O treinador uruguaio do América (II)

Panorama da capital departamental no centro-oeste do Uruguai

Acosta é citado em relato sobre o centenário do futebol em Tacuarembó

José Vanilson Julião

A entrevista ao repórter Eduardo Mérica, do sítio do Diário Uruguay (4/2/2015), com o tema “Imperdível historia do futebol de Tacuarembó”, desde o Museu Chacarero, o historiador Luis Maria Castro, encarregado da edição especial dos 100 anos da associação local, efeméride de cinco anos antes no departamento uruguaio.

Em 24/8/1910 é inaugurado o “Parque 25 de Agosto”, na Laguna das Lavandeiras. No entorno começa os quadros da primeira liga de futebol. Castro: “La Laguna marca uma particularidade como passeio e visita obrigada dos turistas. foi utilizada para corridas de bicicletas.

No âmbito natural foi utilizada por mulheres para trabalhar, lavando roupa pessoal ou por encomenda. O primeiro esporte praticado, 1890-1900, foi a pelota basca.

Em 24/7/1924 se funda Club Atlético Fiat Lux. Fundadores: José Lópes Rico, Washington, Diego e Dante Reherian, Pancho Pardias, Inocencio e José Lisandro, Luis e Ernesto Alamón. Em 25 o Oriental.

Três anos depois, com motivo de jogar o campeonato nacional, Tacuarembò e o Passo dos Toros disputam partidas, que terminam empatadas, para decidir a representação do departamento.

Acordo entre seleções resulta no combinado. Enfrentam Rivera e ganham (8 a 2). Graciano Acosta está entre os estreantes.

Consta que em 1934 está na capital uruguaia. No Montevideo Wanderers, fundado em 15/8/1902, por dois irmãos dissidentes do Albion (1/6/1891), sendo o clube mais antigo dedicado exclusivamente ao futebol e um dos quatro fundadores da Associação nacional.

Wanderers foi campão em 1906, 1909, 1923 e 1931 (invicto). De onde parte para o Brasil (assunto da próxima postagem)

Historiador Luís Maria Castro na entrevista ao site

 Fonte

Diario Uruguay

El Avisador (Diário Regional)

Sortitoutsi,net

Wanderers

O treinador uruguaio do América (I)

A origem do primeiro técnico estrangeiro de um clube potiguar

Mapa de departamento uruguaio onde nasceu treinador do América

José Vanilson Julião

A primeira vez que li sobre o jogador Emiliano Graciano Acosta Torres foi numa restrita ficha do Almanaque do São Paulo, do pesquisador Alexandre da Costa (2005).

A segunda em reportagem especial mais detalhada do falecido jornalista esportivo Everaldo Lopes Cardoso para o diário matutino “Tribuna do Norte” (17/3/2011).

Daí o aprofundamento da pesquisa sobre o ainda quase desconhecido primeiro jogador e treinador do exterior que passou pelo América/RN (1939/40).

O levantamento trás informações inéditas e começa pela naturalidade do futebolista que inicia incipiente carreira na terra natal e perambula profissionalmente pelo Brasil.

Há informes que a partir do Rio Grande do Sul passa, pela ordem, por São Paulo, Nordeste (Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará), Goiás e Minas Gerais.

Naturalidade

O Departamento de Tacuarembó (centro-oeste do País) é o maior da República Oriental do Uruguai.

Área: 15.438 quilômetros quadrados (8,76 por cento do território). População: 90.489 (5,9 habitantes/km2).

Foi criado (1837) pelo fundador do Partido Blanco, general Manuel Ceferino Oribe y Viana (Montevidéu, 27/8/1792 – 12/11/1857), o segundo presidente uruguaio, alçado ao cargo em 1935, cinco anos após a Independência.

A capital foi fundada (27/1/1832) como vila de San Fructuoso. Muda a denominação com a elevação a cidade (17/6/1912).

No futebol destaca-se o clube, fruto da fusão de 21 agremiações, e que leva o nome da urbe (51.224 habitantes). Disputa a segunda divisão nacional.

