Consulta

terça-feira, 31 de outubro de 2023

Terceiro furo de reportagem preenche outra lacuna ascendente dos Wanderley

A construção de uma árvore genealógica dá muito trabalho para ser desenvolvida

Elucidado maior parte do elo perdido pernambucano e alagoano do flanco materno da família potiguar

José Vanilson Julião

A conjunção dos artigos dos genealogistas João Felipe da Trindade e Marcos Antônio Pinto possibilitou, com o cruzamento de dados e fontes diversas, preencher parte das lacunas dos elos perdidos entre os primeiros ascendentes e descendentes do oficial de cavalaria Gaspar van der Ley no tempo da influência holandesa no território nordestino.

Recapitulando para o leitor não perder o fio da meada e evitar trapalhada do redator: Luís da Câmara Cascudo em “Acta Diurna” (1959) e em prefácio do livro genealógico do macauense Walter Wanderley (1966) anuncia e configura o começo do clã com o português João de Souza Pimentel e a pernambucana Josefa Lins de Mendonça, pais de João Pio Pimentel e Gonçalo Lins Wanderley.

Com os artigos dos referidos pesquisadores atuais citados o grupo primário é acrescido pelas esquecidas filhas Gertrudes Lins Wanderley e Inácio Teodósia de Mendonça, incluindo neste rol uma desconhecida esposa de João Pio, Francisca Ferreira Souto (mesmo nome da mãe e esposa de um Varela Barca), e o neto de Souza Pimentel/Josefa, João Pio Júnior.

A partir do nome de Gertrudes Lins Wanderley o repórter chega a avó Teresa Wanderley (provavelmente nascida em 1714), mãe de Josefa, casada com Silvestre de Mendonça, radicado nas Alagoas. Com o nome dela, assim como aconteceu com a neta, chega se confirmar os nomes dos pais.

Teresa é filha de Sebastião Maurício Wanderley (I), provavelmente nascido em 1672 e falecido em Porto Calvo/Alagoa (cerca de 1752) – senhor do Engenho da Ferricosa – e Teresa Xavier de Melo. Viúva, casa pela segunda vez, com Manoel José de Melo Falcão.

São irmãos: Antônio Maurício Wanderley, Sebastião Maurício Wanderley (II), João Marinho Falcão, Gonçalo da Rocha Wanderley, Gaspar Maurício Wanderley, Maria Lins de Melo Wanderley, Ana Maria Wanderley, Josefa Maria da Rosa, Margarida Lins, Quitéria, Adriana, José Maurício Wanderley e meia-irmã de Manoel de Barros Wanderley.

 

FONTES

Genealogie On Line

Geni

INÉDITO: "Descoberto" ramo materno ascendente dos Wanderley

José Vanilson Julião

Marcos Antônio Pinto

Assim como o genealogista potiguar João Felipe da Trindade é o responsável direto e involuntário pelo esclarecimento matrimonial, de parentesco e o achado de três descendentes do germânico oficial de cavalaria Gaspar van der Ley, mais um pesquisador norte-rio-grandense influi na segunda “descoberta” envolvendo o famoso clã Wanderley do Rio Grande do Norte.

E novamente acontece pelo cruzamento de informações preexistentes com os dados disponíveis pelo redator durante esta série, muitas delas sem os autores terem feito a ligação direta com os ramos nordestinos, principalmente Pernambucano, RN e Alagoas, da família descendente do europeu a serviço dos holandeses no domínio na região no século XVII.

Agora o levantamento foi facilitado pelas informações anteriores. Bastou digitar “Gertrudes Lins Wanderley” – nome de uma das duas filhas de João de Souza Pimentel e Josefa Lins de Mendonça – para aparecer duas ou três indicações de leitura. Uma delas, sem se saber o que viria, do site "Coluna do Herzog", do jornalista mossoroense Carlos Santos (10/10/2021).

Foi lá que o advogado e escritor apodiense Marcos Antônio Pinto escreve o artigo "Apontamentos para a genealogia nordestina". Mas somente depois de longa explicação sobre problemas dos estudos genealógicos que começa a desfilar nomes e agrupamentos familiares que se estabeleceram no interior do Rio Grande do Norte a partir do século XVI.

