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segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

LUCARINO ROBERTO: desfile na grama e no asfalto


José Vanilson Julião

Mestre de bateria e letrista, o sambista Lucarino Roberto, desfilou no Senador João Câmara e JL
Quando os jurados começarem a escolher as melhores escolas de samba da capital potiguar, no desfile deste ano, todos, provavelmente, desconhecem a outra faceta do mestre de bateria, puxador e letrista Lucarino Roberto de Souza, fundador da tradicional Balanço do Morro (surgida em 66 como dissidência da “Malandros”), e morto aos 59 anos (1935 – 1994).

Quem primeiro revela a condição de jogador de futebol de Lucarino Roberto foi o também ex-atleta e médico Berilo de Castro, campeão pelo Alecrim (64), primeiro bi esmeraldino, e pelo América (67), no primeiro título alvirrubro pós licenciamento.

Primeiro em livro de crônica sobre causos no esporte. Depois no blog Ponto de Vista, do ex-deputado estadual e jornalista Nelson Hermógenes Freire. O artigo “Mãe de Leite” desnuda o personagem no que tem de Macunaíma, o personagem da literatura paulistana.

Nos anos 50/60 o bairro das Rocas se caracterizou como celeiro de craques e tinha como palco o Estádio João Câmara. No campeonato da liga amadora ou segunda divisão se destacavam o Palmeiras e o Racing.

Diz Berilo: - Embora não tenha sido um craque, fez história e imortalizou-se. Um biótipo de pele morena, estatura mediana, aceitável porte atlético, bigode bem tratado, sorriso perene. De hábito cortês, de conversa mansa e de fácil convencimento. Defendeu o rubro-negro Clube Atlético Potiguar (CAP), capitaneado pelo inesquecível João Machado (presidente da Federação).

Contam os companheiros que o atleta-sambista chegava atrasado aos jogos, sempre com desculpas que envolviam problemas de doença familiar. Na época, ocupava a presidência do CAP Brígido Ferreira Pinto, proprietário de frigorífico situado na margem do rio Potengi. Figura simpática, educado e atencioso.

A história sempre se repetia, chegando a “matar” o pai por três vezes. Mesmo assim, sempre era atendido, levando um dinheirinho para fazer frente às despesas do fingido funeral. Uma trégua foi dada pelo mestre. Até que surgiu uma nova investida, alegando a morte da mãe.

— Você já matou três vezes o pai; você pode até não saber quem foi seu verdadeiro pai; mas, mãe, a gente só tem uma!

— Eu tenho três mães: a verdadeira, a de criação, falecidas, agora perdi a de leite! O presidente sorriu passou a doação em dinheiro para cobrir a despesa do suposto funeral.
O blogueiro somente veio saber da crônica pela internet. Depois de ter encontrado a prova inédita, na imprensa, sobre a atividade futebolística do posterior sambista, como atesta a ficha técnica.
América 2 – 2 Atlético
Data: domingo, 13/4/1958
Competição: Torneio Acern
Estádio: Juvenal Lamartine
Cidade: Natal/RN
Árbitro: Gevanir de Freitas/RN
Gols: Paulo 15, Gilvandro 22, Osi 40 e Juarez 29/2
América: Marçal, Maurício, Hélio, Papagaio, Edvaldo, Expedito, Herwin, Mauro, Chico, Gilvandro, Juarez, Saquinho, Piaba (Peve), Wallace e Cezimar. Treinador: Álvaro Barbosa
Atlético: Dinarte, Binha, Reinaldo, Jomar, Santos, Lucarino, Paca, Osir, Macaíba, Dedé e Paulo
Principal: ABC 5 x 2 Riachuelo.

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