A torcida é conhecida como “Lagartos del Norte” ou “La Banda del Rafa”. É campeão da série na temporada 2013/14.

Suposto conterrâneo famoso

O cantor de tango argentino, Carlos Gardel, nascido na França (Toulose, em 11 de dezembro de 1890). Charles Romuald Gardés seria natural do departamento uruguaio (equivalente a unidade a estado)

Quando indagado sobre a origem dizia: - Nasci em Buenos Aires com dois anos e meio. Faleceu no aeroporto de Medellin (Colômbia).  No choque de dois aviões (24/6/1935).

Foram 17 mortos de sete nacionalidades, entre eles o compositor ítalo-brasileiro Alfredo Le Pera. Três feridos. 12 passageiros e cinco tripulantes.

 

FONTES

Almanaque do Ferroviário

Almanaque do São Paulo

A Ordem

Diário de Natal

Diário de Pernambuco

Jornal de Notícias/GO

Jornal Opção

O Imparcial

Tribuna do Norte

“Tacuarembó, un pago grande – Intendência de Tacuarembó”.

Blog do Marcão

Futebol de Goyaz

Ludopédio

Grêmiopedia

O Gol

Pensenumanotícia.com

Súmulas Tchê

Uruguay Natural/Ministério do Turismo)

 

A temporada do Tabajaras na capital potiguar

Elenco do clube "azul-grená" na temporada pernambucana de 1941

José Vanilson Julião

Após um ano e sete meses do primeiro encontro com o Alecrim, no Recife, o Tabajaras enfrenta ABC e América no estádio da Associação Rio-grandense de Atletismo (ARA).

O alvinegro no domingo (20/4/1941) e o alvirrubro na segunda-feira (21). O bicampeão da Associação Suburbana perde na estreia (3 x 1) e vence na segunda apresentação (pelo mesmo placar).

Entre a terça-feira (15) e o sábado (19) o DIÁRIO DE NATAL promove a partida, inclusive relacionando os preços diferenciados dos bilhetes para arquibancada, estudantes e senhoras, militares e amadores da ARA, além das gerais.

A venda ocorre na Casa Olímpica, na Praça Augusto Severo (Ribeira), e no Cinema Rex, na Avenida Rio Branco (Cidade Alta), com Antonio Dantas (Teú).

O interessante: entre os “players” pernambucanos, instalados no Hotel Avenida, Alemão e Haroldo passaram pelo Sport, enquanto Frajola pelo alvinegro natalense.

ABC: Edgar, Nezinho II, Teonilo, Aldo (Miranda), Nezinho I, Zé Lins, Quedamacia, Albano, Xixico, Cesário e Nenê. Salatiel Silva apita o primeiro tempo e não marca pênalti para o alvinegro. O sargento Dario Rufino dos Santos o segundo: “Indeciso procurou satisfazer os dois bandos”.

Contra o time americano dirige a partida o árbitro Humberto Gomes Teixeira. Gols: Netinho e Zezinho (3). América: Rossini, Leônidas, Geléia, Pinheirão, Hermes, Acácio, Ebenezer, Netinho, Neném, Stephenson e Ferreira. Tabajaras: Eutinio, Gilvan, Aleixo, Pretinho, Ivo, Marcionilo, Isaac, Tarazinho, Zezinho, Frajola e Zé Melo. Treinador: Milton Pessoa.

Delegação

Dirigentes: Wanderkolk Wanderley (presidente), Waldemar Rios (secretário), Aristofanes Andrade (tesoureiro) e Artur Lira (diretor de esportes). Jogadores: Eutimio, Edson, Gilvan, Estácio, Marcionilo, Sebastião, Pretinho, Armando, Joel, Isaac, Ivo, Frajola, Zé de Melo, Jaime e José Nicolau.

Com a licença concedida pela Associação para os amistosos interestadual a intervenção do bi-campeão na rodada dominical pelo campeonato suburbano é transferida para o final do turno.

Organização

Comissão de recepção: Ernani Farache, Vicente Farache Neto, Carlos Fernandes Barros, Orlando Gadelha Simas, Antonio Lamas e Adriano Rocha.

