O grande momento do goleiro Miguel (primeira parte)

Leonardo Arruda, Miguel de Lima, Zé Carlos, Ribamar Cavalcante e Diniz Matias

José Vanilson Julião

M. Francisco

No decorrer do encontro (sexta-feira, 26/1) com o arqueiro paraibano criado no Rio Grande do Norte, Miguel Ferreira de Lima, esperava-se que ele declinasse o triangular final do campeonato carioca (1958) como um dos grandes momentos da carreira.

Porém o que se viu foi apontar Vasco da Gama 2 x 2 Real Madrid (quarta-feira, 8/2/1961) como um dos momentos mais marcantes com o personagem dentro de campo, apesar de começar no banco de reservas e entrar no decorrer da partida.

É compreensível a escolha por este amistoso envolvendo um elenco de craques pelo clube “merengue” nos anos 50/60, oriundos do futebol húngaro e da escola argentina, neste caso com atletas que participaram da liga pirata ou “El Dorado” colombiano.

Treinador Abel Picabea

O encontro internacional levou ao Estádio do Maracanã 122.038 torcedores (público pagante), o segundo maior aglomerado desde a final da Copa do Mundo: Brasil 1 x 2 Uruguai (1950).

É a primeira vez que o pentacampeão europeu, primeiro campeão mundial interclubes e caminho do oitavo título nacional desde 1929 (primeira divisão) visita o Brasil. Para enfrentá-lo o jornal “A Noite” promove enquete com a torcida carioca.

A escolha do adversário é surpreendente. O América era o campeão (1960) pela primeira e última vez no recém criado Estado da Guanabara; Fluminense, Botafogo, Flamengo e Vasco o seguiam na classificação final.

O Vasco é apontado com 34 mil votos! E os organizadores, Federação e CBD, recebem críticas. Pois time vascaíno, inclusive, vinha de três derrotas e dois empates em torneio internacional com oito clubes do Brasil, Argentina e Uruguai.

O argentino Abel Picabea (Buenos Aires, 1906 – Rio de Janeiro, 1993) pega o boné, sendo contratado dois dias antes o técnico Martin Francisco Ribeiro de Andrada Sobrinho (Barbacena, 1928 – Belo Horizonte, 1982), campeão carioca (1956)

Apontado como criador do sistema 4.2.4, e campeão mineiro pelo Villa Nova (1951) já havia derrotado o Real: 2 x 0 (20/7/1956) e 4 x 3 (14/7/1957). Com empate pelo mesmo placar (19/6/1956). Com todos os jogos no continente europeu.

FONTES

Blog do Garone

Boteco do Portuga

Jornal de Brasília

Net Vasco

One Football

Super Vasco

Vasco Paixão

Vasco Notícias

Foto rara com ponta-esquerda campeão pelo América/RN

O alagoano Valdir na extrema-esquerda do rubro-negro da capital piauiense

José Vanilson Julião

Valdir como treinador no Pará

O ponta-esquerda alagoano Valdir dos Santos (25/2/1040 – Ananindeua/PA, 2017) chegou no América/RN no segundo semestre de 1967 com o campeonato estadual em andamento e pegou o beco em fevereiro do ano seguinte, ainda a tempo de figurar na foto e na história do primeiro título alvirrubro pós licenciamento (1960/66).

Com alguma regularidade não deixou saudades (pelo menos na imprensa). Mas a grande novidade envolvendo o atleta é o aparecimento de uma fotografia, em rede social, com ele no Flamengo de Teresina, capital piauiense, o que coloca o rubro-negro na lista de 18 clubes pelos quais atuou, todos na Região Nordeste (ver abaixo).

A estreia no time americano acontece no Estadual com vitória sobre Alecrim (4 x 1), no domingo (29/10/1967), e a última aparição no amistoso contra o Fluminense do Rio de Janeiro (0 x 3), em outro domingo (11/2/1968). Ao todo são 12 entradas.

Valdir era o pai do jogador Válber (bicampeão pelo Remo nos anos 90). Segundo informações de Carlos Martins Júnior também atuou pelo Rio Negro (Manaus) e Paysandu.

