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A clássica foto de Câmara Cascudo na casa da avenida que leva o nome dele/Álbum de Família |
VIAGEM COM O
WANDERLEY
Luís da Câmara
Cascudo
O fundador da família
Wanderley no Rio Grande do Norte não usava o nome Wanderley e sim Pimentel.
Chamava-se JOÃO DE
SOUZA PIMENTEL, e viera de Pernambuco, já casado com dona Josefa Lins de
Mendonça.
Já casado ou
solteiro, casando na Vila Nova da Princesa? Não há, até aqui, certeza.
Na NOBILIARQUIA
PERNAMBUCANA, de Borges da Fonseca, verifica-se que os Wanderley estavam muito
misturados e aliados aos SOUZA PIMENTEIS, LINS, e mais gente fina, de brasão e
prosápia, senhores de engenhos e participando da governança das vilas da
capitania.
Esse João de Souza
Pimentel é o pai de João Pio Lins Pimentel, já usando o LINS materno, e Gonçalo
Lins Wanderley, já usando o WANDERLEY.
João Pio Lins
Pimentel foi tenente-coronel da Guarda Nacional, fazendeiro, lavrador abastado
e primeiro Presidente da Câmara Municipal de Santana do Matos, de 1837 a 1840.
Em 13 de setembro de
1838, ingressando na Loja maçônica SIGILO NATALENSE, dizia-se MAIOR DE 40 ANOS,
casado, proprietário e residente na VILA DO ASSU e não VILA DA PRINCESA, em
honra da Princesa Carlota Joaquina.
Nascera antes de 1790
e devia ser o primogênito porque se chamava pelo mesmo nome do pai. Nada mais
sei sobre o Tenente Coronel João Pio Lins Pimentel, com quem casou-se e se
deixou descendência.
GONÇALO LINS
WANDERLEY, seu mano, casou com dona Francisca Xavier de Macedo, filha de
Francisco Xavier de Macedo e dona Teresa de Jesus, filha, esta, de Carlos de
Azevedo Leite e d. Rosa Maria da Conceição. Gonçalo Lins Wanderley era altivo e
sabia manejar na palavra.
Presidente da Câmara
Municipal da Vila da Princesa em fevereiro de 1822, deu uma resposta bravia ao
GOVERNO TEMPORÁRIO que se instalara em Natal pela força das carabinas da
Companhia de Linha.
Gonçalo declarou não
reconhecer a competência do Governo, dizendo-o ILEGÍTIMO, CRIMINOSO E
REBELDE...
Esse mesmo Gonçalo
Lins Wanderley tinha fama de excelente cavaleiro e jogador não de carta mas de
espada. Ignoro o nome de todos os seus dignos filhinhos.
Dois, deixaram fama e
renome, Manuel e João Carlos.
Manuel Lins
Wanderley, 1804-1877, casou com d. Maria Francisca da Trindade e não sei quem
teve a honra de ser sogro dele.
Sei que abençoou
dezessete filhos. Um deles é o doutor LUÍS CARLOS LINS WANDERLEY, 1831-1890,
primeiro norte-rio-grandense doutor em medicina, deputado provincial e presidindo
a administração da sua Província, poeta, professor, jornalista, teatrólogo,
orador, político, clínico profissional. Faleceu em sua casa que se erguia onde
está o prédio da Prefeitura Municipal.
João Carlos
Wanderley, 1811-1899, casou com dona Claudina Leite do Pinho, filha do Tenente
Coronel Antônio José Leite do Pinho e d. Bernarda Antônio Rodrigues.
Teve também dezessete
filhos. Uma das filhas, Francisca Carolina, casou a 25 de julho de 1858, com
seu primo o dr. Luís Carlos Lins Wanderley. Luís Carlos, enviuvando, casou com
uma cunhada, d. Maria Amélia Wanderley, em 1877.
Luís Carlos e sua
mulher, d. Maria Amélia, morreram no mesmo dia, 10 de fevereiro de 1890, em
Natal.
Os filhos do dr. Luís
Carlos deram muita vida e glória às letras da Província e do Estado e a herança
cultural continua harmoniosa no espírito dos netos e bisnetos.
Nas festas
comemorativas do MILÊNIO DA CIDADE DO NATAL, em 25 de dezembro do ano de 1899,
um Wanderley publicara um poema n'A República", que circulara, impávida e
solene, e outro Wanderley fará um discurso, contando a história da terra que é
quase a história da gente ilustre dos Wanderley.
Nota da Redação:
Novamente o blog
transcreve texto do escritor Câmara Cascudo.
Agora com abordagem mais detalhada
sobre a saga da família Wanderley.
O artigo é publicado
na coluna "Acta Diurna", no jornal "A República"
(26/11/1959).
A data indica publicação sete anos antes do prefácio – reproduzido
em postagem anterior – para o livro "Família Wanderley: História e
Genealogia", do jornalista Walter Wanderley.
O antigo comentário é
incluído em "O Livro das Velhas Figuras", 1978, Instituto Histórico e
Geográfico do Rio Grande do Norte.
Como da outra vez o
intuito da reprodução, também não é inédita na rede, é reforçar ainda mais as
informações anteriores.
FONTES
Assu na Ponta da
Língua (Ivan Pinheiro Bezerra)
Fernando Caldas