Comissão de portões: Eugenio Silva, Humberto Nesi, Américo Bassani, Manoel Guedes, Francisco Alípio e Antonio Farache.

Comissão de campo e juízes: Dario Rufino dos Santos, Jacó Lamas, Bianor Aranha, Hermes Marques Amorim, João Acioli (Cabo João) e Mário Mota.

Os três últimos foram jogadores: Hermes veio do Torre (campeão pernambucano em 1926 e 29/30) para o ABC, Cabo João (seleção “Fantasmas do Nordeste” em 1934) vestiu a camiseta alvinegra e do alvirrubro e Mário de Mossoró também para o Mais Querido.

FONTES

Diário de Natal

Diário de Pernambuco

  

A excursão do Alecrim ao Recife (final)

Derrotas para o CS Tabajaras e selecionado Associação Suburbano

Estádio da Jaqueira serviu ao futebol pernambucano durante duas décadas

Por José Vanilson Julião

Com a credencial de campeão invicto da Zona Norte (Associação Suburbana) contra o Íbis do treinador uruguaio Humberto Cabelli, o Tabajaras chega na sexta-feira (15/9/1939) ao encontro inédito, já escalado, como noticiara o DIÁRIO DE PERNAMBUCO.

E finalmente o centenário periódico relaciona, de fato, o elenco alecrinense: Edson, Leônidas, Pery, Pauleto, Manoel Pinto, Bararau, Miranda, Piolho, Gentil, Professor e Pajeú.

Não com os reforços anunciados: os abecedistas Manoel Francisco da Silva (Nezinho), Francisco Rodrigues dos Santos (Xixico), o americano Demóstenes César da Silva e o treinador uruguaio e centromédio alvirrubro Emiliano Graciano Acosta Torres.

Entretanto escala o goleiro americano Edson (reserva de Domício Bezerra das Neves, o Nenê, no elenco potiguar de 1934, que chegou à semifinal do Brasileiro de Seleções contra a Bahia após eliminar paraibanos, cerearenses e pernambucanos), o zagueiro Leônidas Bonifácio (América), Piolho (Santa Cruz) e o alvinegro Pajeú.

Como árbitro Manoel Rabello (São Paulo Futebol Clube). No campo da Jaqueira o clube local entra de branco. Domina totalmente e o visitante chuta a gol uma única vez, “sem técnica, conjunto, um time medíocre”.

- Não fosse o juiz, desconhecedor das regras e que procurava por todos os meios impedir o aumento do escore por certo haveria maior número de tentos. O curioso da análise: - O visitante tem a seu favor uma única justificativa: jamais jogou a noite. Pode ser que os players tenham se encadeado.

Ivo (a dez minutos do final do primeiro tempo). Três gols anulados no tempo complementar devido “impedimentos imagináveis”. Na etapa final: Haroldo 13, Oséias 15 e Ivo 40. Preliminar: Auto Sport 3 x 2 Moinho Recife

Segundo jogo

Seleção suburbana 5 x 3 Alecrim. Na edição dominical insiste com os reforços primeiros nominados: “Apesar do insucesso aguarda-se melhor atuação do clube potiguar, que comparece com jogadores nossos conhecidos que não atuaram contra o Tabajaras”.

O primeiro tempo: 3 x 1. “Jogo fraco, sem técnica, para uma pequena assistência (inferior ao primeiro jogo)”, eis o resumo do analista. Preliminar: Estudantes 4 x 0 Ponto de Parada.

O estádio

Construído em 1918 ao ser a casa do alviverde da estrada do Arraial (1920/36) fica conhecido como “América Parque”. A “Jaqueira”, com capacidade para dois mil torcedores passa ao Tramways (1936/41).

A partida inaugural: Sport 4 x 1 CS Peres (7/11/1920). Último jogo: Santa Cruz 4 x 1 Great Western (3/4/1941). 20 clubes jogaram no estádio, com 474 jogos e 2.406 gols. Com dez decisões.

Primeira final: Sport 1 x 0 Santa Cruz (3/4/1921). O Tricolor vence mais vezes em duas décadas: 31, 33 e 35. Sendo, também, o maior vitorioso na: 85 vitórias em 142 jogos.