No arrazoado de 15 parágrafos o que interessa mesmo é do oitavo em diante, quando aparece detalhes do casal João de Souza Pimentel e Josefa Lins de Mendonça, apontados taxativamente por Luís da Câmara Cascudo e o escritor macauense Walter Wanderley, autor de um livro genealógico da família, como os iniciantes da linhagem potiguar.

Vejam a importância do histórico parágrafo autoexplicativo: “...Outro português a radicar-se no Assú foi o capitão João de Souza Pimentel, que se casou com Josefa Lins de Mendonça, bisneta de Gaspar Wanderley. Vindos do Pernambuco em meados do século XVIII. Ela era filha de Tereza Wanderley, pernambucana, e Silvestre de Mendonça, residentes nas Alagoas.

Os esclarecedores destaques pontuais: primeiro sepulta de vez que Josefa Mendonça tenha nascido em Santana do Matos; segundo confirma a condição de bisneta (Cascudo tinha dúvida se era neta ou bisneta); Terceiro detecta a origem dela Mendonça; quarto: sacramenta o ramo alagoana (descrito excelentemente pelos pesquisadores da Terra dos Marechais).

 

FONTES/IMAGENS

Blog Honório Medeiros

Coluna do Herzog (Carlos Santos)

Grupo Apodi News Comunicação

Explicação sobre "achado" dos parentes esquecidos do oficial de cavalaria

José Vanilson Julião


O professor universitário aposentado e genealogista João Felipe da Trindade, como esclarecido, foi quem deu norte para se “encontrar” os parentes “esquecidos” descendentes de Gaspar van der Ley (cerca de 1595 – 1655), alemão a serviço dos holandeses na ocupação nordestina do século XVII.

A junção do sobrenome para “Wanderley” configura a enorme família espalhada pelo Brasil e com ramificações com outros laços familiares.

Caso exemplificado categoricamente pelo pesquisador no artigo “Capitão Manoel Varela Barca, lá de Assu (III)” (23/4/2013).

Pelo algarismo romano o pernambucano Manoel Varela Barca (Vila do Cabo, 1765 – Assú, 1850) e Francisca Ferreira Souto são o foco principal da série.

Fato que deixa transparente que o ramo Varela Barca, oriundo de Portugal, se entrelaça com a secular nobiliarquia pernambucana.

Relaciona o matrimônio de um dos filhos do casal, Domingos, de 20 anos, com uma “Wanderley”, Gertrudes Lins Pimentel, de 22, em 9 de abril de 1823.


Ela filha de João de Souza Pimentel e Josefa de Mendonça Lins (Trindade inverte os sobrenomes diferentemente de Luís da Câmara Cascudo).

Gertrudes e Inácia Teodósia de Mendonça (sem o G e H para modernizar), portanto, são irmãs de João Pio Lins Pimentel e Gonçalo Lins Wanderley.

Somente os varões haviam sido incluídos por Cascudo como filhos do casal Souza Pimentel/Josefa como iniciantes do clã potiguar dos Wanderley.

Também com Felipe da Trindade foi possível verificar que João Pio Pimentel casa com Francisca Ferreira Souto, o mesmo nome da mãe, mulher de Varela Barca.

Deste relacionamento suponho que nasce João Pio Lins Pimentel Júnior, portanto neto de João de Souza e Josefa Mendonça, sobrinho irmãos: Gertrudes, Inácia e Gonçalo.

 



FONTES

Assu na Ponta da Língua

Blog Utinga

Coração Apaixonado por Macau

Geneall

Hipotenusa

Marcos Filgueira

 

segunda-feira, 30 de outubro de 2023

EXCLUSIVO: cruzamento de dados "descobre" membros da família Wanderley

O professor universitário e pesquisador João Felipe da Trindade/Tribuna do Norte

As filhas do casal fundador do clã, mulher de um dos filhos e um neto saem do anonimato

José Vanilson Julião

Em artigos sobre genealogia, a engenharia de unir laços familiares de dezenas de anos ou séculos, se corre o risco de ser repetitivo e não trazer nenhuma novidade.

