domingo, 13 de agosto de 2023

A polêmica entrevista do treinador 'Coqueiro' para a Placar

O biografado Ribamar na ponta-direita do Atlético treinado pelo xará José Ribamar Coqueiro

José Vanilson Julião

Evaristo como jogador do Barcelona

Pouco se sabe da vida pessoal dele. E muito menos da trajetória profissional. A não ser que foi zagueiro na juventude e treinador de clubes pequenos nos anos 60/80.

José Ribamar Coqueiro, que seria pernambucano, militar de carreira, sargento da Marinha. Com o currículo recheado apenas por uma breve passagem pelo América/RN.

Mas nem por isso, pelo menos uma vez na vida, deixou de dar uma entrevista para a famosa revista semanal esportiva de São Paulo (Editora Abril).

Obra do correspondente potiguar da publicação de circulação nacional, o falecido filatelista (colecionador de selos) e jornalista Rosaldo Aguiar.

As declarações do pouco conhecido técnico nacionalmente, mas com certa fama no Rio Grande do Norte, faz parte de uma reportagem coletiva pautada pela redação na capital paulista.

Para a edição número 463. De 9 de março de 1979. E nem chamada de capa teve. A manchete principal em caixa alta: - NOVA SELEÇÃO COMEÇA PELAS PONTAS.

São duas páginas (30/31) com o tema “UM SUPER TIME QUE JOGA SENTADO”. Claro, alusão ao banco de reservas. Portanto fora das quatro linhas do retângulo de grama.

O foco principal são os dez mais bem pagos treinadores brasileiros de então. Mas com pinceladas dos menos favorecidos pela sorte, fama ou competência. Não necessariamente pela ordem.

Na relação dos marajás, com gráficos e entrevistas curtas, pela ordem decrescente: Orlando Fantoni, Evaristo Macedo, Cláudio Coutinho, Oswaldo Brandão, Carlos Frôner, Barbatana, Carlos Alberto Silva, Rubens Minelli, Telê Santana e Zezé Moreira.

Com os salários (alguns envolvendo luvas antecipadas) entre Cr$ 70 e 165 mil cruzeiros. E tempo de estrada também. Dos mais novo, Coutinho, com três anos de profissão, ao mais antigo, anos de caminho, casos do paulista Brandão (32) e do fluminense de Miracema Zezé (31 anos).

Na segunda página estão listados os do segundo escalão (até 70 mil). Ou seja: mais 23 profissionais novos e veteranos: Procópio Cardoso, Cilinho, Aymoré Moreira, Diede Lameiro, Urubatão Calvo Nunes, José Teixeira, Cláudio Duarte, Jouber Meira, Renganeschi, Vail Mota e Paulo Emílio.

Ainda: Chiquinho (veio para o América posteriormente), Zé Duarte, Milton Buzetto, Daltro Menezes, Marco Eugênio (um que o redator não lembra), Carlos Castilho, Admildo Chirol, Brandãozinho (do nosso América com 40 mil mensais e 80 de luvas), Paulo Gonçalves, Sérgio Poletto e Formiga.

Mais: Melquisedec dos Santos, Jailton (outro desconhecido) e Célio de Souza, aquele mesmo que treinou o ABC no campeonato nacional de 1972, e então contratado pela Tuna Luso Brasileiro de Belém do Pará.

Na rabeira há quadros com o famoso “Duque” (Davi Ferreira), considerado um treinador de altos e baixos, e o nosso Coqueiro – não é apelido e faz parte do nome próprio – com o título polêmico: - Jogador precisa ter outra profis

Coqueiro, treinador do rubro-negro Clube Atlético Potiguar – tradicional pela antiguidade (fundado em 1918 como Centro Esportivo Natalense, do acrônimo CEN – revela que tem um único e grande orgulho: ter revelado Francisco Marinho Chagas (no Riachuelo Atlético Clube).

“Não existe jogador, no mundo, que mereça ganhar mais de 50 mil pratas, já é um absurdo. Se for disciplinado, poderá ter mais de um emprego, além de jogar futebol, como na Europa (?). No Brasil falta educação profissional. Tem craque ganhando rio de dinheiro sendo marginal...”

“Coqueiro não ganha nada”. Diz a revista. Tempos românticos. Ou quase. Só para exemplificar: o exemplar da revista custava 20 cruzeiros. E o salário mínimo: 2.268,00. O “coqueirinho”, se vivo, se espantaria com os ganhos em dólar ou euro de Neymar, Cristiano Ronaldo e Messi.

Ex-jogador e médico Berilo

O ex-jogador dos anos 60 e médico Berilo Castro (campeão pelo Alecrim e América) conta dois episódios envolvendo o folclórico e destemido treinador:

- A presença frequente da pequena bolsa preta para “o mio” — alimento essencial para alimentar os meninos antes do jogo; como dava resultado, haja correria!

Quando tinha de substituir, por contusão, um dos seus bons atletas por um meia boca: olhava com desdém para o banco de reserva e fixava o olhar no jogador suplente e dizia: vai tu, só tem tu mesmo!

José Ribamar Cavalcante, recém biografado pelo jornalista e escritor Kolberg Luna Freire, disse que foi escolhido capitão pelo Coqueiro e “tesoureiro” para distribuir o dinheiro do bicho nas poucas vitórias alcançadas contra os grandes e mesmo os “pequenos”, como o licenciado eterno tricolor Ferroviário.



FONTES

Diário de Natal

Placar

Tribuna do Norte

Ponto de Vista On Line

Juristas.com

 

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