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sexta-feira, 1 de agosto de 2025

A taça com nome esquisito disputada no festival

O clube náutico de Armando Barros de Góis, também jogador amador do "River Plate"

JOSÉ VANILSON JULIÃO

O leitor pode achar esquisito (e com toda razão) o detalhe de que o “Cruzmaltino” e o “River Plate” vão disputar na tarde da segunda-feira (1 de maio de 1939), uma taça "Ditadores”, oferta dos “senhores” Vicente Farache Neto e Lauro Veiga.

O time da camisa preta com o escudo da Cruz de Malta forma com os seguintes jogadores: Wallace, Nené, Aldo, Duda, Teixeira, Ebenezer, Ferreira, Cabral, Ademar, Fernandes e Geraldo.

O time da faixa diagonal semelhante ao homônimo argentino é previamente escalado: Chico, Oliveira, Murilo, Valdemar, Hermes, Garibaldi, Armandinho, Geraldo, Alberto, Rivadavia e Bening.

Assim, de memória, entre os “players” da segunda esquadra, o repórter aponta Francisco Lamas (o futuro primeiro narrador esportivo e irmão do fundador da Rádio Educadora de Natal – REN – Carlos B. Lamas).

Mais Valdemar Matias de Araújo (um dos quatro fundadores de “O Diário” dali a alguns meses), Hermes Marques de Amorim (atacante do ABC campeão pelo Torre do Recife nos anos 20).

Além do remador Armando Barros de Goés, do alvinegro Centro Náutico Potengi, rival do rubro-negro Sport Club de Natal, com sedes separadas por menos de dez metros na Rua Chile (Ribeira).

E ainda o futuro economista Alberto Galvão de Moura, conselheiro do Sport Clube Recife nos anos 50, e Rivadavia, filho do coronel Tavares Guerreiro, que apontou a pista de pouso de Parnamirim para os pioneiros da aviação.

Alguns destes jogaram pelo América de Natal (como Ebenezer). Ou pelo Sport Clube de Natal, o do remo, de onde foram dissidentes para fundação do segundo clube Santa Cruz, casos de Alberto Moura e Rivadavia Tavares Guerreiro.

Festival esportivo homenageia delegação pernambucana

Aspecto da principal pracinha para lazar e atividades esportivas localizada em Petrópolis

JOSÉ VANILSON JULIÃO

Pela ordem de importância a seção esportiva da edição dominical do jornal A REPÚBLICA (30 de abril de 1939) dispõe as seguintes reportagens:

América 2 x 3 Paissandu (campeonato estadual), gols de Valter, Sinval, Amaro, Mossoró e Demóstenes, e cada um com dois pontos até então;

o amistoso “Cruzmaltino” x “River Plate” (programado para o dia seguinte) no estádio do bairro do Tirol, o decano “Juvenal Lamartine”;

além do resultado da temporada de basquetebol do tricolor Santa Cruz 26 x 12 Colégio Americano Batista (Recife), jogo na quadra da Praça Pedro Velho;

material intercalado com curtas notícias sobre o amistoso intermunicipal “Bangu”, de Natal, contra o Cruzeiro, de Macaíba;

mais o torneio início com 12 clubes na abertura da temporada da competição suburbana.

FESTIVAL

A partir das 14 horas (segunda-feira, 1/5) o “JL” abriga provas atléticas infantis e depois uma partida de voleibol entre “senhorinhas” do Centro Esportivo Feminino.

Os ‘teams” denominam-se “Cruzmaltino” e “River Plate”, os promotores da festa esportiva em homenagem a delegação da capital pernambucana.

O primeiro com: Hermantina, Lourdes Palma, Laise, Marizinha, Eunice e Alba; o segundo: Maria Guará, Lourdes Nascimento, Gracinha, Ozelita, Lourdinha e Bela.

Às 16 horas o pontapé da partida entre os marmanjos do clube da Cruz de Malta e o clone do famoso clube de Buenos Aires (capital da Argentina).

Elencos do "Cruzmaltino" e "River Plate" no "JL"

Remadores do Centro Náutico Potengi (1942):
Alvamar Furtado (à direita), Mário Lira, Humberto Nesi e
Armandinho de Góis (um dos jogadores do “River Plate”)

JOSÉ VANILSON JULIÃO

O jornal A REPÚBLICA (domingo – 30/4/1939) reporta as atividades esportivas dominical – campeonato da cidade e um amistoso intermunicipal – e o esperado amistoso da segunda-feira (1 de maio).