O diferencial estar em descobrir, constatar, verificar algo novo e preencher lacunas. Ou até mesmo fazer uma abordagem diferente.

Ou incluir algum pormenor esquecido ou não encontrado pelos especialistas e escritores de fama.

E pode até aparecer situação que esclarece dúvida e confronta, no bom sentido, fontes categorizadas.

Por exemplo: Luís da Câmara Cascudo aponta João de Souza Pimentel e Josefa Lins de Mendonça como fundadores da descendência de Gaspar Wanderley no Rio Grande do Norte.

Mas não indica as datas de nascimento, com razão, por falta de comprovação. Josefa falece em 17/2/1849 e teria nascido em Santana do Matos.

Mas a data disponível (13/4/1777) não combina com o nascimento do filho Gonçalo Lins Wanderley (9/1/1780 – 24/11/1863).

Quanto ao segundo filho, João Pio Lins Pimentel, Cascudo, na “Acta Diurna” (1959), diz desconhecer com quem casou e a descendência.

Sem acesso ao livro “Família Wanderley” não se pode afirmar que o prefaciador (Cascudo) e o autor (Walter Wanderley) obtiveram informações extras para preencherem as lacunas.

O certo é que informações correntes, em blogs e sites especializados em genealogia, indicam o aparecimento da esposa do João Pio Pimentel.

Graças ao trabalho detalhado e determinante, de anos, do especialista João Felipe da Trindade, autor de livros sobre o tema.

O segundo Pimentel casou com Francisca Ferreira Souto (que tinha o mesmo nome da mãe), na Matriz do Assú, em 30 de janeiro de 1826.

Também importantíssimo é o “aparecimento” de mais filhos do casal João de Souza Pimentel/Josefa Lins de Mendonça

Não somente tiveram os filhos João Pio Lins Pimentel e Gonçalo Lins Wanderley, mas também as meninas Gertrudes Lins Pimentel e Ignácia Theodósia de Mendonça.

Situação também ignorada por Cascudo nos primeiros momentos. Inclusive a pesquisa aponta o nascimento de um João Pio Lins Pimentel Júnior.

 

FONTE

Blog Utinga

Os Wanderley como presidentes da Província

José Vanilson Julião

João Carlos Wanderley (1841)

Pelo escritor Luís da Câmara Cascudo – em "Acta Diurna" (1959) e em prefácio para o livro de genealogia do macaeusense Walter Wanderley - ficou constatado que os Wanderley começam em cargos públicos depois da Independência (1822).

Os primeiros dois descendentes do teuto (germânico ou alemão) Gaspar Wanderley, a serviço dos holandeses na invasão e domínio pernambucano no século XVII (1600), e filhos de João de Souza Pimentel e Josefa Lins de Mendonça, João Pio Lins Pimentel e Gonçalo Lins Wanderley, são presidentes das câmaras de Santana do Matos e Açu.

Depois chegam ao poder administrativo e político, com um salto de degrau na importância, os filhos de Domingos, mas de mães diferentes, João Carlos e Luís Carlos.

Um atrás do outro. Cabendo ao primeiro a primazia de governar a província do Rio Grande do Norte após quatro presidentes ligados ao clero.

O “primeiro presidente civil”, como registra Câmara Cascudo, foi João Carlos Wanderley (Açu, 25/7/1911 - Natal, 2/3/1899).

As sequencias no cargo: 9/10 a 5/12/1847, 31/3 a 29/4/1848, 25/11/1848 a 24/2/1849 a 15/3 a 6/5/1850.

Luís Carlos/Pintor Moura Rabelo

Deputado provincial por várias legislaturas e deputado-geral (1850-52) f oi o primeiro presidente do Parlamento a exigir da Presidência da Província e ao Inspetor da Tesouraria a obrigação de comparecerem perante a Assembleia e acompanharem as discussões da Lei do Orçamento.

Inspetor do Tesouro e vice-presidente foi nomeado por Carta Imperial (10/8/1847) é nomeado presidente em substituição a Casimiro José de Morais Sarmento.