Foi técnico de equipes paraenses, como o rubro-negro Sport Club Belém, tendo inclusive conquistado o título invicto da segunda divisão estadual. Após se aposentar do futebol trabalhou como motorista de ônibus em Ananindeua.

Currículo: Centro Sportivo Alagoano, Clube de Regatas Brasil, Santa Cruz, Moto, Remo (60/63), União Esportiva, Tuna Luso, Flamengo/PI, Ceará (63/64), Comercial/PI (64/65), Liberato de Castro (65/66), Júlio César (66/67), Bahia, América (67/68), Ferroviário/AL (68), Confiança (68/70), Estrela do Norte/PA e Dom Vital/PA.

América campeão estadual no retorno do licenciamento de seis anos (1967): Lolô, Biu, Dedé, Berilo, Arandir, Zé Rodrigues, Bagadão, Véscio, Evaldo Pancinha, Assis e Valdir

FONTES/IMAGENS

Diário de Natal

Tribuna do Norte

Acervo Dídimo de Castro

Futebol Nordestino

Globo Esporte

Museu da Pelada Piauiense

Súmulas Tchê

Terceiro Tempo

 

Os engraçados e estranhos apelidos dos jogadores

Coluna do "Batatinha"

Ricardo Nelson Lima da Fonseca

Doublé de professor, preparador físico, treinador e comentarista

"O futebol com seus "nick names"

Alguns atletas entraram para os anais da história pela fama particular e especial narrativa dos locutores esportivos ao pronunciar seus nomes ou alcunhas nos meios de comunicação esportiva.

1 - Valmir "Desmaio", ex-Palmeiras, lateral-esquerdo, se desligava fácil do jogo; 2 - Bruno Cheddar, sempre por estar acima do peso; 3 - "Sleep" Menezes, conhecido por ir bem nos treinos e nunca nos jogos, lento, jogou no Palmeiras; 4 - Edilson "Cachaça", lateral, gostava de tomar umas;

5 - Pedrinho "Anemia", bastante magro e pequeno; 6 - Douglas, "barriga de cadela"; 7 - Leandro "Banana", da Ferroviária de Araraquara; 8 - Flávio "Caça Rato", famoso no Santa Cruz, criança, gostava de caçar ratos com estilingue na beira de campos; 9 - Adriano "Michael Jackson", quando fazia gols imitava o cantor americano;

10 - Rui "Cabeção", pelo nome podemos perceber que o perímetro encefálico era "muy" avantajado.

Até mesmo em Copa encontramos nomes pitorescos, fontes de diversão dos "speakers": 1 -Andres Guardado (México). 2 - José Porras, goleiro da Costa Rica... Imaginem a narração: "A bola é segura por Porras!"

3 - Luís Boa Morte (Portugal); 4 - Tranquilo Barnetta (suiço); 5 - Sadio Mané, do Senegal; 6 -Fernando Redondo (Argentina); 7 - Hedwiges Maduro, não confundir com o venezuelano, da Holanda.

E quando ao polaco Jakub Blaszczykousky eu cegue! Para quem conseguir pronunciar.

O mais complicado de ser narrado é do francês, de origem francesa, Alexander Djiku. Se pronuncia: "DICU!". Do turco do Fernerbahçe. Dificil idem a pronúncia, fica "Fenerbatchi".

Chegando ao RN, um de agora, atleta da Copinha de juniores, do Açu, chamado "Ureia", pela anatomia avantajada da... orelha!

Dos times que treinei: "Capacete", "Nita Oião", "Vovô", "Ludujero e Bocão"...

Bruno Lima conta passagem feliz pelo América/RN

Bruno Lima

Jogador carioca campeão da Copa Nordeste é entrevistado por um potiguar no Rio

José Vanilson Julião

Como a "multidão" na foto do América campeão da Copa do Nordeste dificulta a identificação do volante carioca Bruno Cunha de Lima resolvi procurar uma imagem mais nítida do jogador.

Encontrei um "boneco" dele com a camisa do Vasco da Gama em um site especializado em transferências de jogadores, mas também acabei localizando uma entrevista do mesmo jogador. O vídeo da “live” caseira ("Dos campos para a Rede") é de agosto de 2023.

