Preparatório e o Torneio Início.
O segredo da equipe
(entre 18 e 24 anos) era a homogeneidade. Foram utilizados 13 jogadores,
mantendo quase sempre a mesma formação: Jairo (goleiro), 23 anos; Pedrinho
(zagueiro), 22 anos; Coité (zagueiro), 21 anos; Luciano (médio), 22 anos;
Jandir (médio), 23 anos; Jesus (médio), 24 anos; Edílson (ponta-direita), 18 anos;
Zezinho (meia), 22 anos; Beto (atacante), 23 anos; Helder (meia), 21 anos; Zuza
(ponta-esquerda), 28 anos; Azevedo (zagueiro), 25 anos e Vandir (avante), 20
anos.
Apenas dois não
eram cearenses: o gaúcho Jesus e o potiguar Jairo. Em 1956 o principal feito:
goleada (6 x 1) sobre o Remo. Foi terceiro colocado no Cearense: 1953, 1956,
1960 e 1968. Em 1960 o atacante mossoroense Juarez Canuto foi artilheiro
cearense: 14. Em 1968 Célio: nove.
1998: rebaixado
para a Segunda Divisão, ficando na antepenúltima posição do grupo, sem nenhum
ponto, após 44 anos. Na Segundona não obteve êxito de voltar, tendo chegado perto em 1999 e
2003, quando foi terceiro colocado. Em 2004 na Segunda Divisão foi rebaixado.
2005: desligamento
da Base Aérea acelerou a débâcle. Um ano antes havia caído para a
Terceira Divisão. Em 2009 após eliminação se licencia e fica suspenso por
suspeita de manipulação de resultado na derrota o Tauá (8 x 0). Em 2010 não
participou de nenhuma competição. Retomou as atividades em 2011.
Disputou o Torneio
Norte-Nordeste (68) e a 2ª Divisão brasileira (71/72) sem passar da primeira
fase. Nesses dois anos
teve a presença de Gildo, maior artilheiro do Ceará. Tem dois
torcedores “de coração”. Eliseu Alves Feitosa, 72, massagista e roupeiro (1965
a 2009). E guarda até hoje a camisa do time. E o militar reformado Wambar
Menescal: guarda fotos, camisas, documentos raros e o troféu do Cearense. Até a partitura do
hino e as letras do primeiro e segundo hino.
CAMPANHA (1955)
1 X 1 Ceará
0 X 0 Ferroviário
1 X 2 América
1 X 1 Nacional
2 x 2 Fortaleza
1 X 0 Usina Ceará
4 X 0 Gentilândia
4 X 2 Ceará
3 X 0 Fortaleza
2 X 2 Ferroviário
3 X 2 América
0 X 1 Usina Ceará
2 X 0 Ferroviário
0 X 3 Ferroviário
2 X 0 Ferroviário
FONTES
Diário de Natal
Tribuna do Norte
Blog do Zé Duarte
Memória do Futebol Cearense
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