quarta-feira, 12 de julho de 2023

O crônico descaso com o único estádio mossoroense

O Estádio Manoel Leonardo Nogueira foi inaugurado em 1967 com jogo do selecionado da Liga local

Situação gera depoimento de radialista e provoca ato simbólico idealizado em conjunto com diretor local da AGAP

José Vanilson Julião

Buraco na parte liberada da arquibancada

A quase permanente situação precária do Estádio Manoel Leonardo (Mossoro) tem despertado eventualmente, conforme aparecem as notícias ao longo dos anos, o protesto de gente da sociedade e dos torcedores em geral.

Mais recentemente, o surgimento de mais um pequeno problema - um buraco na parte da arquibancada liberada parcialmente -, motivou um apelo ou protesto pelo descaso, do radialista J. Nobre.

Em rede social, até com saudosismo, ele faz um histórico do único estádio mossoroense, inaugurado em 4 de julho 1967, com Seleção 0 x 2 Ceará, gol de abertura do atacante Mozart.

Após campanha daquele que dpa nome ao equipamento substituto do campo da Rua Benjamim Constant, que, por sua vez, assumiu o lugar do antigo "stadium da Limitada" dos anos 20 a 40.

O apelo em forma de depoimento (transcrito abaixo) logo ganhou o apoio e gerou mais uma iniciativa, agora do diretor da Associação de Garantia dos Atletas Profissionais (AGAP), Onesimar Fernandes Carneiro.

Em entrevista à J. Nobre, no "Comando Geral" (Rede Potiguar de Comunicação), o ex-jogador do Potiguar e Baraúnas convocou os desportistas para um "abraço" ao Nogueirão a partir das 15h30 deste sábado.

Ao blog "Boca da Noite" declarou: “Neste momento de dificuldade não queremos divisão. A palavra-chave é união. Queremos o apoio de toda classe política, dos clubes de futebol amador, da sociedade e da imprensa “.

- Precisamos salvar a nossa principal praça de esporte e dizer para o Rio Grande do Norte que Mossoró tem futebol. O movimento visa a revitalização do estádio e a sua liberação para sediar jogos.

Não somos contra nenhum projeto de permuta de construção de outro estádio ou de reforma, queremos apenas um Nogueirão apto a sediar jogos, acrescenta.

 

Radialista Jota Nobre leu depoimento emocionante na RPC

"Eu sou o Nogueirão e peço que não me abandonem"

Radialista J. Nobre

O estádio Nogueirão não merece, não pode e não deve terminar sua história da forma como estamos vivenciando.

O futebol de Mossoró e seus torcedores merecem respeito. Só quem acompanha e tem amor por Baraúnas e Potiguar sabe o valor do velho e guerreiro Nogueirão.

Nesse estádio se chora de tristeza e também de alegria. De prazer, emoção, decepção e sofrimento, vaias e aplausos.

Nogueirão do rico e do pobre, do preto e do branco, de alvirrubros e tricolores. De craques e peladeiros.

Nogueirão que já viu no seu gramado desfilarem ídolos como Zico, Roberto Dinamite, Rivelino Cláudio Adão, Dario, Adílio...

Que recebeu Flamengo, Vasco, Fluminense, Botafogo, Cruzeiro, Fortaleza, Ceará, Santa Cruz, Sport, Santos e tantos outros clubes do Brasil.

No Nogueirão eu já vi meu time ser roubado pelo árbitro e também beneficiado. Já vibrei com uma vitória com um gol aos 44 minutos do segundo tempo e também perder do mesmo jeito.

De tudo ou quase tudo o meu velho e querido Nogueirão já me proporcionou. Vitórias inesquecíveis e derrotas que não quero lembrar.

Já tive a oportunidade de esperar por duas horas a chegada de um caminhão pipa para poder iniciar um clássico Potiguar e Baraúnas. E, por incrível que pareça, um Nogueirão inteiro de pé aplaudindo a chegada do carro pipa.

Nogueirão de Caxica, seu Quidinho, Gilberto Pimenta, Barros Neto, Duite, Nehemias Cunha, Marcos Limeira e Dedé Praxedes.

De Nonato, Tito, Assis, Eurico, Edmundo, Doca, Nivaldo, Jotabê, Romildo, Chiclete, Onesimar, Chiquinho Bala, Jacozinho, Manoel Ananias, Luciano, Zácone, Sanderson, Rivaldo, Odilon, Mulambo, Maranhão, Neto Maradona, Zé Raimundo, Zé Augusto, Alberi, Zequinha, Nego Chico, Roberto Boaventura, Cícero Ramalho, Jr. Xavier, Canindezinho, Carlinhos Bacurau, Itamar, Sousa, Izaías, Miranda, Batista e do gol tititi de Silva. Do artilheiro Etevaldo e seu irmão Batista.

De Neto Barra, Valdir, Zé Maria, Balbino, Roldão, Antônio Pirão, Chiquinho Porteiro, Zoivo Barbosa, Expedito Bolão, Lupércio Luiz de Azevedo, Assis Cabral, Dantas Júnior, Umbelino Bezerra Filho (Bila), Josirene Ribeiro, Dona Tica e Mãe Cássia.

Olismar Lima, Manoel Barreto, Jonas Bezerra da Costa, Luiz Escolástico, Nicéas Alves, Necildo Diniz, Jaime Marcelino, Chico Hervercio, Dedeca Marcelino e Léo Diniz.

Dos folclóricos Joãozinho Problema, Dedé Chatim, Zé Maria Mala Véia, Manoel Camelo, Papão, Carneiro, Tião Pedrosa e Manoel Mutuca.

Baterista e Ibiapino, da charanga de Mota, Oziel e Divanilson Ramalho. Renê Dantas, jogador, treinador e construtor do próprio estádio.

Dos fantásticos narradores Paulo José, Roberto Machado, Evaristo Nogueira, Edmundo Torres, Caby da Costa Lima e Julimar Rodrigues. Dos repórteres Patrício Oliveira, Ítalo Praxedes, Luiz Neto e Sérgio Oliveira.

Nogueirão que viu o show de Roberto Carlos e os Trapalhões.

Nogueirão da fé e da esperança em um último lance de um jogo dramático e emocionante.

Daquele torcedor que sai derrotado na quarta-feira, dizendo que nunca mais volta. Desse mesmo torcedor que é o primeiro a chegar no domingo seguinte.

O Nogueirão da minha infância e adolescência ainda permanece presente até hoje. Nogueirão construído pelo povo de Mossoró.

Da Liga Desportiva Mossoroense (LDM). Nogueirão do eterno presidente Francisco Brás, Antônio Mota e Xavier Oliveira. Damião Corina e Carlos Alberto Selado.

O Nogueirão sofreu com muitas crises e sobreviveu a todas. Hoje ele está interditado e o torcedor impedido de assistir o seu time de coração jogar na sua própria casa.

Ele hoje é um estádio municipalizado e vive seu pior momento desde sua inauguração.

Como diz a letra na música de Roberto Carlos: “quando eu estou aqui, eu vivo esse momento lindo, olhando pra você e as mesmas emoções sentindo, são tantas já vividas, são momentos que eu não esqueci, detalhes de uma vida, histórias que contei aqui.”

O que fizeram com o meu Nogueirão!

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário