O ufanismo desnecessário da imprensa potiguar

ABC (1965): Otávio, Luís Marques, Piaba, Erivan, Valdemir Gaspar de Andrade (treinador do selecionado júnior), Macrino, Dão, Talvanes, Caçote e Burunga

JOSÉ VANILSON JULIÃO

“Rio G. do Norte quase na final do Brasileiro”. Eis o título principal da página esportiva do diário matutino “Tribuna do Norte” (domingo, 3/2/1980).

Mas não se pode negar a excelente cobertura com três retrancas (textos separados), mais um infográfico com a arbitragem baiana (principal e auxiliares) e a formação das equipes.

Como também a retrospectiva dos selecionados do Rio Grande do Norte e de São Paulo na primeira fase do II Campeonato Brasileiro de Futebol Júnior.

Com a seleção potiguar somando duas vitórias (Piauí e Maranhão) e duas derrotas (Ceará e Pernambuco), enquanto os paulistas vencem Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul.

O detalhe: no triangular da segunda fase os dois selecionados ganham da equipe representativa do Estado da Paraíba.

A euforia dos dirigentes, o presidente da Federação, Rui Soares, o supervisor Ranilson Cristino (ex-goleiro do Força e Luz ou Cosern), era tanta, que havia jogador animado:

- A gente ia jogar para ganhar e com a notícia do “bicho” gordo quem sabe a gente não saia de São Paulo classificado, disse o meia-atacante “Sergipe”, hoje nem lembrado, sumido.

Entretanto o comedido preparador físico Eloy Simplício até brinca: - Imagine 130 mil pessoas torcendo pelo nosso time... (o jogo fez a preliminar de Corinthians x Ponte Preta)

O treinador Valdemir Gaspar de Andrade – paraibano de João Pessoa – antigo defensor do ABC, América e Alecrim nos anos 60 – reconhece o poderio dos adversários.

“Preparador físico previu a não classificação do RN”. Foi o título da reportagem, agora bem mais comedida, na edição da terça-feira (5), dois dias após o “esfria sol” do Morumbi.

- Analisei o adversário como um todo, pois não perderam um jogo sequer. Mas reconheço a dedicação e o empenho de nossos jogadores. Em momento algum se entregaram..., avaliou Simplício.

O técnico Gaspar: - reconheço a superioridade paulista, mas o resultado poderia ter sido melhor, pois o árbitro deixou de marcar uma penalidade em nosso favor quando a partida estava empatada...