O jornalista Lenivaldo Aragão:  "O estádio abraçou o futebol amador. Os bondes conectavam o centro à Jaqueira. A falta de arquibancada era compensada pelos piqueniques que os espectadores faziam ao redor do gramado.

Náutico, Santa Cruz e Sport disputam partidas em pé de igualdade, por exemplo, contra o “Locomoção” e “Torre”. O clube da The Pernambuco Tramways & Power Company Limited conquista o bi invicto 1936/37 sobre o Sport. 

Atualmente chama-se Parque da Jaqueira (Zona Norte). Abriga equipamentos esportivos: pista de Cooper (900 metros), ciclovia (820 metros), e áreas para bicicross e skate.

FONTES

Diário de Pernambuco

Super Esportes

A primeira excursão do Alecrim ao Recife (III)

Escudo do Tabajaras exalta mitologia grega

Histórico do primeiro adversário: o “azul-grená” suburbano

José Vanilson Julião

O Centro Sportivo Tabajaras foi fundado por Oswaldo Figueiredo na sexta-feira (16/9/1938). Com sede na Rua das Moças (Arruda).

O clube é diferente até no escudo: inspirado na “força helênica“ (referente aos gregos). A diretoria montou a categoria de base (Infantil e juvenil).

No primeiro jogo amistoso enfrenta o Norte Sport Club (domingo, 23/10). No mês seguinte participa de desfile no primeiro aniversário do Estado Novo, durante a Era Vargas.

No amistoso contra o Santa Cruz (0 x 2 – domingo, 5/2/1939) inaugura o campo (“o maior dos arrabaldes”) e quadras para vôlei (Tupy x Beberibe) e basquete (Brigada Militar x Sport), diante de seis mil torcedores (estimado), a maioria torcedores do dono da festa.

No final a orquestra de “jazz band” Tabajaras se apresenta para as damas com “novidades carnavalescas”. O grupo fundado (1934) pelo empresário e cônsul holandês Oliver Von Sohsten fez parte do elenco de artistas da Rádio Tabajara (João Pessoa).

Com a presença dos dirigentes da Associação Suburbana, major Carlos Afonso de Melo (presidente) e Joaquim de Oliveira (secretário), o Tricolor recebe a taça oferecida pelo bloco carnavalesco “Madeiras do Rosadinho”. Coincidentemente o Santa Cruz nasce no mesmo mês e anos depois adquire o terreno do Tabajaras.

Ainda em 1939 conquista o torneio início (domingo, 26/3 e domingo, 15/4) com vitória final de virada sobre o campeão da Zona Sul: Yolanda (2 x 1). E o primeiro título suburbano (equivalente a Segunda Divisão) com goleadas: 9 a 1 Goyaz e 11 a 0 1º de Maio.

No ano seguinte o bi. Na melhor de três: 2 a 2 e 4 a 1 Botafogo. Fica conhecido como o clube das “multidões suburbanas”.

Jogadores populares: Alemão (conhecido como Santa Bomba pelo forte chute) e o atacante Haroldo (fãs que vinham de longe para vê-lo).

Excursões: Auto Sport/Campina Grande (7/1/1940) e 2 x 3 ABC (domingo) e 3 x 1 América/RN (segunda-feira, 21/4/1941).

 Elenco

1938: Velinho; Bianco (Morato), Edly; Mauricio, Estácio, Celestino; Alemão, Isaac, Ivo, Gerson e Haroldo

1939: Louro; Estácio (Moá), Aleixo (Alziro); Sinfrônio, Rui (Fernandez), Didi (Bila); Alemão (Gondim), Joel (Isaac), Ivo (Gerson), Frajola (Rubem) e Haroldo (Oscar)

1940: Sebastião; Gilvan, Estácio; Rubinho, Armando, Celestino; Joaquim, Helinho, Ivo, Frajola e Nequinho.

