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quinta-feira, 25 de setembro de 2025

Fundador do ABC funda dois alvinegros no interior (VII)

Panorama do rio quase nada mudou desde que o marco português de 1501 

No retorno de Mossoró o incansável Sólon Rufino Aranha participa de regata em Natal

JOSÉ VANILSON JULIÃO

É certo que nos dois primeiros meses de 1921 o jovem recém casado Sólon Rufino Aranha se encontrava em Mossoró. Mas no segundo semestre do ano seguinte está em Natal.

A prova da permanência na capital vem da participação pelo rubro-negro Sport Clube de Natal da regata no Rio Potengi em comemoração ao centenário da Independência. Conforme reportagem especial do semanário dominical O Poti (12 de setembro de 1965).

O texto é encimado com uma imagem e a seguinte legenda: “EVOCAÇÃO – Na reportagem assinada por Erildo L’Eraistre Monteiro o remo é evocado, hoje, muito justamente, numa época em que o Centro e o Sport festejam o jubileu de ouro. A reportagem focaliza a regata do ano de 1922, vendo-se na foto os heróis daquela época aparecendo autoridades, inclusive o governador Antônio de Souza."

Segue: “O REMO NATALENSE NO SEU APOGEU DE OUTRORA: Regata da Independência foi marco social na cidade e medalhas aos vencedores eram cunhadas em ouro.” Com os complementos: 1) Regata de 1922 ficou na história do remo; 2) O “soçaite” de outrora prestigiava as competições.

E quem está no primeiro páreo pelo alvinegro Centro Náutico Potengi (CEP)? Sólon Rufino Aranha. Ao lado do remador Luiz Rebouças e o “patrão” Ivo Neto. Com a especialidade em disputa de iole com dois remos. A embarcação “Gaivota” contra a “República” do Sport, cuja tripulação conta com Arari de Brito e Silva, fundador de clubes de futebol, notabilizado em crônicas do escritor paulistano Mario de Andrade em visita ao RN (1929), e falecido no Rio de Janeiro como funcionário da fazenda nacional.

Condição que o faz ser apontado, anos depois, em depoimento do falecido magistrado e político Gil Soares de Araújo “Remo natalense até 1930” em O Poti (11 de setembro de 1983). Ao lado de outros renomados remadores:

João Alves de Melo (fotógrafo na Ribeira), Edgar Homem de Siqueira (presidente do América), Silvino Lamartine (jogador americano), Heráclio Fernandes (“Tolaco”: outro atleta alvirrubro), Lupércio Calixto, Clodoaldo Baker, Francisco de Paula Melo (“Canela de Ferro”), Dewett Nóbrega, Joaquim Mavignier de Noronha (grifo nosso. Gravem o nome) e Ricardo Severiano da Cruz...

 

FONTES

A Ordem

Diário de Natal

O Mossoroense

O Poti

Sport Clube de Natal

Fundador do ABC funda dois alvinegros no interior (VI)

O casarão do coronel Avelino
Freire foi a base da reunião
para fundação do ABC com a
participação de Sólon Aranha e
coleguinhas adolescentes

JOSÉ VANILSON JULIÃO

O redator suspeita que o alvinegro do distrito e vila de Areia Branca não teve continuidade e por isso o recém casado Sólon Rufino Aranha pode muito bem ter transportado a ideia para a sede municipal.

Para não esticar muito a corda do pioneirismo no futebol mossoroense – assunto variado, longo, divertido e interessante – que pode ser destrinchado mais adiante, momentaneamente encerramos o tema.

O personagem ainda aparece em nota como presidente do Ypiranga, da sede municipal, convocado como árbitro do jogo contra o “Centro Sportivo Mossoroense”. A data não é disponível, mas a edição é: 623! (começo de 1921).

Aranha, falecido aos 84 no Rio de Janeiro, fora se tratar de uma doença, era filho do paraibano e livreiro Fortunato Rufino Aranha (36 anos no nascimento do menino), e Bernardina Olindina D'Oliveira Castro (37)

Gera dois filhos e uma filha com Stella Soares de Miranda, filha de Antero de Miranda (com 35 no nascimento da menina) e Francisca Mafalda de Miranda (com a idade de 31):

Murilo (1923 – 1977) e João Batista de Miranda Aranha (Natal, 24/6/1924 – Rio de Janeiro, 9/8/2007), falecido aos 83 anos, e Teresa de Jesus (1928).