Jornalista Roberto Carlos nasceu no Açu

A salada russa é protagonizada pelo apresentador Roberto Carlos Dantas: com camisa do América da campanha de Romário para presidente do alvirrubro carioca (eleito em outubro) declara ser flamenguista e entrevista um ex-jogador do Vasco da Gama.

Aos 43 minutos (são 1h11m) o inesperado para o redator: o entrevistador e jornalista Roberto Carlos (baseado em Madureira) revela ser do interior potiguar (Açu) e torcedor do América de Natal, inclusive até teria tentado jogador futebol em 1995.

Bruno Lima disse que na época participa da Copa do Brasil pelo Sampaio Corrêa, sendo encaminhado ao alvirrubro norte-rio-grandense pelo mesmo empresário do atacante Leonardo. Diz que o começo foi na Copa Gazetinha no Espírito Santo.

E que na época da base no Vasco era chamado de "Dunga" (referência ao gaúcho capitão do selecionado nacional na Copa do Mundo de 1974).

“Eu era um carregador de piano; tomava a bola e entregava para os craques...”

Durante o programa são abordados vários assuntos, como o abortado rebaixamento do Vasco.

Aparece o "sumido" campeão da Copa Nordeste 1998

Bruno Cunha Lima está nesta multidão de jogadores, dirigentes e pessoal do apoio campeão regional

José Vanilson Julião

A máxima da publicidade, do mercado e do mundo empresarial diz que "a propaganda é a alma do negócio".

Eu digo que para ter sucesso o negócio do pesquisador é a insistência e perseverança.

Pois desejava saber quem era o jogador do qual só tinha a denominação da ficha do jogo final.

Depois de dias, meses e anos consigo identificar os principais dados pessoais completos do volante Bruno Lima, um dos campeões da Copa Nordeste (1998).

Até esta madrugada somente dispunha do nome incompleto e a posição. Mas nada da naturalidade, data de nascimento e clubes anteriores.

Trata-se de Bruno da Cunha Lima (xará do prefeito de Campina Grande), nascido em Natividade (19 de novembro de 1972), município do interior, ao Norte do Rio de Janeiro, limite com Minas Gerais.

Com carreira iniciada no Clube de Regatas Vasco da Gama e provável passagem pelo Olaria Atlético Clube (1996).

Portanto dois anos antes de ser contratado pelo América de Natal no primeiro semestre daquele ano.

Pelo clube de "São Januário" consta, na categoria juvenil, os seguintes títulos: "Taça Belo Horizonte" e Campeonato Carioca.

Além de uma "Copa Rio" (segundo turno do campeonato principal) pelo time principal da "Colina".

Duas fontes foram importantes, mas insuficientes para preencher a carreira do quase desconhecido ex-atleta.

Mas o Blog do Garone resolve esta questão com o artigo de André Schmidt (responsável pelo espaço midiático eletrônico) na seção "Lembra dele?"

- Revelado em 93 o meia acabou sumindo. Defendeu os profissionais por três temporadas em poucas partidas e não se teve mais notícias do atleta.

Entre 1993/95 faz sete partidas: duas no primeiro ano, três no segundo e mais duas no último. Sem marcar.

A estreia acontece na Copa do Brasil no Rio: Vasco 2 x 1 Sampaio Corrêa/MA (19 de março de 1993).

O time: Márcio, Pimentel, Alê, Alex, Ronald, Luisinho (Bismarck), Bruno Lima, França, Geovani, Vítor e Leonardo. Treinador: Joel Natalino Santana.

O internauta Alexandre F. G comenta na postagem (13h15 de 21/7/2011) que ele teve poucas chances pela concorrência:

"Geovani (volante e meia), Leandro Ávila, França, Bernardo (ex-São Paulo), André Pimpolho, Vianna, Frazão, Preto (volante e meia), Fabrício Eduardo, Cristiano França, Nélson (ex-Botafogo), Genílson (ex-Novorizontino) e Hélder (ex-Novorizontino)."