Colaborador de jornais, alguns dos quais dirigiu. Voltou ao Açu (1867), criando “O Açuense”. Deixou a política na Proclamação da República.

GENRO NO PODER

Casado com uma sobrinha, filha do irmão, Prefeito no Açu, deputado provincial Luís Carlos Lins Wanderley (Açu, 30/8/1831 – Natal, 10/2/1890) foi presidente da Província entre 30 de outubro e 11 de novembro de 1886. É patrono da Academia Norte-rio-grandense de Letras.

 

FONTES/IMAGENS

A República

Fundação José Augusto/Centro de Pesquisa Juvenal Lamartine

História da Arte Potiguar

Memorial da Assembleia Legislativa

José Maria das Chagas (Jota Maria)

domingo, 29 de outubro de 2023

"Acta Diurna" cascudiana sobre a família Wanderley

A clássica foto de Câmara Cascudo na casa da avenida que leva o nome dele/Álbum de Família

VIAGEM COM O WANDERLEY

Luís da Câmara Cascudo

O fundador da família Wanderley no Rio Grande do Norte não usava o nome Wanderley e sim Pimentel.

Chamava-se JOÃO DE SOUZA PIMENTEL, e viera de Pernambuco, já casado com dona Josefa Lins de Mendonça.

Já casado ou solteiro, casando na Vila Nova da Princesa? Não há, até aqui, certeza.

Na NOBILIARQUIA PERNAMBUCANA, de Borges da Fonseca, verifica-se que os Wanderley estavam muito misturados e aliados aos SOUZA PIMENTEIS, LINS, e mais gente fina, de brasão e prosápia, senhores de engenhos e participando da governança das vilas da capitania.

Esse João de Souza Pimentel é o pai de João Pio Lins Pimentel, já usando o LINS materno, e Gonçalo Lins Wanderley, já usando o WANDERLEY.

João Pio Lins Pimentel foi tenente-coronel da Guarda Nacional, fazendeiro, lavrador abastado e primeiro Presidente da Câmara Municipal de Santana do Matos, de 1837 a 1840.

Em 13 de setembro de 1838, ingressando na Loja maçônica SIGILO NATALENSE, dizia-se MAIOR DE 40 ANOS, casado, proprietário e residente na VILA DO ASSU e não VILA DA PRINCESA, em honra da Princesa Carlota Joaquina.

Nascera antes de 1790 e devia ser o primogênito porque se chamava pelo mesmo nome do pai. Nada mais sei sobre o Tenente Coronel João Pio Lins Pimentel, com quem casou-se e se deixou descendência.

GONÇALO LINS WANDERLEY, seu mano, casou com dona Francisca Xavier de Macedo, filha de Francisco Xavier de Macedo e dona Teresa de Jesus, filha, esta, de Carlos de Azevedo Leite e d. Rosa Maria da Conceição. Gonçalo Lins Wanderley era altivo e sabia manejar na palavra.

Presidente da Câmara Municipal da Vila da Princesa em fevereiro de 1822, deu uma resposta bravia ao GOVERNO TEMPORÁRIO que se instalara em Natal pela força das carabinas da Companhia de Linha.

Gonçalo declarou não reconhecer a competência do Governo, dizendo-o ILEGÍTIMO, CRIMINOSO E REBELDE...

Esse mesmo Gonçalo Lins Wanderley tinha fama de excelente cavaleiro e jogador não de carta mas de espada. Ignoro o nome de todos os seus dignos filhinhos.

Dois, deixaram fama e renome, Manuel e João Carlos.

Manuel Lins Wanderley, 1804-1877, casou com d. Maria Francisca da Trindade e não sei quem teve a honra de ser sogro dele.

Sei que abençoou dezessete filhos. Um deles é o doutor LUÍS CARLOS LINS WANDERLEY, 1831-1890, primeiro norte-rio-grandense doutor em medicina, deputado provincial e presidindo a administração da sua Província, poeta, professor, jornalista, teatrólogo, orador, político, clínico profissional. Faleceu em sua casa que se erguia onde está o prédio da Prefeitura Municipal.