A partida também programada para o tradicional Estádio Juvenal Lamartine – construído uma década antes no campo do bairro do Tirol – envolve dois times amadores natalenses: "Cruzmaltino" x "River Plate".

Na série não numerada de reportagens com títulos diferentes, conforme o tema ou assunto abordado de momento, o leitor fiel primeiro viu a identificação da fotografia com 13 atletas como sendo do "Cruzmaltino".

A sequência inédita começa com a postagem da referida imagem sem identificação na página social de George Stephenson Batista, filho do oitavo atleta perfilado na histórica foto, o caicoense Stephenson Josué Batista.

As definições de protagonistas e das informações complementares se inicia a partir da identificação da agremiação alvinegra com o escudo "Cruz de Malta" (sem a caravela), certamente uma homenagem ao Vasco da Gama do Rio de Janeiro.

O responsável maior pela identidade do clube da camisa totalmente preta e calções brancos foi o perfeccionista e persistente pesquisador natalense Arthur Pierre dos Santos Medeiros.

E o mais importante: Arthur Pierre disponibiliza para o repórter três cópias de A REPÚBLICA que acabam por definir dados complementares. Como a data do jogo contra o "River Plate" natalense, o xará ou clone do clube argentino.

E o mais interessante como furo de reportagem: a prova da existência de um time de futebol vinculado ao conhecido "Indicador da Agência Pernambucana", distribuidora de jornais e revistas dos anos 20 a 70 na Ribeira.

Por isso a equipe da empresa do pernambucano Luiz Romão é chamada pelas iniciais ou abreviatura "A. I. P", o adversário do dia em que foi feita a citada fotografia do time principal do "Cruzmaltino", em um domingo, 12 de março.

Agora a novidade refere-se as escalações dos atletas que vão entrar em campo no segundo dia da semana no "JL".

Primeiro com o detalhe que é a segunda escalação do "River" encontrada em jornais antigos.

Segundo o "onze" divulgado do "Cruzmaltino", desta vez, não conta com o atacante seridoense Stephenson, também do elenco do América de Natal.

 

A cobertura esportiva da imprensa nos anos 30

O time do "Indicador da Agência Pernambucana" de Luiz Romão, que ficava na Ribeira, enfrentou o "Cruzmaltino"/Acervo: João Gothardo Dantas Emerenciano

Jornalista Aderbal de França

JOSÉ VANILSON JULIÃO

Até setembro de 1939 a melhor e mais intensa cobertura esportiva da cidade, geralmente quase de página inteira, era protagonizada pelo jornal oficial “A República”.

A indicação do mês é sintomática por assinalar a época do surgimento de um concorrente de peso, “O Diário”, iniciativa do quarteto Waldemar Matias Araújo, Djalma Maranhão, Aderbal de França e Rivaldo Pinheiro.

Sem desmerecer o diário vespertino católico “A Ordem”, fundado em julho de 1935, mas que ainda era tímido na cessão de espaço para os eventos esportivos em Natal, situação que veio mudar de 1944 em diante.

Com a chegada de uma personalidade bem polêmica e conhecida no meio do futebol, o bacharel em Direito, dirigente e treinador do ABC durante 15 anos (desde o final dos anos 20), Vicente Farache Neto.

É neste contexto que o impresso fundado por Pedro Velho e desativado por Geraldo Melo noticia na edição dominical (30/4/1939) a participação de 12 agremiações no Torneio Início do campeonato suburbano.

Competição de abertura da temporada amadora no campo do “Mossoró”, no bairro do Alecrim (será erro com o campo do ABC?). E o amistoso do “Bangu” natalense contra o Cruzeiro na vizinha cidade de Macaíba.

Além da temporada de basquetebol do Colégio Americano Batista (Recife), inclusive com derrota para a rapaziada do tricolor Santa Cruz Esporte Clube (fundado em 1934) no sábado anterior (29), na quadra da Praça Pedro Velho.

O material esportivo, ocupando pouco mais da metade do espelho da página, ainda veicula como aperitivo principal o jogo do principal campeonato da cidade, entre América e Paissandu, considerado a “filial” do ABC.

Mas o que interessa mesmo no momento são os bastidores e as informações sobre as históricas partidas amistosas do “Cruzmaltino” contra o “IAP” (“Indicador da Agência Pernambucana”) e “River Plate”, o xará do famoso clube argentino.