FONTES

Blog do Garone

O Gol

Vaskipedia

A "torcida" feminina em confusão com o treinador

Ricardo Nelson da Fonseca

Coluna do "Batatinha"

Ricardo Nelson Lima da Fonseca

Doublé de professor, preparador físico, treinador e comentarista

O desembarque no JL

Quando assumi o Força e Luz (1996) fazíamos treinamentos alternando Juvenal Lamartine e o Campo do Racing nas Rocas (Estádio Senador João Câmara).

Certa vez, no Jl, às 15 horas, desembarquei do ônibus, perto de um orelhão, coordenando o desembarque dos atletas.

Estádio Senador João Câmara

Três moças que faziam uso do TP (telefone público), em frente ao estádio, vendo minha participação na organização do desembarque, foram em minha direção e, curiosas, perguntaram:

"Estes rapazes são de algum time de futebol profissional?".

- São sim!

- Eles são conhecidos?

- Claro que sim!

- O senhor é o que deles?

- Sou o treinador!

- E como é seu nome?

- Batatinha!

Se entreolharam com sorrisos maroto...

- Poderia nos dizer o nome destes que primeiro desceram?

- Aquele alto é forte chama Nita Oião, o baixinho galego Vovô, o baixo da cabeça grande Capacete, o moreno de largo sorriso, Edson boca...

- Como eles são feios...!

O verdadeiro treinador defende seus jogadores sob quaisquer situações. Até mesmo nas adversas.

Assim que todos desceram, um a um, esperei entrarem o campo, e em tom sarcástico, ao me despedir das garotas:

"muito interessante, acharam meus jogadores feinhos, não é? Acaso já se olharam no espelho?".

Dito isto, saio de perto, ouvindo alguns impropérios de baixo calão.

Mas, é isto mesmo, "treineiro" que se preza, defende seus púpilos...

Nota do colunista: antonomásia (sinônimo) = apelido.

Goleiro vice-campeão mossoroense se torna agrônomo

Primeira turma de agronomia da ESAM com o prefeito Raimundo Soares e o senador Dix-Huit Rosado

José Vanilson Julião

A curiosidade sobre o inesperado personagem, o goleiro que participou da inauguração do Estádio Leonardo Nogueira, acaba merecendo outros esclarecimentos.

O que fazia um jovem de São José de Campestre, na região Agreste do Estado, do outro lado, no Oeste, do território potiguar?

- Cheguei lá como funcionário do Fisco estadual, diz, sem cerimônias, Diniz Matias.

O que valeu do repórter uma observação que arrancou risos dos presentes: - O QI (“quem indique”)...

– Naquele tempo era assim, não havia concurso, conclui (entre risos).

A estadia na cidade coincide com a fundação da Escola Superior e Agronomia de Mossoró (18//4/1967) – do conhecido acrônimo ESAM – a atual Universidade Federal do Semiárido (Ufersa).

Pelo Decreto 003 assinado pelo prefeito Raimundo Soares de Souza. Em parceria com o Instituto Nacional do Desenvolvimento Agrário – INDA, presidido pelo mossoroense Dix-huit Rosado Maia.

Portanto menos de dois meses antes da inauguração do Estádio Leonardo Nogueira. E cinco meses e dias da abertura do equipamento esportivo é vice-campeão municipal pelo Potiguar (e não campeão como anunciado).

O tricolor Baraúnas conquista o primeiro título de um clube mossoroense após a abertura do “Nogueirão” contra o rival alvirrubro, evitando o tricampeonato do rival.

São duas vitórias em cima do time Príncipe: 3 x 1 (sábado, 18/11) e 4 x 1 (domingo, 26/11). Com oito jogadores expulsos na final: quatro de cada lado.

Permanece em Mossoró até 1971, quando conclui o curso de engenheiro agrônomo, na primeira turma da ESAM (1971), como atesta a fotografia. 

Camisa de Miguel "inaugura" novo estádio mossoroense

O goleiro Itamar (camisa escura) e o arqueiro Diniz (camisa mais clara) na abertura do "Nogueirão"

José Vanilson Julião

Como centro das atenções o goleiro Miguel Ferreira de Lima, proporcionalmente, fala pouco, em relação ao burburinho das lembranças.