João Carlos Wanderley, 1811-1899, casou com dona Claudina Leite do Pinho, filha do Tenente Coronel Antônio José Leite do Pinho e d. Bernarda Antônio Rodrigues.

Teve também dezessete filhos. Uma das filhas, Francisca Carolina, casou a 25 de julho de 1858, com seu primo o dr. Luís Carlos Lins Wanderley. Luís Carlos, enviuvando, casou com uma cunhada, d. Maria Amélia Wanderley, em 1877.

Luís Carlos e sua mulher, d. Maria Amélia, morreram no mesmo dia, 10 de fevereiro de 1890, em Natal.

Os filhos do dr. Luís Carlos deram muita vida e glória às letras da Província e do Estado e a herança cultural continua harmoniosa no espírito dos netos e bisnetos.

Nas festas comemorativas do MILÊNIO DA CIDADE DO NATAL, em 25 de dezembro do ano de 1899, um Wanderley publicara um poema n'A República", que circulara, impávida e solene, e outro Wanderley fará um discurso, contando a história da terra que é quase a história da gente ilustre dos Wanderley.

 

Nota da Redação:

Novamente o blog transcreve texto do escritor Câmara Cascudo.

Agora com abordagem mais detalhada sobre a saga da família Wanderley.

O artigo é publicado na coluna "Acta Diurna", no jornal "A República" (26/11/1959).

A data indica publicação sete anos antes do prefácio – reproduzido em postagem anterior – para o livro "Família Wanderley: História e Genealogia", do jornalista Walter Wanderley.

O antigo comentário é incluído em "O Livro das Velhas Figuras", 1978, Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte.

Como da outra vez o intuito da reprodução, também não é inédita na rede, é reforçar ainda mais as informações anteriores.

 

FONTES

Assu na Ponta da Língua (Ivan Pinheiro Bezerra)

Fernando Caldas

Prefácio de Cascudo para o livro de Walter Wanderley

Luís da Câmara Cascudo

O escritor Cascudinho em 1964

O coronel do regimento de burgueses, Gaspar van Nieuhof van der Ley, ex-capitão de cavalaria, talvez parente de Johan Nieuhof, seu contemporâneo, autor da Memorável Viagem, de variada notícia para o Brasil-Holandês, deve ser o avô ou bisavô da pernambucana dona Josefa Lins de Mendonça, casada com o possível português João de Sousa Pimentel, plantadora da semente no Arraial Nossa Senhora dos Prazeres do Assu, fundado pelo capitão-mor Bernardo Vieira de Melo, para nós, de saudosa memória.

Pelo ramo eminentíssimo dos Lins, vieram os Wanderley, brotando nos filhos, Gonçalo Lins Wanderley, que deve ser o segundo gênito, e João Pio Lins Pimentel, o primogênito que, ao fazer-se maçom na SIGILO NATALENSE em 1838, é maior de 40 anos, casado e proprietário, residente no Assu.

Em pouco mais de um século o Wanderley estende a ramaria prolífera cobrindo o mural provinciano com as graças do engenho, irresistível na conquista social.

É uma presença inevitável em todas as atividades normais. Fazendeiros, deputados provinciais, estaduais, gerais, cinco vezes presidindo a província.

Fundam jornais, mantêm tipografias, advogam; são jornalistas natos, prosadores, tribunos ao nascer.

Oferecem o primeiro médico, o primeiro romancista, o maior poeta, poetisas excelsas. São debatedores, arrebatados, brilhantes, com a impecável tradição da cortesia, da palavra airosa, do gesto oportuno e lindo.

Atestam, através do tempo, a maior e mais notável contribuição intelectual de que uma família possa orgulhar-se.

Noventa e nove por cento dos Wanderley escrevem versos, discursam e fazem jornal, inesgotáveis de inspiração, inalcançáveis pelos diabos azuis do desânimo, ignorando o que Stevenson denominava a dignidade da inércia.