 

FONTES

A Ordem

A Província

Jornal de Recife

Diário da Manhã

Diário de Natal

Diário de Pernambuco

História do Futebol

Memórias do Santa Cruz

A primeira excursão do Alecrim ao Recife II

Reforços - do ABC, América, Santa Cruz e Paysandu - não se concretizam

Graciano Acosta era um dos reforços indicados pelo jornal pernambucano.

José Vanilson Julião

Na semana da estreia o primeiro adversário, o tabajaras, que havia empatado as duas primeiras partidas da decisão, vence o Íbis (2 x 1 - domingo, 10) e conquista o caneco da Associação Suburbana de Desportos Terrestres. Na preliminar o placar é invertido.

Nas edições da quarta e quinta-feira (13 e 14) o DIÁRIO DE PERNAMBUCO noticia que o clube esmeraldino potiguar poderia contar com algumas estrelas dos principais clubes natalenses.

O periódico declina o nome do volante uruguaio Graciano Acosta Torres, contratado pelo América em maio/junho de 1939 como "double" de jogador e treinador, depois de passar pelo São Paulo, Grêmio (Porto Alegre) e Náutico. Assunto lembrado anos depois na TRIBUNA DO NORTE pelo falecido jornalista e pesquisador Everaldo Lopes Cardoso.

Também é citado outro americano, o meia atacante Demóstenes César da Silva, que aparecer no segundo quadro (aspirante) alvirrubro dois anos antes. Depois de servir ao selecionado potiguar, ABC, Ferroviário (Fortaleza), transfere-se para o Botafogo carioca (1944) e encerra a carreira no futebol colombiano, na época da liga pirata (1950/53).

Outro famoso indicado: o cearense Francisco Rodrigues dos Santos (1912 – 1943), o "Xixico", artilheiro pelo Fortaleza (1926/29). Veio para a capital potiguar durante crise entre o Tricolor cearense e a associação esportiva da capital alencarina. Pelo alvinegro alcança o título em 1932, o primeiro da série de dez conquistas.

O quarto reforço indicado: o zagueiro e capitão alvinegro Manoel Francisco da Silva, o Nezinho. "Todos já se exibiram em nossas canchas", diz o jornal, e acrescenta os desconhecidos: Leônidas Bonifácio, Pery, Geraldo, Magela, Mundica e Chorão.

Ainda indica o possível "onze" do Tabajaras: Louro, Aleixo, Junqueira, Ruy, Estácio, Didi, Alemão, Haroldo, Ivo, Frajola e Gondim.

Sobre o selecionado da Associação: - A ASDT apresentará um team poderoso exclusivamente de amadores, sem elementos de outros estados: Eládio, Aleixo, Querenga, Joca, Edgard, Biu, Haroldo, Ivo, Cancio, Setenta e Alberico. (José Vanilson Julião - Repórter)

A primeira excursao do Alecrim ao Recife (I)

José Vanilson Julião

O ABC já havia desfilado em Fortaleza, João Pessoa e Recife, com o debut do América (contra o Pitaguares e Felipeia) no ano anterior, na capital paraibana, quando o Alecrim estreia fora do Rio Grande do Norte.

O DIÁRIO DE PERNAMBUCO (quinta-feira, 7/9/1939) anuncia a temporada alecrinense com dois jogos contra o Centro Sportivo Tabajaras (sexta-feira, 15) e a seleção da Associação Suburbana de Desportos Terrestres (domingo, 17).

O jornal informa a chegada para a quinta-feira (14) com recepção de todos os clubes filiados, em homenagem a delegação do vice-campeão potiguar, na estação central da Great Western (20h45).

"Cada diretoria de automóvel com seu pavilhão". A reportagem ainda indica que no sábado (16) ocorre cerimonia na sede da Associação com aposição do retrato de Etelvino Lins na galeria de honra.

Após o feriado da Independencia (sábado 9) repete a programação e enfoca a decisão do campeonato da Zona Norte entre o primeiro adversário do clube potiguar e o rubro-negro Íbis (domingo 10) na Encruzilhada (mando do Pássaro Preto), inaugurado com o ABC quatro anos antes.

