sexta-feira, 9 de junho de 2023

Uma viagem fantástica! (Quarta Parte)

A panorâmica dos bairros centrais da capital potiguar dá uma visão do que era na virada de 1939/40

José Vanilson Julião      

Sem acesso a outros jornais mais antigos de que os consultados presumo que a Vila Lustosa começa a aparecer no cenário urbano da capital potiguar no começo dos anos 40.

Porém somente encontro a primeira menção do famoso aglomerado de casinholas, recorrente nos comentários do colunista Woden Coutinho Madruga, no segundo ano da década.

“Selda, 894, Vila Lustosa.” Na costumeira seção dos jornais dos anos 30/50: “Telegramas retidos.” Pagina 2. Sexta-feira. 22/5/1942. Em “A Ordem”.

A senhorinha ou senhora em questão tem o nome de origem germânica. Zelda como a variação mais comum e conhecida: “Significa “felicidade” ou “combatente experiente”.

Modificação do semítico Salida (literalmente “felicidade”). Adotado pelos judeus como sobrenome com variações SeldaSeldeSeldin e Zeldin.

Estudiosos colocam Zelda como um diminutivo de Griselda, originado no germânico GrshildaGriselde, a partir de grisja, “experiente, maduro” e hilde, “combatente”.

O segundo registro também é encontrado dois anos e meses depois no diário vespertino católico (quinta-feira, 30/11/1944): o pequeno anúncio de duas linhas para a venda da casa número 50.

A nota veiculada na página quatro em meio ao expediente do jornal, artigos de opinião e a propaganda de máquinas para padaria, diz que a negociação deve ser tratada no mesmo endereço.

A partir de 4/9/1946 (sexta-feira) Severino Martins de Medeiros (em caixa alta), proprietário da firma comercial LEÃO DO NORTE, anuncia por oito vezes a venda de um terreno na “Vila Lustosa”.

O anúncio de duas colunas, o maior até agora, ainda envolve no negócio as mercadorias do estacionamento comercial, situado na Rua Frei Miguelinho, 113 (Ribeira). “A preço de custo”.

Além de uma casa na Rua do Sul, duas na praia da Redinha, outra na Rua Manoel Miranda. Mais uma propriedade com sobrado em São José do Mipibu, com uma plantação de 200 mil pés de agave.

Provavelmente originária do “Leão do Norte” do mercado da Cidade Alta (Rua A – box 1 a 5), conforme mensagem (A Ordem, 29/9/1937) sobre a comodidade da entrega das compras superior a 20 reis (20$) em domicilio.

A prova vem com o “reclame” em duas colunas: “Atenção!... A Sapataria “Leão do Norte” avisa ao público em geral que está liquidando seu estoque para estabelecer uma casa de aviamento para sapateiros. Rua E – números 5 a 8 – Mercado Público – Cidade Alta.”

Quem assina os repetidos anúncios veiculados em entre novembro e dezembro de 1941? – Severino Martins de Medeiros.

Logo depois do Dia do Natal os textos dos reclames são outros: - Fabrico especial de calçados e artefatos de couro. Aceita-se encomendas garantindo ótima confecção para o que dispõe de artistas escolhidos. Vendas por atacado e a varejo.

“Convém não esquecer: Sapataria do Norte.” (expandida posteriormente como “firma registrada” e para o prédio 109 da Ulisses Caldas e logo ganha endereço telegráfico: “Leonorte”)

Passam os primeiros quatro meses de 1942 quando, na primeira semana de maio (6), chega um prenúncio de novidades com novo anúncio sequencial de liquidação e “TRANSFERE-SE O PONTO”. Em meados de julho cessam os avisos.

Com a chegada do Ano Novo o audacioso empresário individual anuncia, somente com a modificação do novo endereço para a matriz, Rua Ulisses Caldas, 111, com a filial permanecendo no mercado do centro da cidade em crescimento no pós Guerra.

E engordando o caixa do jornal comandados pelos professor Ulisses Celestino de Góis e Otto de Brito Guerra como contumaz e assíduo anunciante. (os insumos para manter um impresso, papel e tintas, são caros e importados)

O noticiário se diversifica (terça-feira, 16/9): “Um espertalhão enganou um sertanejo”. “Roubaram em plena via pública. A polícia está no encalço do audacioso plano”. Referências ao corpo da reportagem de duas colunas sobre o sumiço de Cr$ 3.045,00:

“Francisco de Carvalho Ribeiro, residente no sítio Marataca, em Mamanguape/PB, que se acha hospedado no “Café do Povo”, vive de pequenos negócios nas feiras e mercados de Natal. Regressava (20 horas) da casa do primo Manoel Henrique Trigueiro, morador da Vila Lustosa, 51, quando foi abordado por um indivíduo nas imediações da “Sorveteria Cruzeiro...”

As “Sociais” do impresso (sexta-feira, 21) indica o falecimento (21 horas do dia 18 de fevereiro de 1947) da senhora Nair Barbalho, esposa do funcionário municipal José Bezerra Barbalho, morador da Vila Lustosa.


FONTES/FOTOS

A Ordem

Diário de Natal

O Poti

Tribuna do Norte

Acervo Colégio Marista

Clima On Line

Crônicas Taipuenses

Dicionário dos Nomes Próprios

Luiz Grevy da Silva

Natal Antiga

Mundo Botafogo

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