O necrológio na coluna social do jornalista Paulo Macedo, no Diário de Natal (1983), esclareceu, inicialmente, a percepção e a dúvida suscitada pela rara fotografia do Centro Esportivo Mossoroense, objeto inicial a sequência.

Fundador do ABC funda dois alvinegros no interior (V)

Humaitá, alvo e anil, é o primeiro clube mossoroense oficialmente organizado em 1919

Arte: jornalista Sérgio Melo/História do Futebol
JOSÉ VANILSON JULIÃO

Depois do casamento com senhorinha Stella Soares de Miranda o viajado natalense Sólon Rufino Aranha aparece na seção “Várias Notícias” do semanário O Mossoroense (24/7/2020) sobre a presença na cidade.

Nas edições de O Mossoroense na Biblioteca Nacional Digital não encontro a data tradicional da fundação do Ypiranga (12/setembro/1920) da sede municipal e nada que confirme a continuidade do similar do distrito de Areia Branca

Primeira diretoria: padre Manoel da Costa (presidente), Solon Aranha (vice), João Felipe de Oliveira (secretário), Alfredo de Souza Melo (orador); José Rauphanas Cavalcanti (tesoureiro) e Bonifácio Costa (diretor de esporte).

Fontes apontam o primeiro jogo diante do Humaitá (15/11/1920) com vitória por 2x0. Mas na seção “Várias Notícias” (4/12/2020) o achado é a nota sobre a exposição nas vitrines do “Atelier Escossia” (empreendimento familiar onde é impresso o tradicional jornal vindo do tempo do Império):

- Um belíssimo busto de Rio Branco, oferecido pelo sportman natalense Enéas Almeida para ser entregue ao clube vencedor do match oficial (Humaitá x Ypiranga). Na edição de 1 de janeiro aparece em outra nota de assunto não identificado (mesma data anunciado para o jogo).

Na edição 616 (29/1/2021) aparece a partida como sendo do domingo anterior. É notícia de primeira página: FOOT-BALL. Primeiro tempo termina 1 a 0 – gol do atacante Bonifácio Costa para o alvinegro. No tempo complementar Costinha empata para o azul Humaitá. E Luiz Pinto vira para o delírio da torcida.

Enéas Almeida entregue o “troféu” do barão e o poeta Edinor Avelino faz a saudação. O redator esportivo, identificado como “Sportine”, escala o time campeão: Gondim, Toni, Bitú, Lua, Leite, Lauro, Moreno, Mavignier (negrito nosso e prestem atenção neste sobrenome), Costinha, Pinto e Bitóca.

 

FONTES/IMAGENS

O Mossoroense

História do Futebol

Acervo: Walter Fonseca Wanderley

quarta-feira, 24 de setembro de 2025

Fundador do ABC funda dois alvinegros no interior (IV)

A legenda no "interior" da imagem identifica os jogadores do alvinegro Ypiranga de Mossoró/RN

Caís do Rio Ivipanim, centro de Areia Branca,
era o acesso para Mossoró de quem viajava
pelo transporte fluvial e de navegação costeira

Pesquisa com curiosa novidade obriga redator a mudar título da série sem necessitar alterar numeração sequencial

JOSÉ VANILSON JULIÃO

Após participar da fundação do ABC (1915), da implementação do escotismo em Natal (1917) e organizar a parada dos escoteiros comemorativa a liberdade dos escravos, em Mossoró (1918), o irrequieto e desenvolto rapazola está envolvido no surgimento de um clube no distrito e vila de Areia Branca.

Certamente pelo motivo de que já vinha frequentando a localidade do litoral norte e da região salineira na desembocadura Rio Ivipanim.

Conforme uma curtíssima notinha bem interessante na seção “Echos de toda parte” (O Mossoroense – 30/4/1919).

Do contrato de casamento com a jovem Stella Soares de Miranda (Areia Branca, 19/5/1900 – Natal, 26/1/1936) para o dia 14 do corrente.

Sólon Rufino Aranha (Natal, 2/2/1899 – Rio de Janeiro, 27/7/1983) é fundador do clube com o mesmo nome e as mesmas cores (preto e branco) do que viria fundar na sede do município em setembro de 1920.

Um ano antes, portanto, é membro da primeira diretoria do clube de Areia Branca (1 de agosto de 1919).

Conforme correspondência datada do dia 10 do mesmo mês enviada ao jornal semanário O Mossoroense (edição da quarta-feira, 28/8).