O moto da família holandesa dos Wanderley anunciava, há mais de quatrocentos anos, essa divina continuidade funcional: "SEY TALTYDT VAN EENDERLEY SIN". Seja sempre um Wanderley, haja, exista, viva sempre, um Wanderley.

E eles têm cumprido a profecia heráldica que orna, qual uma flâmula, o brasão fidalgo.

Nota da Redação: o site da "National Library of Austrália" confirma o prefácio do escritor potiguar Luís da Câmara Cascudo para o livro do jornalista macauense Walter Wanderley: "Família Wanderley: história e genealogia." (Editora Pongetti, Rio de Janeiro/1966)

Apesar de não ser inédito na rede o blog transcreve pela importância do autor e do assunto.

E para corroborar, enfatizar e confirmar a maioria dos pontos lançados nas duas postagens anteriores.

Até porque muita gente nunca leu a versão descritiva do famoso e conceituado intelectual sobre a saga do clã nordestino com ramificações em várias unidades da federação.

A introdução ao excelente trabalho do autor (detalhe: um Wanderley), um calhamaço de 494 páginas, também se justifica ainda mais pela graça literária do texto, um exato resumo da história dos Wanderley.

O responsável teve a audácia de fazer umas pequenas alterações nas separações nos parágrafos do grande literato. Apenas isso!

Pardón, excelência...

A origem europeia da família potiguar Wanderley (II)

José Vanilson Julião

Escritor macauense Walter Wanderley

Não consegui verificar quantos livros existem sobre a saga nordestina dos Wanderley ou, particularmente, do ramo norte-rio-grandense.

O importante é que o jornalista, escritor e intelectual potiguar Luís da Câmara Cascudo foi um dos primeiros a ser preocupar com o tema.

Há um artigo solto (inclusive em rede social), pelo menos em duas fontes distintas (não pude conferir a data), em que faz a abordagem.

Em prefácio: - Há mais de 20 anos desafio que um Wanderley escreva a história da família no Rio Grande do Norte... (segue quase um tratado de literatura sobre a performance de atividades profissionais, liberais e de intelecto diversas)

Suspeito que para o livro do deputado estadual Walter Fonseca Wanderley de Albuquerque (Macau, 26/9/1914, Belo Horizonte, 4/9/1980) – outro descendente – lançado no Rio de Janeiro (Pongetti – 1966).


Só para dar um introito no que vem por aí: o Brasão da família deve-se ao holandês J. B. Beer Van der Ley, do Harlem, o qual tem como dístico "Seja sempre um real (verdadeiro) é a determinação..."

A origem, lá por 1480, tem como pontapé o lorde Jarichs Van Der Ley (grafia antiga de origem geográfica = das ardósias, das louças, espécie de rocha, ou da família dos que trabalham com ardósias), da vila de Ley (Laij).

O filho e general Hendrick, nascido em 1530, casado três vezes e pai de nove filhos, assina, na província de Fresland, região de Utrecht, a independência da Holanda (1579).

Morre em Roterdã. Deixa um filho, cujos descendentes são Jan (morto em 1567) e George, um advogado na Frísia (1607).

 



FONTES

Family Search

Fundação José Augusto/Centro de Estudos e Pesquisas Juvenal Lamartine

Mendes & Mendes

O Baú de Macau

A origem europeia da família potiguar Wanderley (I)

José Vanilson Julião

Jackson do Pandeiro (1972)

Este é o tipo do assunto que se pode parafrasear com a letra “Como tem Zé na Paraíba”, do cantor/compositor, jornalista e pintor pernambucano Manuel Pereira de Araújo (Cabo de Santo Agostinho, 1910 – São Paulo, 1993), o “Manezinho Araújo”, e do cearense Carlos Galindo (São Benedito, 1923 – Fortaleza, 1984), o “Catulo de Paula”, lançada em 1962 e sucesso de vendas de LP pela voz do paraibano José Gomes Filho (Alagoa Grande, 1919 – Rio de Janeiro, 1982), o “Jackson do Pandeiro”, conhecido também como o “Rei do Ritmo”.

