José Vanilson Julião
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Mestre de bateria e letrista, o sambista Lucarino Roberto, desfilou no Senador João Câmara e JL |
Quando os jurados
começarem a escolher as melhores escolas de samba da capital potiguar, no
desfile deste ano, todos, provavelmente, desconhecem a outra faceta do mestre
de bateria, puxador e letrista Lucarino Roberto de Souza, fundador da
tradicional Balanço do Morro (surgida em 66 como dissidência da “Malandros”), e
morto aos 59 anos (1935 – 1994).
Quem primeiro revela
a condição de jogador de futebol de Lucarino Roberto foi o também ex-atleta e
médico Berilo de Castro, campeão pelo Alecrim (64), primeiro bi esmeraldino, e pelo América (67), no primeiro título alvirrubro pós licenciamento.
Primeiro em livro de crônica sobre causos no esporte.
Depois no blog Ponto de Vista, do
ex-deputado estadual e jornalista Nelson Hermógenes Freire. O artigo “Mãe de
Leite” desnuda o personagem no que tem de Macunaíma, o personagem da literatura
paulistana.
Nos anos 50/60 o bairro das Rocas
se caracterizou como celeiro de craques e tinha como palco o Estádio João
Câmara. No campeonato da liga amadora ou
segunda divisão se destacavam o Palmeiras e o Racing.
Diz
Berilo: - Embora não tenha
sido um craque, fez história e imortalizou-se. Um biótipo de pele morena,
estatura mediana, aceitável porte atlético, bigode bem tratado, sorriso perene.
De hábito cortês, de conversa mansa e de fácil convencimento. Defendeu o
rubro-negro Clube Atlético Potiguar (CAP), capitaneado pelo inesquecível João
Machado (presidente da Federação).
Contam os
companheiros que o atleta-sambista chegava atrasado aos jogos, sempre com
desculpas que envolviam problemas de doença familiar. Na
época, ocupava a presidência do CAP Brígido Ferreira Pinto, proprietário de
frigorífico situado na margem do rio Potengi. Figura simpática, educado e atencioso.
A história sempre
se repetia, chegando a “matar” o pai por três vezes. Mesmo assim, sempre era
atendido, levando um dinheirinho para fazer frente às despesas do fingido
funeral. Uma trégua foi dada pelo mestre.
Até que surgiu uma nova investida, alegando a morte da mãe.
— Você já matou
três vezes o pai; você pode até não saber quem foi seu verdadeiro pai; mas,
mãe, a gente só tem uma!
— Eu tenho três
mães: a verdadeira, a de criação, falecidas, agora perdi a de leite! O
presidente sorriu passou a doação em dinheiro para cobrir a despesa do suposto
funeral.
O blogueiro somente
veio saber da crônica pela internet. Depois de ter encontrado a prova inédita,
na imprensa, sobre a atividade futebolística do posterior sambista, como atesta
a ficha técnica.
América 2 – 2 Atlético
Data: domingo, 13/4/1958
Competição: Torneio
Acern
Estádio: Juvenal
Lamartine
Cidade: Natal/RN
Árbitro: Gevanir de
Freitas/RN
Gols: Paulo 15, Gilvandro 22, Osi 40
e Juarez 29/2
América: Marçal,
Maurício, Hélio, Papagaio, Edvaldo, Expedito, Herwin, Mauro, Chico, Gilvandro,
Juarez, Saquinho, Piaba (Peve), Wallace e Cezimar. Treinador: Álvaro Barbosa
Atlético: Dinarte,
Binha, Reinaldo, Jomar, Santos, Lucarino, Paca, Osir, Macaíba, Dedé e Paulo
Principal:
ABC 5 x 2 Riachuelo.