segunda-feira, 23 de setembro de 2024

"Tabelão" da revista PLACAR é fonte dos apelidos

Jequié (1970): Zé Augusto, Edmilson, ?, Maíca, ?, Carlinhos, Flori, Dilermando, Tanajura, Maneca e Marcos

JOSÉ VANILSON JULIÃO

Radialista A. França Teixeira

Após a Copa do Mundo a publicação semanal (número 17) serve de subsídio para a imprensa potiguar relacionar os apelidos dos atletas em campeonatos estaduais.

O jornal Associado “Diário de Natal” (quinta-feira, 9/7/1970) veicula a reportagem: “Coisas de um futebol tricampeão: Tanajura, Siri & Cia.” E menciona brevemente na abertura a forma de registro dos jogadores do selecionado nacional no México.

Diz que durante o pioneirismo o futebol ganha adeptos e os apelidos aparecem a medida em que se espalha pela várzea. Inicialmente com a elite. E cita os nomes estrangeiros dos atletas do Fluminense: Waterman, Salmond, Etchegaray, Weyman, Hargraves, Frias, Ed Fox, etc.

Corre o tempo e pelos idos de 1921 no Flamengo aparecem as alcunhas, como Telefone e Nonô, e nomes próprios portugueses: Candiota e Junqueira. Diz que não houve proibição das entidades dirigentes e os apelidos ganham corpo: Tesourinha, Maneca, Pavão, Pé de Valsa, Pinga, Coronel, Quarentinha, Manga...


“Na última rodada disputada no domingo pelo Brasil inteiro não foi muito difícil formar um time somente com apelidos zoológicos e o nome do clube a que pertencem os jogadores.” A reportagem não assinada, mas com o pedigree do jornalista Everaldo Lopes Cardoso, relaciona, entre outros:

“Mão de Onça” (Paranavaí), “Patinho” (São Bento/Sorocaba), “Pardal” (Seleto/Paraná), “Siri” (São Cristóvão), “Gato Preto” (Vitória/BA), Craúna (Atlético/Três Corações), “Maritaca” (Ferroviária/Araraquara) e até o nosso Osvaldo Carneiro, o “Piaba” (Alecrim), com passagens inicial pelo América (atacante) e ABC.

Ainda: “Cisca” (Grêmio Maringá), De Arroz (Valériodoce), Zé Milho e Batata (Atlético do interior mineiro), “Vacaria” (do gaúcho 14 de Julho), Xameguinha (Novo Hamburgo), “Esqueleto” (Fluminense/Araguari-MG), Ganzepe (Apucarana), Tucho (Operário/SC), Azeitona (Jandaia/PR), “Peteleco” (Central/Caruaru), ‘Ventilador” (Vitória/BA), “Sapatão” (Fluminense/Feira de Santana), “Mickey” e “Cafuringa” (Fluminense/RJ).

Uma das “alcunhas”, inclusive a do atleta do título da reportagem, era já do conhecimento do redator desde a pré-adolescência. “Tanajura” era sempre citado na resenha esportiva do meio-dia numa emissora de rádio de Salvador, programa apresentado por França Teixeira.

Tanajura (do Jequié) é nome de batismo e não apelido! Engano de cinco décadas é desfeito pela pesquisa para reportagem. Inclusive o atacante do Jequié é pai de Flávio Tanajura, ex-zagueiro e ex-auxiliar técnico do Vitória. 

Quanto a Antônio França Teixeira (1944 - 2013) abandonou o rádio pela política. É eleito e reeleito deputado federal e chegou a conselheiro do Tribunal do Contas do Estado.

Esta é a incrível história a ser contada: a descoberta do engano depois de 54 anos!

FONTES

Diário de Natal

Placar

Associação Desportiva Jequié

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