Club Sportivo Ypiranga: Francisco Trajano (presidente), Lauro Monte (vice-presidente), José Cordeiro (primeiro-secretário), João Segundo (segundo-secretário), Luís Trajano (tesoureiro) e Sólon Aranha (diretor de esportes).

 

FONTES/IMAGENS

O Mossoroense

Areia Branca Ontem, Hoje e Sempre

Relembrando Mossoró II (Lindomarcos Faustino)

Movimentação de equipe esportiva balança concorrência

O trem desembestado do narrador gaúcho Marcos Lopes assina com a emissora 98 FM


RODAPÉ DE PÁGINA Coluna Semanal

(José Vanilson Julião)

1 – "Bonde do Barba": com a desclassificação do América/RN a movimentação fica por conta dos bastidores. Na pauta, saídas, renovação e contratação de atletas.

E remanejamentos na direção técnica com a saída de treinadores e chegada dos novos técnicos. Além do entra e sai de dirigentes, diretores e gerentes.

Na imprensa (jornal, rádio, televisão e internet) tudo continuaria na mesma não fosse a mudança de ares da equipe esportiva montada pelo narrador gaúcho Marcos Lopes.

Mas parece que a concorrência não gostou e andou soltando faíscas...

A turma do canal na internet termina o contrato com a 95 FM e assina com a 98. Depois que a emissora de frequência modulada de Felinto Rodrigues Filho decretou as saídas do narrador Renan Silva, do veterano comentarista e jornalista Exmar Tavares da Silveira e do experimentado âncora Santos Neto.

Luiz Rodrigues: da "Nordeste" para a "Arapuan"

2 – Radialista
: O paraibano Rildo Tomaz Silva, responsável pelas excelentes postagens dos antigos jogadores do Campinense e do Treze, o “Galo” e a “Raposa” de Campina Grande, esta semana colocou em rede social uma imagem do radialista potiguar Luiz Rodrigues.

Na fotografia ele entrevista o atacante rubro-negro Nei e o massagista Zominha, do Botafogo de João Pessoa. O falecido repórter era chamado de Lulinha pelos jogadores. Mais em Natal, nos bastidores, era chamado de “Cachorrinho”.

Foi coordenador esportivo da Rádio Nordeste, onde o conheci em 1977/78 como estagiário e aprendiz de plantão esportivo, indicado em seletiva pelo amigo Wilson Gomes de Azevedo, o titular nas resenhas e nas coberturas dos jogos no finado “Castelo Branco”.

A equipe esportiva comandada pelo narrador maranhense Audir Frazão Doudement era composta, entre outros, pelo comentarista Franklin Roosevelt Machado, pelo repórter Jorge Audir (o filho do homem), Ubiratan Camilo de Souza (arbitragem), Carlos Alberto “Cuecão” (sargento da Aeronáutica), Givaldo Batista (o “Gigi da Mangueira”, editor de esportes de “A República”).

A equipe foi desmontada em 1978, ano em que a Rádio Nordeste AM passou a transmitir a programação musical de 24 horas, semelhante a Rádio Cultura de Salvador. Audir se mandou para a Rádio Arapuan de João Pessoa. E “Cachorrinho” foi junto.

O apelido vinha do tempo que Luiz Rodrigues era metido a jogador de futebol no Estádio Senador João Câmara, no bairro das Rocas. No antigo Globo e no Palmeiras das Rocas, entre 1960/62, aparece um “Cachorrinho” de atacante. Só não sei se é o mesmo.

3 – Atleta do passado: o lateral-direito aposentado é Claudecino Martins. Vestiu a camisa azul ou branca do time “naval”, o Riachuelo Atlético Clube, do conhecido acrônimo RAC. Temporadas: 1961/63.

Ele apareceu comentando postagem em rede social e falou das entradas em campo no “Juvenal Lamartine”. Fui conferir em jornais antigos e ele está lá!

4 – Só para lembrar e agradecer mais uma vez. São parceiros do JORNAL DA GRANDE NATAL: DATAFOGO (do médico carioca e torcedor botafoguense Cláudio Falcão) e o blog “Assessorn”, do jornalista caicoense João Bosco Araújo, com atuação no “Diário de Natal” e “Televisão Universitária”.

