José Vanilson Julião
Especial para o site "Gazeta de Natal"
Suponho que a maioria do
residente do logradouro e o carteiro não devem saber de quem se trata o
personagem, nome de rua no bairro Pajuçara, na Zona Norte da capital potiguar.
Everaldo Lopes |
Os falecidos Everaldo Lopes Cardoso (jornalista) e Luiz Gonçalves Meira Bezerra (memorialista) escreveram excelentes perfis sobre o focado e uma reportagem da campanha do RN no Campeonato Brasileiro de Seleções (1934).
Luiz G. M. Bezerra |
Por isso a surpresa com a
encomenda para escrever sobre o goleiro Domício Bezerra das Neves (7/12/1913
–19/7/1980), o “Nenê”, com passagens pelo rubro-negro Sport Club Natal (o mesmo
do remo), América e ABC.
Sob risco de não encontrar
novidade procurei preencher lacunas do que se conhece do arqueiro, que aparecia
na ponta-esquerda do alvirrubro no final da carreira, encerrada no rubro-negro
Clube Atlético Potiguar.
Numa época em que imperava
o amadorismo no futebol do RN em 1936 Domício já era funcionário da
“Recebedoria de Rendas”.
Nos anos 30 a 50 ele e
familiares eram presenças constantes nas notas sociais do diário católico “A
Ordem”, primeira fase (1935/1954) e segunda fase (1962/1967), e no “Diário de
Natal”.
Como se fosse combinado as
notinhas dos aniversários – dele, da mulher Luiza Salete (com quem estava
casado já em 1940) e a filhinha Eunice Maria (1941) – eram exatamente as
mesmas. Cópias fieis. Sem tirar nem por.
No jornal Associado foram
publicadas as notas de falecimento da mãe (janeiro/1950) e do pai (1969). Dona
Liberalina Bezerra e José Gomes das Neves.
Consta no “Diário da
Noite” – outro do condomínio Associado – que ele andou fazendo teste no
Flamengo, América e só então se dirigiu ao Fluminense.
Sequência anunciada em
perfis de “O Poti” no intervalo de dez anos. O primeiro um dia antes de
completar 57 anos (1970); outro logo após a morte, fulminado por ataque
cardíaco, quando estava internado na Casa de Saúde Natal.
O semanário (edição
dominical do “Diário” em 3/8/1980) indica que Domício casa cinco vezes, gera 23
filhos (apenas um falecido na época e os demais residentes em Natal, Recife e
no Sul) e deixa igual número de netos.
Aos 16 defendia a baliza
do “Sport”. Em 1933, aos 19 anos, é alvo de duas reportagens no “Diário da
Noite”. Com o arrazoado costumeiro da época o repórter o chama
“arqueiro-misterioso” no treinamento do América carioca.
Em março o identifica em
legenda de fotomontagem que ilustra o texto. Em agosto publica uma carta em que
pede intermediação para se apresentar no clube do bairro das Laranjeiras.
Não sendo, portanto,
intervenção do então dirigente abecedista, Vicente Farache Neto, como consta em
reportagem da imprensa local.
O primeiro perfil no
extinto semanário é ilustrado com uma reprodução fotográfica do diário carioca
no centro com dois arqueiros ao lado. Com legenda indicando o repentino
desaparecimento dele.
A outra foto, aos 16, como
“keeper”. Nesta, datada de 1928, escrevera: “Para minha querida mãe e minhas
irmãs uma lembrança...”
O emprego de fiscal pode
viver tranquilamente e investe em imóveis. Como a aquisição de um terreno no
loteamento conduzido pelo corretor de imóveis Humberto Pignataro (depois
presidente do América).
Em nome do ex-governador
Juvenal Lamartine de Faria. Conforme lista de reservas publicada na imprensa
convocando os adquirentes a fazer pagamento na Casa Bancária
Norte-rio-grandense Sociedade Anônima (3/1/1948).
E ainda encontrava tempo
para compor, como sorteado, o corpo de sete jurados do Tribunal do Júri Popular
da comarca de Natal. Como acontecera na quarta-feira (19/7/1950).
A Ordem
Diário da Noite
Diário de Natal
O Poti
O Potiguar
Blog do Marcão
Federação Internacional de
Estatísticas de Futebol
Flunomeno
Jornal dos Sports
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