As vezes, pela equidistância na mesa, o repórter interrompe em três ou quatro momentos com assertivas sobre a carreira, o que veremos adiante na conclusão da série.

Neste interim, com o aparecimento das fotos inéditas envelopadas e postas na madeira, alguém dispara que alguém foi também jogador.

O repórter espicha as orelhas e pergunta de chofre: - Quem? Você? Direcionada ao estratégico convidado, ainda bem, sentado ao lado.

- Eu fui jogador do Potiguar e Baraúnas, responde Diniz Matias de Araújo, engenheiro agrônomo aposentado.

Está apresentado o maior furo de reportagem do encontro com Miguel na cafeteria na tarde ensolarada da sexta-feira.

Não tem como não indagar: - Você participou da inauguração do Estádio Professor Manoel Leonardo Nogueira (como enfatizam os repórteres de Mossoró)?

Pois não é que esteve presente. E apanha o celular para mostrar uma fotografia com ele no elenco da seleção da Liga local que enfrenta o Ceará Sporting na abertura da praça de esportes.

A imagem, coincidentemente, é a mesma que pesquei em rede social para ilustrar uma série de reportagens sobre abandono e história do primeiro grande estádio de futebol do Rio Grande do Norte.

- Como era jogo festivo todo mundo entrou em campo, gaba-se Diniz Matias, contrariando a ficha técnica disponibilizada nos jornais da época.

Mas ele está mesmo perfilado na turma em pé, com a camisa de goleiro cinza, presente do arqueiro paraibano criado no Rio Grande do Norte. Em 4 de junho de 1967.

“O jogo foi 2 x 0 para o Ceará, mas poderia ter sido empate, perdemos duas penalidades máximas”, arremata, orgulhoso da exclusiva revelação, Diniz Matias.

Goleiro Miguel chega em Campestre aos dois anos

Governador Sylvio Piza Pedrosa

José Vanilson Julião

A repercussão em redes sociais do encontro possibilita aparecer informações inéditas sobre a estadia infantil e de pré-adolescência do goleiro Miguel Ferreira de Lima em São José de Campestre/RN.

Primeiro o ex-deputado e ex-presidente do ABC, Leonardo Arruda Câmara, esclarece ao internauta Francisco Nogueira – um potiguar natural da Região Oeste radicado em Fortaleza – que o famoso arqueiro do Cruzeiro de Macaíba somente foi residir nesta cidade ao sair de Campestre, onde chega aos dois anos.

Com isto conclui-se que a família de Miguel (nascido em setembro de 1937), vinda do então distrito de Pirpirituba, no município paraibano de Guarabira, chega a Campestre em 1939, logo a elevação da comunidade a categoria de vila (1938) e depois distrito de Nova Cruz (1943).

Já o designer gráfico aposentado Moacir Oliveira – com trabalhos “freelance” para “A Gazeta Esportiva” (São Paulo), “O Globo” (Rio de Janeiro) e a “Última Hora” de Samuel Wainer – confirma que foi colega na classe da professora Lindaura Andrade (primeira a quinta série) do agrônomo aposentado Diniz Matias de Araújo.

Moacir e o goleiro do Baraúnas que recebeu uma camisa de Miguel de Lima, portanto, são contemporâneos na Escola Estadual Padre Tomás de Aquino, localizada na Rua Senador João Câmara, 275 (Centro). Foi o religioso que improvisou e celebrou a primeira missa campal na comunidade na última década do século XIX.

Era “escola reunida” no prédio da Prefeitura (1908). Muda para o atual inaugurado pelo prefeito Agripino Freire de Santana (19/3/1953) no governo Sylvio Piza Pedrosa (Natal, 1918 – Rio de Janeiro, 1998), sendo diretor do Departamento de Educação o professor Severino Bezerra de Melo (Nazaré da Mata/PE, 1888 – Natal, 1971).

O patrono do estabelecimento de ensino, o padre Tomaz de Aquino Maurício, falece em 1911, depois de permanecer 29 anos (1873/1902) como pároco de Nova Cruz. Havia sucedido o padre Emídio Fernandes de Oliveira.