5 – Fora do ar o site oficial do América Futebol Clube de Natal/RN. Depois do “Vermelho Americano” e “Tribuna Americana”. Entre outros blogs que eram dedicados ao alvirrubro da capital potiguar.

terça-feira, 23 de setembro de 2025

O goleiro abecedista defende o time seridoense

Edgar na paisagem do Seridó

PRIMÓRDIOS DO FUTEBOL CERRO-CORAENSE I

"Cerro Corá Futebol Clube" derrota o "Potengi Sport Club" da vizinha São Tomé


José Vanilson Julião

Cerro Corá News (14/8/2019)

 

O jornal diário católico A Ordem (terça-feira, 28/10/1948), como de costume, circulava com a página sete, “Desportos”, em seis colunas e caixa alta (letras maiúsculas).

Naquela data, logo abaixo, em cima, à direita, destaca o “olho”: - Futebol no interior do Estado. Com o título: - O “Cerro Corá F. C” vence brilhantemente ao “Potengi S. C”, de São Tomé, em confronto amistoso.

E assim começava o primeiro parágrafo da reportagem: - Como parte integrante dos festejos tradicionais do padroeiro realizou-se a 22 do corrente, em Cerro Corá, o intermunicipal...*

*São João Batista somente é escolhido padroeiro com a emancipação política do distrito de Currais Novos e depois município com a emancipação política em 1953 e consequente criação da paróquia local.

 

FICHA TÉCNICA

Cerro Corá 1 x 0 Potengi

Árbitro: “doutor” José Bezerra de Araújo

Renda: Cr$ 1.268,00

Horário: 15h30

Gol: Nascimento

Cerro Corá: Edgar, Ednor Pedro de Melo, José Walter Olímpio, Xavier, Carapicó, Toinho, João Nascimento, Divaldo, Ranulfo, Joãozinho e Diogo. Treinador: Edgar Pinheiro da Câmara

Potengi: Agripino, Nilson, Cazuza, Segundo, Oscar, Ivanildo, Ademar, Alsair Pereira, Dedé, Zuza e Manoel. Treinador: João Gomes de Araújo

O goleiro Edgar defende ABC por uma década

Edgar Pinheiro da Câmara (foto do Rio)

JOSÉ VANILSON JULIÃO

Edgar Pinheiro da Câmara (Natal/RN, 9/6/1916 – Rio de Janeiro, 11/4/1988) foi goleiro do ABC por mais de uma década.

Com participação efetiva em quatro dos dez títulos da série do deca-campeonato (1935/36 e 1940/41).

O pai, comerciante, veio de Mossoró para Natal (1909): Jeremias Pinheiro da Câmara; a mãe Maria Galdina da Conceição.

E irmão de Eugenio Pinheiro da Câmara (nascido em 1910), o "Pinheirão", e Jeremias Pinheiro da Câmara Filho (nascido em 1912), o "Pinheirinho", jogadores bicampeões pelo América (1930/31).

O segundo, agrônomo, foi diretor da Escola Técnica Federal do Rio Grande do Norte (1939 – 1954) e faleceu no Rio de Janeiro nos anos 60.

Ozima G. Câmara (1926/2025)

Casou com Luci Teixeira Oliveira (1943), falecida (1948), de tuberculose. O filho deste primeiro relacionamento, Francisco Canindé Cunha, diz o Diário de Natal (sexta-feira – 18/fevereiro/1949), morre aos sete meses.

Depois contrai matrimônio com a cerro-coraense Ozima Galvão de Lira. Edgar Pinheiro da Câmara Filho nasce em 1951, conforme nota do registro civil noticiado pelo Diário de Natal (13 de março).

É visto como soprador de apito em um torneio de times amadores ou suburbanos. Primeiro no Estádio Juvenal Lamartine (1952). Depois no amistoso Mar e Terra 4 x 2 Canto do Rio (quinta-feira, 1 de janeiro de 1953), no campo da Rua Pereira Simões, no bairro das Rocas. Dois anos depois a família parte para o Rio de Janeiro: 1956

A filha Lucimar (2024): "Hoje acordei saudosa; me lembrei que, se meu pai estivesse vivo, estaria completando 108 anos; foi exemplo de um pai de família; com muito sacrifício criou oito filhos e graças a Deus todos vivos! Feliz aniversário pai, que a festa no céu esteja daquele jeito que o senhor gostava!"

 

FONTES/IMAGEM

A Ordem

Diário de Natal

O Mossoroense

Lucimar Câmara (acervo familiar)