Ou então se valer do jargão ou slogan da Rádio Jornal do Comércio do Recife: - Pernambuco falando para o mundo! Com o objetivo de demonstrar o quanto a inclusão de três membros da família Wanderley entre os 110 convidados do casamento civil, religioso e a recepção na casa de Pedro Velho de Albuquerque Maranhão é apenas uma pequeníssima fração do clã – incluindo os ascendentes até aquela época e os descendentes que vieram a partir dos séculos XIX e XX – espalhados por este País de norte a sul.

Os descendentes do teuto-holandês Gaspar Van Der Lei (vamos deixar assim, aportuguesado e abrasileirado por enquanto), um sargento-mor de cavalaria a serviço do príncipe Maurício de Nassau, durante o domínio dos Países Baixos ("Nederlands") no entorno do Recife e Olinda, inicialmente, com expansão por quase toda a região nordestina de hoje (incluindo vários estados, parte da Bahia e exceto o Maranhão, se não erra o redator), estão também espalhados por Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, etc.

Manezinho Araújo em 1942

Podemos dizer que, com o casamento do Gaspar Wanderley com a portuguesa Maria de Melo, o grupo familiar se constitui numa verdadeira multinacional responsável por espalhar o DNA por um território muito maior que a Alemanha, Holanda e Portugal juntos, sem deixar de anunciar que também tem sangue africano e indígenas na jogada com a miscigenação genética.

Eu até pensei que para dar continuidade ao artigo anterior não seria necessário uma pesquisa mais elaborada, assim como também acreditava que o tema não poderia ser tão longo. Mas para tirar as dúvidas as consultas preliminares apontaram imediatamente uma riqueza e variedade de fontes: blogues, sites, genealogias, crônicas, comentários, artigos e livros.

Preciso esclarecer, ainda, que, antes mesmo de começar a pesquisa, o jornalista Minervino Wanderley – neto de outro Minervino Wanderley (nome de rua no Açu) – para deixar logo o redator a vontade e com o estopim inicial, logo disparou o nome europeu que deu origem a famosa parentela potiguar e, pode-se dizer, genuinamente nordestina!

 


O cearense Catulo de Paula

FONTES/IMAGENS

A República

Assu na Ponta da Língua

Família Wanderley/Facebook

Jornal da Grande Natal

Migalhas

G1/Pop & Arte

Rádio Jornal do Comércio

SCRIBD

Biblioteca Nacional Digital

Laboratório de Imagens/LABIM-UFRN

sábado, 28 de outubro de 2023

Os Wanderley no baile do solar Albuquerque Maranhão

Segundo grupo familiar no casamento da filha de Pedro Velho descende de holandeses

José Vanilson Julião


Provavelmente parte de uma das mais antigas famílias nordestinas – talvez somente perdendo para os colonizadores portugueses do clã Albuquerque Maranhão – um trio de representantes dos Wanderley é convidado às cerimônias (civil e religiosa) e a recepção ao casal Sophia e deputado federal Augusto Tavares de Lira.

Entre os 110 presentes relacionados pelo jornal “A República” no antigo casarão da Avenida Câmara Cascudo (era Junqueira Aires) estão o advogado Celestino, o “major” Ezequiel e o doutor Manoel Segundo (todos no quem é quem em seguida), igual número de convivas da parentela Herôncio de Melo.

Celestino Carlos Wanderley (Açu, 6/11/1862 – Natal, 10/7/1942), foi promotor público, procurador Fiscal do Tesouro Estadual, procurador da República e juiz substituto federal. Poeta, publicou “Auroras” (1889) com relativo sucesso. É o pai da poetisa Palmira Wanderley (1894 – 1978).

Manoel Segundo Wanderley (Natal, 6/4/1860 – 14/1/1909), médico (diretor do Hospital da Caridade), professor e deputado estadual. Fez teatro. É o maior representante da rebuscada poesia condoreira (influencia de Castro Alves).

M. Segundo
Ezequiel Lins Wanderley (Açu – 27/10/1872 – Natal, 26/11/1933). Irmão de Manoel. Sócio efetivo da Associação Brasileira de Imprensa/ABI, publicou “Balão de Ensaio” (artigos e crônicas), “O Meu Teatro” (coletânea das peças) – é fundador do “Ginásio Dramático” (1912) – e a antologia “Poetas do Rio Grande do Rio Grande do Norte” (1922).