Também trazia a convocação dos atletas selecionados para o elenco suburbano que enfrentaria o "Esmeraldino" natalense. Com jogadores do Íris, Água Fria, Yolanda, Atheniense, Bonfim, Pina, Luso-Brasileiro, Destemido, Auto Sport, Tacaruna, Diversiona, Moinho Recife, Guararapes e outros, entre os 40 clubes amadores que haviam partipado, desde março, da competição promovida pela associação.

Naquele tempo, além da cobertura do alviverde America, Sport, Santa Cruz e Náutico e coadjuvantes, o jornal Associado dava amplo espaço para os times amadores e na edição dominical a estadia do "Periquito" de Natal era alvo de titulo de duas linhas e sete colunas no alto de uma das duas página esportivas (mais uma repetição da programação) com a decisão suburbana relegada ao segundo plano, assim como o treino, pela manhã, do escrete da associação.

 

 

‘Macarrão’ vestiu o manto vermelho americano

Massagista José Aldemir Tomás do alvirrubro faleceu há uma semana

Vice-campeonato (1966): Jairo, Dedé, Galego, Paulo Tubarão, Hilo, Rodrigues, Macarrão, Rui, Véscio, China, Caranguejo e Babá

José Vanilson Julião

O super campeonato de 1959, com a decisão envolvendo o alvirrubro (campeão do turno), Santa Cruz (vencedor do returno) e ABC (terceiro turno), acontece no começo da temporada seguinte, o alvinegro levanta a taça do Estadual e o licenciamento americano ocorre em fevereiro de 1960.

No ano seguinte corre a boataria do retorno do clube vermelho e branco, mas o rumor mais contundente se inicia no segundo semestre de 1965, quando o doublê de dirigente e treinador do juvenil José Luiz Galvão, o Lelé, começa a montar uma base para o futuro elenco profissional.

Um dos jovens atletas que atende o primeiro chamado é o cearense José Aldemir Tomás, o “Macarrão”. Entre os companheiros João de Deus Teodósio, o “Bagadão”, que veio do tricolor Santa Cruz (licenciado em 1967) e veste a camisa americana por dez anos, sendo, inclusive autor do gol do título de 1967 contra o Riachuelo Atlético Clube, do famoso acrônimo RAC.  

“Macarrão” participa dos primeiros treinamentos e jogos-treinos, marcando dois gols, no campinho da Rua Campos Sales ou no campo do quartel geral da Polícia Militar, ao lado da sede americana da Rua Rodrigues Alves (Tirol).

Massagista Macarrão

Ele entra como atacante: 7 x 0 Cruzeiro (sábado, 6/11), no Estádio  José Olímpio Maciel (Macaíba), e 5 x 1 Força e Luz (sábado, 13), o segundo com este nome e fundado em julho do mesmo ano –, marcando um gol em cada jogo-treino. E no doméstico America A e B (30/11) – com placar não divulgado pela imprensa –, 3 x 3 Juventus (sábado,  4/12) e 5 x 0 Jaguarari (sábado, 18/12), treinado pelo ex-árbitro e antigo treinador do extinto primeiro Globo, Eugenio Vieira Barros.

Em 1966 entra no amistoso de apresentação 4 x 0 Estrela do Mar (sábado, 6/2) – preliminar do amistoso ABC 1 x 1 Potiguar (Mossoró) – e 2 x 1 selecionado das Quintas (domingo, 13/2), preliminar do amistoso Alecrim 1 x 1 Treze.

Aparece em partidas preliminares (juvenil). Exemplos: 3 x 0 Atlético (26/6), com um gol. Em 1967 4 x 0 Ferroviário (26/2) e mais um gol. Em 1968 2 x 1 ABC e um gol.

Dificuldades e doente

Durante a doença dele o jornal mensal CORREIO POTIGUAR (junho/2020) publicou reportagem sobre o personagem:

- Recentemente rolou em rede social campanha de ajuda ao ex-profissional de apoio aos elencos até2005, quando se aposentou. O auxílio de cestas básicas, pelo que se sabe, veio das torcidas organizadas.

