O centenário quartel do 29 BC foi demolido para construção da Escola Estadual Winston Churchill |
O futuro general, diretor técnico e atleta americano no furacão da política
José
Vanilson Julião
Provavelmente
na virada 1927/28 e depois de enfrentar os potiguares dentro de campo no
torneio do centenário da Independência (Recife) o primeiro-tenente Everardo
Barros e Vasconcelos é transferido do XXII Batalhão de Caçadores (atual XXV
Batalhão de Infantaria), da capital paraibana (com o mesmo nome do estado e
ainda não chamada João Pessoa), para o XXIX BC em Natal.
O Almanaque Laemmert
(1930) indica a composição da força federal de Natal composta pelo 29 BC. Assim
define o quartel da Praça Tomaz Araújo: “É antiquíssimo, conta
com mais de cem anos, e reclama vasta remodelação, interessando a fachada e
todas as dependências atuais, para dar-lhes melhores e mais convenientes
disposições impostas pelas exigências do serviço.”
A hierarquia da
guarnição: tenente-coronel Delfino Moreira Lima (comandante) e os auxiliares
major Luís Tavares Guerreiro (fiscal do batalhão), primeiro-tenente Everardo
Barros e Vasconcelos, primeiro-tenente Júlio Perouse Pontes e segundo-tenente Aluízio
de Andrade Moura (comandantes de companhias);
segundo-tenente Clotário
Gomes de Oliveira (ajudante e secretário), segundos-tenente Sérgio Bezerra
Marinho, Oscar Cavalcanti de Albuquerque, Vicente Euclides Pereira Pinto e Antônio
Oscar Fernandes, primeiro-tenente-médico Annibal Olympio Medina de Azevedo,
segundo-tenente Dante Toscano de Brito (médico-veterinário e o segundo-tenente
Manoel Batista Eyer (tesoureiro-contador).
A publicação carioca
disponibiliza a diretoria do América (relacionado como bicampeão antes do
terceiro bi em 1930/32) e sede na Rua Pedro Soares 116: magistrado José Gomes
da Costa (presidente) – pai do ex-presidente da Ordem dos Advogados Carlos
Roberto de Miranda Gomes –, José Gama Lobo (vice), Mário Cavalcante Melo
(secretário), Oscar Wanderley (orador) e Lauro Lago (tesoureiro).
Falecido
em 1 de abril de 1970 no então estado da Guanabara, capital Rio de Janeiro, o
departamento de pesquisa do “Diário de Natal” (Everaldo Lopes Cardoso) traça o perfil
do jovem oficial após a publicação de anúncio da morte de sétimo e trigésimo
pela diretoria americana.
Na
última semana de novembro do mesmo ano começa o serviço de terraplanagem do
terreno de Capim Macio destinado ao futuro campo de futebol que o teve como
patrono até o final de 1999, quando foi vendido para uma rede de supermercados.
A campanha de 1930:
Amadeo Grandi promete uma gravada para o jogador alvinegro autor do primeiro
gol. O atacante Ilário é o escalado no lugar de Cabo João (Aciolli) pelo lado
americano, pois o titular sofre uma infecção intestinal.
Marcam para o alvirrubro
Pimenta (duas vezes), Reinaldo Praça e o mossoroense Hemetério Canuto (há
divergências quanto ao placar).
O goleiro Milton pega um
pênalti cobrado pelo atacante Francisco Rodrigues dos Santos, o “Xixico”, que
havia sido contratado ao Fortaleza.
América: Milton, Zé
Canuto, Barnabé, Teixeirinha, Neném, Everardo, Ilário, Praça, Hemetério,
Pimenta e Pinheiro.
No alvinegro destaque
para Dorcelino, Nezinho, Arthur Martins, Zé Rodolfo, Xixico, Mário Crise, Poti
Crise e Júlio Maciel.
Política
Está
no olho do furação da política norte-rio-grandense no começo dos anos 30, que
culmina com a Revolução de outubro deste ano, que depõe o presidente da
República Washington Luís.
Em
fevereiro de 1930 é ferido numa escaramuça no interior envolvendo forças
estaduais e componentes da caravana do gaúcho Batista Luzardo.
Em 30/3/1933 envolve-se
numa confusão com futuro presidente João Café Filho. Explica Everaldo Lopes: -
tudo foi gerado pelo
telefonema do militar para Café Filho (diretor do Departamento de Segurança),
conforme os autos da denúncia do segundo promotor público, João Medeiros Filho,
enviada ao Juiz Distrital.
Everardo fora a Caicó averiguar levante,
sem fundamento, de operários que trabalhavam na construção do açude Itans, que
motivando pedido de prisão preventiva do engenheiro Gentil Ferreira de Souza,
depois prefeito.
No bar “Politheama” (Ribeira) chega o capitão
Everardo e indaga de Café Filho por que não cumpriu a ordem de prisão do
interventor federal. Café ainda tenta explicar o motivo, o de pensar tratar-se
de um trote, não dando importância ao telefonema.
Everardo – à paisana – dispara e uma bala
atinge o braço de Café, que tenta revidar. Everardo acaba absolvido.
Ainda foram indiciados no inquérito o jogador Paulo
Teixeira (depois agricultor), por ter escondido o revólver do amigo Everardo, e
o soldado João Cruz, sem que haja uma explicação do motivo.
Entre as testemunhas arroladas o médico
Abelardo Calafange, que a política partidária, foi chefe do serviço médico do
antigo IAPC e posteriormente INPS.
FONTES
Almanaque Laemmert
A União
Diário de Natal
O Poti
Tribuna do Norte
A Briosa
Legião de Infantaria do Ceará
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