A panorâmica dos bairros centrais da capital potiguar dá uma visão do que era na virada de 1939/40 |
José Vanilson Julião
Sem acesso a outros jornais mais antigos de que os
consultados presumo que a Vila Lustosa começa a aparecer no cenário urbano da
capital potiguar no começo dos anos 40.
Porém somente encontro a primeira menção do famoso
aglomerado de casinholas, recorrente nos comentários do colunista Woden
Coutinho Madruga, no segundo ano da década.
“Selda, 894, Vila
Lustosa.” Na costumeira seção dos jornais dos anos 30/50: “Telegramas retidos.”
Pagina 2. Sexta-feira. 22/5/1942. Em “A Ordem”.
A senhorinha ou
senhora em questão tem o nome de origem germânica. Zelda como a variação mais
comum e conhecida: “Significa
“felicidade” ou “combatente experiente”.
Modificação do semítico Salida (literalmente
“felicidade”). Adotado
pelos judeus como sobrenome com variações Selda, Selde, Seldin e Zeldin.
Estudiosos colocam Zelda como um diminutivo
de Griselda, originado no
germânico Grshilda, Griselde, a partir de grisja,
“experiente, maduro” e hilde, “combatente”.
O segundo registro
também é encontrado dois anos e meses depois no diário vespertino católico
(quinta-feira, 30/11/1944): o pequeno anúncio de duas linhas para a venda da
casa número 50.
A nota veiculada na
página quatro em meio ao expediente do jornal, artigos de opinião e a
propaganda de máquinas para padaria, diz que a negociação deve ser tratada no
mesmo endereço.
A partir de 4/9/1946 (sexta-feira)
Severino Martins de Medeiros (em caixa alta), proprietário da firma comercial
LEÃO DO NORTE, anuncia por oito vezes a venda de um terreno na “Vila Lustosa”.
O anúncio de duas
colunas, o maior até agora, ainda envolve no negócio as mercadorias do
estacionamento comercial, situado na Rua Frei Miguelinho, 113 (Ribeira). “A
preço de custo”.
Além de uma casa na
Rua do Sul, duas na praia da Redinha, outra na Rua Manoel Miranda. Mais uma
propriedade com sobrado em São José do Mipibu, com uma plantação de 200 mil pés
de agave.
Provavelmente originária
do “Leão do Norte” do mercado da Cidade Alta (Rua A – box 1 a 5), conforme mensagem
(A Ordem, 29/9/1937) sobre a comodidade da entrega das compras superior a 20
reis (20$) em domicilio.
A prova vem com o
“reclame” em duas colunas: “Atenção!... A Sapataria “Leão do Norte” avisa ao
público em geral que está liquidando seu estoque para estabelecer uma casa de
aviamento para sapateiros. Rua E – números 5 a 8 – Mercado Público – Cidade
Alta.”
Quem assina os
repetidos anúncios veiculados em entre novembro e dezembro de 1941? – Severino
Martins de Medeiros.
Logo depois do Dia do
Natal os textos dos reclames são outros: - Fabrico especial de calçados e
artefatos de couro. Aceita-se encomendas garantindo ótima confecção para o que
dispõe de artistas escolhidos. Vendas por atacado e a varejo.
“Convém não esquecer:
Sapataria do Norte.” (expandida posteriormente como “firma registrada” e para o
prédio 109 da Ulisses Caldas e logo ganha endereço telegráfico: “Leonorte”)
Passam os primeiros quatro meses de 1942 quando, na primeira semana de maio (6), chega um prenúncio de novidades com novo anúncio sequencial de liquidação e “TRANSFERE-SE O PONTO”. Em meados de julho cessam os avisos.
Com a chegada do Ano
Novo o audacioso empresário individual anuncia, somente com a modificação do
novo endereço para a matriz, Rua Ulisses Caldas, 111, com a filial permanecendo
no mercado do centro da cidade em crescimento no pós Guerra.
E engordando o caixa
do jornal comandados pelos professor Ulisses Celestino de Góis e Otto de Brito
Guerra como contumaz e assíduo anunciante. (os insumos para manter um impresso,
papel e tintas, são caros e importados)
O noticiário se
diversifica (terça-feira, 16/9): “Um espertalhão enganou um sertanejo”.
“Roubaram em plena via pública. A polícia está no encalço do audacioso plano”.
Referências ao corpo da reportagem de duas colunas sobre o sumiço de Cr$
3.045,00:
“Francisco de Carvalho Ribeiro, residente no sítio Marataca, em Mamanguape/PB, que se acha hospedado no “Café do Povo”, vive de pequenos negócios nas feiras e mercados de Natal. Regressava (20 horas) da casa do primo Manoel Henrique Trigueiro, morador da Vila Lustosa, 51, quando foi abordado por um indivíduo nas imediações da “Sorveteria Cruzeiro...”
As “Sociais” do impresso (sexta-feira, 21) indica o falecimento (21 horas do dia 18 de fevereiro de 1947) da senhora Nair Barbalho, esposa do funcionário municipal José Bezerra Barbalho, morador da Vila Lustosa.
FONTES/FOTOS
A Ordem
Diário de Natal
O Poti
Tribuna do Norte
Acervo Colégio Marista
Clima On Line
Crônicas Taipuenses
Dicionário dos Nomes Próprios
Luiz Grevy da Silva
Natal Antiga
Mundo Botafogo
Nenhum comentário:
Postar um comentário