Um integrante divulgou vídeo com ele no quartinho dos fundos da casa na Rua Augusto dos Anjos (Candelária) onde mora com um filho, pois a filha, casada, reside na Itália.

 

 

 

ABC inaugura estádio na capital pernambucana (II)

Adversário abecedista participa de sete campeonatos pernambucanos

José Vanilson Julião

O Clube Sportivo da Encruzilhada foi fundado em 6/1/1917 e tinha sede e campo na Rua Castro Alves, no bairro que lhe deu o nome.

Era apelidado “Saco de Pancadas” e também conhecido como “Alviverde da Encruzilhada”, “Periquitos dos Subúrbios” e “Camisas Verdes”.

Os fundadores: João Muniz Ramos, Alderico de Freitas, Agapyto de Freitas,  Arthur Neves,  Ezequiel Piretti, Humberto Gama, Manoel Filizzola  e  Alcides Lima (primeiro presidente).

Disputa o Estadual em sete oportunidades, 1929, 1930, 1931, 1932, 1933, 1934 e 1935. Com oito participantes na maioria e 11 apenas numa delas. Inclusive na frente do tradicional América, conhecido como o “Alviverde da Estrada do Arraial”.

Time base (1928): Ismael, Machado, Pedro Sá (capitão), Cunha, Lima, Pedrinho, Tóta, Jacy, Motta, Lyla, Pital e Almeida.

CAMPANHAS

1929: duas vitórias, três empates e oito derrotas (sétimo)

1930: cinco vitórias, um empate e três derrotas (terceiro)

1931: quatro vitórias, um empate e cinco derrotas (nono)

1932: uma vitória, um empate e seis derrotas (sexto)

1933: quatro vitórias, um empate e nove derrotas (sexto)

1934: quatro vitórias, quatro empates e seis derrotas (sexto)

1935: duas vitórias, três empates e nove derrotas (sétimo)

 

FONTES

A Província

Diário de Pernambuco

Jornal de Recife

História do Futebol

Wikipédia

ABC inaugura estádio na capital pernambucana (I)

Atacante Francisco Rodrigues dos Santos, o "Xixico" era uma das atrações abecedistas

José Vanilson Julião

É público e notório que o alvinegro participa das inaugurações do Juvenal Lamartine (1928), Castelo Branco (1972) - depois João Machado - e do Maria Lamas Farache (2006), mas nenhum jornal da capital potiguar, antigos e atuais, cita a abertura do "ground com medidas regulamentares" no Recife.

O DIÁRIO DE PERNAMBUCO (sexta-feira, 26/10/1934) relata: - As últimas exibições potiguares em nossos campos tiveram a propriedade de agradar ao público com acentuado interesse. Na edição sabatina informa a chegada, a noite, em trem da Grest Western, da delegação base do elenco norte-rio-grandense no Brasileiro de Seleções.

O DP (terça-feira, 30) noticia a inauguração dos "remodelamento e melhoramentos internos" do campo (Rua Castro Alves) do alviverde Centro Esportivo da Encruzilhada (domingo, 28), com a distribuição de bilhetes aos "cavalheiros, senhoras e crianças não acompanhadas de sócios, militares e automóveis."

O centenário periódico aponta: "Falha de técnica, orientação e entusiasmo dos locais regularmente disputada pelos visitantes, controlando melhor as jogadas não encontraram dificuldades para vencer."

- Não fosse mesmo a excepcional atuação do goleiro Gouveia a contagem provalmente teria se elevado muito mais em favor do visitante. Os demais componentes da defesa e do ataque não acertaram em conjunto.

Dos visitantes Xixico apareceu com algum destaque, produzindo jogadas de mérito. Os demais no mesmo nível técnico. Com entendimento em vários setores e rapidez na locomoção.

Aos dois minutos Xixico marca aproveitando passe de Osvaldo e este, no começo da etapa complementar, faz o segundo. Aos 28 Gondim desconta. A 13 minutos do apito final do árbitro Zezé Fernando Xixico amplia.

