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Quando ninguém dava "certo" no Colégio Marista era "encaminhado" para o centenário Atheneu |
"Natal vista por" – Tota Zeroncio
"O
Poti" (domingo, 21/10/1984)
"Debutei
para o Brasil e para o mundo na rua da Frente, em Macau (pertinho de Serejo), e
fui recepcionado pelo parteiro e ex-governador José Varela.
Quando o
umbigo sarou decolei para esta minha Natal e pouco tempo depois estava
matriculado na escola de dona Beatriz Cortez.
De lá só
saindo para o Marista, onde já encontrei, de calças curtas, Geraldo José de
Melo, Jamil Varela Cardoso, Berilo e Gilberto Wanderley, Cussy de Almeida Neto
e tantos outros amigos de hoje.
Mas, por
ser rebelde ao militarismo do colégio, fui "convidado" a pedir
transferência para o Atheneu de Celestino, Tio Emídio, Seu Sérgio, Elesbão,
Valdemar Pedrinha e Xamirranha.
As físicas
eram comandadas por Djalma Maranhão e Roque no Juvenal Lamartine. Íamos a pé
pela Jundiaí. Nesse tempo não havia os ladrões de hoje e ás casas, à noite,
colocavam ás sacolas e ás garrafas à porta, a fim de que os padeiros e
leiteiros entregassem as mercadorias pela madrugada.
Pedro
Dieb, hoje diretor da Faculdade de Arquitetura da Paraíba, tinha a mania de
furtar o leite e o pão. Certa feita foi flagrado pelo velho Átila Garcia. Sem
se alterar, Pedro, cinicamente, exclamou: "Olha o pão e o leite"... E
o homem recebeu calmamente...
As boates
da época não eram as sofisticadas de hoje: Royal Salute, Apple, etc. Era Pensão
Estrela, Zefa Paula, Maria de Josina, Chiquinha Peituda. E a mais barata, para
estudante liso, era a Pensão de Pirrita, ali no Baldo
Íamos para
lá, eu, Ezequiel, Paulo Eduardo e Tupan Ferreira de Souza, Murilo Cocentino, Zé
Mesquita, Hélio Nelson. Custava "vintinho". Lá, fazia-se o sorteio para
saber quem seria o pioneiro, o pole-position... Quem perdia tinha o direito de
comer "pão com manteiga"...
Um dia
Ezequiel fez um "serviço" num abajur de papel crepom e recolocou o
bicho nas alturas da sala. Pirrita passou uma semana vasculhando a casa toda e
nada de descobrir de onde vinha aquela catinga.
As
serenatas eram a pé. Márcio Marinho no violão e muita cana.
E as
festas do Aero Clube de Boquinha: Nesse tempo a gente só podia apertar as
meninas dançando. O salão do Aero dava mais ibope do que Tancredo e Maluf hoje.
Hoje os valores mudaram: escreveu não leu, o motel recebeu.
Os
carnavais eram na Rio Branco. Com corsos de automóveis conversíveis, confete, serpentina
e muito porre de lança perfume Rodouro, que cheirava mais do que mão de
barbeiro.
E saibam
que já naquela época havia o Forte dos Reis Magos, o Rio Potengi, as dunas do
Tirol e o Cascudinho. Mas se todo mundo já falou isso não foi bom relembrar a
pensão de Pirrita, os sarros do Aero e os porres de lança?
NOTA DE
REDAÇÃO: Artigo do já falecido, em 2009,
promotor de Justiça Antônio "Tota" Zeroncio, que fez parte da série
institucional "Natal vista por", publicada semanalmente em "O
Poti", edição dominical do "Diário de Natal", entre 16 de
dezembro de 1983 e 21 de outubro de 1984.
A coletânea
de 52 artigos (ou 31 encontrados) é publicada pelo prefeito Marcos César
Formiga. O negrito nosso na crônica é para destacar que muito antes dos
reporteres esportivos José Procópio Filgueira Neto e Everaldo Lopes Cardoso, em
1986 e 2007, respectivamente, já menciona o antigo "player" americano
Pedro Abraão Dieb na Paraíba.
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