FONTES

A República

Fundação José Augusto

sexta-feira, 27 de outubro de 2023

Uma quase "confusão" pelo nome do convidado ao baile

Primeiro prédio do grupo escolar "José Correia" construído pelo parente do patrono

O patrono da escola municipal açuense homenageia parente do segundo José Correia

José Vanilson Julião

Fiz o primário no Grupo Escolar Querubina Silveira e o terceiro ano ginasial no colégio “Pedro II” – vinculado a Campanha Nacional de Escolas da Comunidade (CNEC) – em Cerro-Corá.

Quando meu irmão e um colega de infância resolveram mudar de ares para um centro maior, ainda sem o planejamento do mini vestibular da Escola Técnica Federal/RN, inventaram de terminar o primeiro grau na Escola Estadual Presidente Juscelino (Açu) e fui junto.

Foi no Vale que ouvi falar pela primeira vez e vi o prédio do grupo escolar municipal e depois escola estadual que homenageia um natural do Açu, o patrono “Tenente-coronel José Correia de Araújo Furtado” (10/11/1788 – 9/5/1870).

Que veio a ser o número 62 como governante da Capitania do Rio Grande do Norte (18/3/1822 – 24/1/1824) após o governo provisório durante os movimentos da declaração da Independência e as atividades golpistas no Pernambuco.

O estabelecimento de ensino é fundado em 7/9/1911 e funcionou 37 anos no prédio da Rua São Paulo (atual Minervino Wanderley). Com o crescimento da demanda na matrícula é remodelado e novamente inaugurado em 2/2/1949.

Para minha surpresa um personagem com nome idêntico aparece na lista dos 110 convidados para a cerimônia do casamento (civil e religioso), seguido do baile receptivo no casarão do pai da nova, o senador Pedro Velho.

Trata-se de José Correia de Araújo Furtado (Açu, 30/1/1865 – Recife, 15/2/1926), filho de Luiz Correia de Araújo Furtado e Clara Maria Soares de Araújo, este sim, presente ao baile no casarão do senador Pedro Velho.

Cursou humanidades no Atheneu e bacharelou-se em Direito na capital pernambucana (1889). Indicado pelo chefe do Partido Liberal, José Bernardo de Medeiros (1837 – 1907) foi eleito Deputado Provincial (1888) aos 23 anos, ainda acadêmico, em substituição ao deputado Antônio Carlos de Medeiros, falecido a 15 de dezembro daquele ano.

Foi Promotor Público em Pau dos Ferros (1890), Açu (1891-1892) e Cabo/PE (1893-1894). Retornando ao RN estabelece-se como advogado (1895 – 1899) e mais uma vez fora do estado é designado juiz municipal (Glória de Goitá/PE) e retorna em 1902 a terra natal.

Juiz distrital em Natal (1902 – 1906), magistrado em Apodi (1907) e juiz e chefe político em Açu (1907 – 1914), sob a liderança dos Albuquerque Maranhão.

Casa com Maria da Natividade Caldas de Amorim sem descendência. Desembargador (1925) pelo decreto pelo governador José Augusto Bezerra de Medeiros (1884 – 1971) no mesmo ano, face a complicações de saúde, requer aposentadoria.

Sócio do Instituto Histórico e Geográfico publica pesquisa “Administração da Justiça no Assu: O Assu Julgado” (revista XXIII – XXIV, 1926 – 1927).

Foi em quem construiu o Grupo Escolar Tenente-coronel José Correia, remodela o Mercado Público e implanta o sistema de iluminação a querosene. Faleceu em Recife, após intervenção cirúrgica a que se submeteu no Hospital Centenário do Recife.

Prédio do "José Correia", "remodelado" e inaugurado em 1949, na Rua Minervino Wanderley, no Açu


FONTES/IMAGENS

A República

Açu Na Ponta da Língua

Fundação José Augusto