E mais: o pai de Diniz, José Matias de Araújo (genitor de mais duas filhas), sexto prefeito de Campestre (1963 – 1968), é padrinho de batismo de Moacir Oliveira, que, como mencionado, voltou a rever Miguel em campo no começo dos anos 60 durante apresentação do Vasco da Gama na capital paulista. 

Gafe hilária no encontro com goleiro Miguel de Lima

O "gigante" Miguel no arco do clube da faixa diagonal dois anos depois de vencer o "super-super"

José Vanilson Julião

Dias antes Osair Vasconcelos – com quem troquei informações sobre o personagem durante um bom tempo – havia me avisado da possibilidade do encontro.

Quatro datas antes acerta os ponteiros do relógio e do local: a cafeteria no bairro de Capim Macio, na Zona Leste, uma das quatro áreas administrativas da capital potiguar.

Minha cunhada e meu irmão organizam o transporte da grande aventura. Pois ele teria que adaptar o horário na “Tribuna do Norte” para deixar a redação por um momento no final da tarde da sexta-feira (26) e me levar para a reunião.

Decido não levar instrumentos (confiando no taco da memória e experiência jornalística). Minha “pauteira” momentânea insiste. Me entrega um lápis novinho em folha. Ocasião em que também procuro buscar uma das agendas não usadas e guardadas.

Escolho um bloco de anotações “veterano” um pouco maior que a palma da mão. Crente que havia espaço suficientes de folhas não escritas. Ledo engano. Quando abri e movimentei as páginas com as pontas dos dedos estava um emaranhado de riscos e letras difusas.

Não perco a esportiva. Disse ao mano Valdir – antes de retornar ao jornal – que anotasse nos buracos em branco disponíveis com os nomes dos convidados. E fui em frente com a memória afiada para registrar detalhes e perguntas, que somente agora vejo, na sequência das reportagens, que está dando tudo certo.

As situações “fotografadas” pelo globo ocular e as “gravadas” pelo sistema auditivo acabam não falhando. Digo mais. Não teria saído melhor com a escrita dos dados e pormenores ambientais. Perdi a oportunidade de publicar fotografias exclusivas.

Mas em compensação foi a partir delas que colho a informações inéditas correlatas com o personagem e fico sabendo de importante figura coadjuvante: o antigo goleiro campeão municipal pelo Baraúnas de Mossoró (Diniz Matias de Araújo).

O vacilo no encontro com goleiro Miguel de Lima

José Vanilson Julião

O leitor curioso ou mais atento pode pesquisar que encontrará fotografias, em sites e blogs, do goleiro Miguel Ferreira de Lima.

Principalmente referentes a carreira no Vasco da Gama.

E até no Alecrim, de onde saiu para o clube carioca.

Porém o redator cometeu um deslize involuntário, mais preocupado em se ambientar e fazer logo perguntas, durante o encontro com o famoso arqueiro na última sexta-feira (26) na cafeteria “Bela Rica” (Capim Macio).

Os convivas foram chegando e se acomodando e o redator, do alto de sua insignificância, mas querendo ficar perto do personagem central, foi logo perguntando, sem obter qualquer resposta: - Fico aonde?

Ora, os amigos mais chegados de Miguel logo ocuparam todos os espaços perto dele.

Acabei ficando na ponta da mesa, de frente para o organizador da confraternização, o jornalista Osair Vasconcelos.

Em seguida um dos convidados abre um envelope marrom claro, de tamanho médio (ou grande?), e numa das mãos uma fotografia.

Peço para ver sem saber quem está na imagem em preto e branco. Nítida.

São dois jovens. Um deles, rápido reconheço, Miguel de Lima. Com clássica camisa de meia branca e calça comprida clara. Meio cinzenta (poderia ser azul). Creio que daqueles tecidos antigos, como o “Tergal’.

O convidado Elias Maciel retira mais umas três fotografias. Uma delas com um grupo maior de rapazes. Uns quatro ou cinco. Em fila única, um ao lado do outro, imediações da antiga estação de trem de Nova Cruz.

O que deveria ter feito esqueci e passo batido. Imediatamente pedir para alguém fotografar pelo celular as inéditas fotos.

Mas não o fiz e perdi uma chance de ouro.