SEGUNDO JOGO

O clube potiguar havia enfrentando em Natal o Tricolor em 1916. O segundo jogo no recém inaugurado campo da Veneza brasileira: Santa Cruz 3 x 1 ABC (quarta-feira, 31). O árbitro Manoel Pinto, com atuação "geralmente apreciada" encerra nos minutos finais devido incidente.

Tricolor: Dadá, Marcionilo, Martins (Orlando), Zezé, Sebastião, Ernani, Valfrido, Lauro, Tará (Limoeiro), Sidinho e Estevão. Alvinegro: Nenê, Dorcelino, Nezinho (Paulino), Osvaldo, Mário, Acácio, Augusto, Simão, Hemetério, Xixico e Raimundo.

Na preliminar, o segundo quadro do Santa Cruz venceu o time do Encruzilhada por quatro a dois.

O “lusitano” que jogou pelo América e ABC

 

O barbudo Luís Rodrigo é no ataque do ABC em 1974

José Vanilson Julião 

Em rede social o ex-jogador do ABC, Jorge Calaça, coloca uma rara fotografia do ABC, ocasião em que o pergunta se aquele atacante barbudo é mesmo o "lusitano" Luís Rodrigo dos Santos (Porto Seguro/BA, 6/5/1949), contratado após sair do América.

No alvirrubro o centroavante filho de portugues faz quatro partidas (uma oficial e três amistosos) e participa de jogo-treino contra o Força e Luz. A estréia ocorre no amistoso no Rei Pelé: 0 x 1 Centro Sportivo Alagoano (quinta-feira, 24/5/1973). Entra na revanche no Castelo Branco: 1 x 0 CSA (sábado, 26)

Marca uma vez no campeonato potiguar: contra o Ferroviário (7 x 0 – 4/6/1973). A última partida em amistoso no “Castelão”: 2 x 0 Fortaleza (quarta-feira, 11/7).

Do correspondente Rosalvo Nazareno de Aguiar a revista semanal Placar (172 - 29/6/1973) publica a reportagem "O excesso de jogadores do América", entre eles o baiano Luiz Rodrigo. Um problema para polêmico treinador carioca Maurílio José de Souza (14/9/1918 - 14/6/1998), o "Velha".

No alvinegro marca oito vezes. Estréia no amistoso ABC 3 x 1 Treze (6/3/1974), no Presidente Vargas, que interrompe invencibilidade (12 jogos) do Galo de Campina Grande.

Marca dois gols ABC 4 x 2 Ferroviário (20/3). E um em cada jogo: 1 x 0 CRB (amistoso –6/4), 1 x 0 Potiguar (10/4), 1 x 2 Campinense (amistoso – 24/4), 2 x 0 Baraúnas (8/5), 3 x 2 Alecrim (16/6) e 6 x 1 Ferroviário (29/6). Contra os clubes domésticos os resultados pelo torneio estadual.

Pelo alvinegro ainda ronda a área no amistoso contra um selecionado pernambucano (3 x 2 – 30//8), depois de entrar no lugar do serelepe centroavante Jorge Demolidor.

De positivo mesmo a Taça João Machado levada para a precária sede, um casarão ao lado de um campo de terra batida, no bairro de Morro Branco, na zona leste da capital potiguar.

Fratura a clavícula no campeonato estadual contra o Potiguar em Mossoró (domingo, 6/10/1974) fica inativo por 30 dias.

Carreira: Bahia (69/71), Leônico (71), Galícia (71/72), Sport (70), Ilhéus (72), América (73), ABC (74) e Alecrim (75).

Pelo Sport dois gols: 1 x 1 CRB (Norte/Nordeste - 11/10/1970) e 3 x 0 Itabaiana (24/10). Fora e na Ilha do Retiro. No Bahia marca um gol: 5 x 1 São Cristovão de Salvador (13/9/1970).

O jornalista Rubens Manoel Lemos Filho lembra dele no artigo "Mãe de malandro", replicado na Tribuna do Norte (21/3/2021) e pinçado do original "As mães de Hipólito": site Museu da Pelada (17/1/2019).

 

Fontes

Diário de Natal

Tribuna do Norte

Placar

Almanaque do Futebol Brasiliense

Futebol 80

Museu da Pelada