José
Vanilson Julião
Jornalista
Acho engraçado, para não dizer que fico com um pé atrás da orelha,
quando leio, na rede mundial de computadores, as falácias dos simpatizantes do ‘petismo’
escreverem a todo e a direita sobre a necessidade suprema do controle ‘econômico’
contra o ‘monopólio’, como se todo jornalista ou curioso sobre o assunto não
soubesse as origens dos meios de informação desde as pinturas rupestres da
pré-história, passando pelas tábuas cuneiformes do Oriente Próximo, as ‘actas diurnas’
romanas, o papiro egípcio, os sinais de fumaça do pele-vermelha
norte-americano, os tambores africanos, a imprensa de Gutemberg (século XV), o
surgimento do Código Morse, a telegrafia sem fio, a fotografia, o cinema, o
gramofone (século XIX), o rádio e a televisão (século XX) e a internet (a
partir de 1969).
Minha gente o processo evolutivo da mídia em geral, aliado ao
desenvolvimento científico, tecnológico, o financeiro e a economia tem a ver
com tudo isso. Dando ao setor midiático características próprias e tão
complexas, que não é uma vontade unilateral do ‘esquerdismo’ que vá dá ares de
uma verdade total ao sistema de comunicação, informação e transmissão de dados,
a um toque de caixa, com o auxílio de uma varinha mágica de fada encantada ou
com os auspícios de uma pitada de pó milagroso de uma bruxinha qualquer.
Muitos falam por imitação, por ouvir dizer, enganados por
intelectual e acadêmico metido a besta, que não pesquisam a fundo ou pensam que
o fazem a cerca do assunto. Repetem a seu bel prazer isso ou aquilo, sem
respeitarem, ou por não quererem saber ou apenas por uma falsa moralidade com o
intuito de mascararem as intenções da censura e do controle ideológico da mídia
e seus canais.
Tamanha a ignorância que falam que em país tal é assim ou em país
tal é assado, países estes escolhidos a dedo com o fim de darem exemplos
concretos, quando escondem os países em que realmente se espelham para dar
continuidade ao macabro pacto de controle continental no cone sul das mentes
humanas, para que as pessoas sejam transformadas em gado com dois pés.
Estes profetas do apocalipse terreno não divulgam pelo menos um
exemplo de como um governo ‘bolivariano’ pode e age para tornar o controle da
mídia. Por isso nem todo mundo sabe que, no final da segunda semana de julho do
ano passado, o comprador de um dos maiores e mais tradicionais jornais diários
venezuelanos, o centenário 'El Universal', foi identificado como uma pequena
empresa espanhola, de nome ‘Epalisticia’.
O jornal estadunidense “New York Time” refere-se a uma entrevista
em que o diretor do 'El Universal' na ocasião, Elides Rojas, denunciava que os
compradores estão "ligados a pessoas com relação de amizade com o Governo
[venezuelano]".
O jornal norte-americano recupera os registros do Governo espanhol
que mostram o primeiro registro da ‘Epalisticia’ como de uma empresa de
construção civil, em agosto de 2013. Ora, em outubro, a empresa procedeu a uma
alteração do seu registro, declarando-se uma empresa "de investimento e
administração dos meios de comunicação", com enfoque na América Latina.
A venda deste jornal venezuelano de 105 anos foi anunciada naquele
mês, tornando-se o no terceiro órgão de comunicação de grande dimensão a ser
vendido, desde a morte do ex-presidente venezuelano, Hugo Chávez, em 5 de março
de 2013, e a eleição do seu sucessor e atual presidente, o canastrão e histriônico
Nicolás Maduro, herdeiro caricatural do também caricato HC (não confundir com
FHC).
O Governo detém atualmente 10 canais de televisão e mais de 100
estações de rádio, o que reforça as críticas contra a falta de liberdade de
expressão e da imprensa na Venezuela. Em 2014 o país ocupa o 116º lugar, em 180
lugares, na tabela elaborada
anualmente pela organização “Repórteres sem Fronteiras”.
Outros dois órgãos de comunicação vendidos na mesma época foram a
estação de televisão ‘Globovisión’ que, abertamente, tinha uma agenda
pró-oposição (a exemplo do ‘El Universal’, e a cadeia de jornais ‘Cadena
Capriles’, detentora do 'Ultimas Noticias', um dos jornais diários mais lidos
no país. Após a venda (veja-se que, por exemplo, a Globovisión foi vendida em
abril de 2013, apenas alguns dias após a eleição de Maduro), ambos se tornaram
abertamente pró-governamentais, quer em termos de agenda, quer na forma como as
notícias são elaboradas.
Em 15 de julho do ano passado, o português “Diário de Notícias”,
também em sua versão on line, na seção “TV & Média”, advertia que o ‘El’
fora vendido em um negócio “pouco claro, aumentando as preocupações acerca da independência
dos media no país”. Acrescento: certamente numa trama engendrada pelo governo
do palhaço Maduro.
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