Em compensação foi a partir delas que passei a perguntar quem era quem e relacionar com dois dos presentes.

Entre eles o rapazinho que na juventude recebe de presente uma camisa de goleiro de Miguel de Lima.

O Diniz Matias de Araújo, que serviu como fuzileiro naval no Rio de Janeiro, e esteve hospedado no apartamento de Miguel em Copacabana, a praia do “point” carioca.

E deixam escapar que “Assis”, o irmão de Miguel, era o bonitão e o melhor dançarino da turma, mais do que o “keeper”, personagem assíduo da “Candinha”, a colunista fofoqueira da “Revista do Esporte”.

Histórico da primeira morada potiguar do goleiro Miguel

Panorama de São José de Campestre, que acolheu a família paraibana de Miguel de Lima

"Major" Theodorico Bezerra

José Vanilson Julião

Que os cidadãos de Macaíba não fiquem enciumados, mas é preciso relatar o surgimento da primeira cidade adotiva do paraibano Miguel Ferreira de Lima no Rio Grande do Norte para se entender as relações dele com os colegas de infância e adolescência e do que vem a seguir.

Uma casa na propriedade Campestre, pertencente a José Antônio, inicia a povoação (1890) e origina a Rua dos “Alpendres”.

O padre Tomaz Aquino Maurício (guardem este nome), vindo de Nova Cruz, em rápida passagem, celebra missa com altar debaixo de uma árvore com imagem de São José, cedida pelo pioneiro.

O que faz a comunidade primitiva ser chamada de São José de Campestre. A primeira capela é construída de frente para o rio Jacu por Pedro Inácio (1895/97).

O governador Alberto Maranhão inicia a construção da estrada para Nova Cruz. Com oito residências o povoado tem acelerado o desenvolvimento.

Surgem pontos comerciais e de novas moradias. Em 1930 conta com 120 casas e concorrida feira no sábado.

É Distrito criado com a denominação de Campestre pelo decreto estadual 603 (31/10/1938). Elevado à categoria de vila pela lei 268 (30/12/1943).

Em 23/12/1948, pela Lei 146, de autoria do deputado estadual e “major” Teodorico Bezerra (Santa Cruz/RN, 1903 - Natal, 1994), é desmembrado de Nova Cruz. O município é instalado em 01/1/1949.

 

FONTES

Câmara de Vereadores

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

Paróquia Nossa Senhora da Conceição

III Diretoria Regional de Educação e Cultura

Mais detalhes do encontro com o goleiro Miguel de Lima

A clássica imagem do substituto de Barbosa no triangular final (ida e volta) do campeonato

José Vanilson Julião

Durante o encontro com o goleiro Miguel Ferreira de Lima, acontecem as revelações inéditas para os admiradores do famoso arqueiro paraibano criado no Rio Grande do Norte.

Primeiro a confirmação, por todos os lados, de que morou em São José de Campestre antes da família ir residir em Macaíba.

Até porque, exceto o organizador da reunião, Osair Vasconcelos (natural e defensor perpétuo do segundo município), os demais são de Nova Cruz ou da primeira cidade. Um tem ascendência em Canguaretama, antiga Penha.

Segundo: a de que um dos presentes recebe uma camisa de goleiro de Miguel de Lima, na tradicional cor cinza (além da preta), como era comum naquela época, pois a moda e primeira de cor diversa, amarela, começa a ser usada pelo “keeper” Raul Plasmann, no Cruzeiro de Belo Horizonte na segunda metade dos anos 60.

Terceiro, depois do repórter provocar a memória do personagem principal sobre pelo menos três momentos da carreira, relata o que poucos sabem: jogou pelo menos uma partida pelo Botafogo de Futebol e Regatas (meu clube preferido fora do RN), levado pelo recém falecido Jorge Mário Lobo Zagallo (confirma Osair Vasconcelos ao lado do redator).

Neste momento não há como não perceber a emoção de Miguel, pois ainda está abalado pelos desaparecimentos de outros amigos contemporâneos do futebol, como Edson Arantes do Nascimento, o “Pelé”, e Franz Beckembauer, o “kaiser” alemão, com os quais conviveu no New York Cosmos.