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domingo, 31 de maio de 2015

Jornalista mistura, com lucidez, política e o folclore



PETISMO, CABRA CABRIOLA E CHARLIE CHARLIE

Por Flávio Rezende*

            Os estudantes andam apavorados com um tal de Charlie Charlie,  que segundo a crença, move diabolicamente lápis entre sins e nãos,  e depois, passa ao imaginário deles como algo real, gerando pânico e medo, desaguando tudo em noites mal dormidas e estresse para os pais.
            Os jovens, assim como nossos antepassados e todos nós, buscam crer em algo, para que esse vazio que povoa nossa mente possa ser preenchido com algum tipo de certeza que existe algo pós, para fazer ter sentido o presente e, algo, superior, para que possamos diante de fardo pesado, ter esperança que esse acima, maior e potência máxima em resolutividade possa ter pena de nós e aliviar a barra.
            E acreditando em uma coisa ou outra, vamos seguindo, sem que, diante de muitos e muitos anos já por aqui, tenhamos certeza absoluta que realmente tenha algo após ou superior, posto que sendo questão de fé, essa crença como existe hoje, só tem razão de ser nesse crer sem ver e nesse acreditar sem nada de real presenciar.
            Nestas aparições que assustam, que surgem via mídia, ou naturalmente em fenômenos sociais, minha pequena e amada Mel chegou em casa temendo uma tal de Cabra Cabriola, que segundo o Wikipédia, “é um ser imaginário da mitologia infantil portuguesa, mas também surge no resto da península Ibérica, foi depois levada para o Brasil pelos portugueses. A Cabra Cabriola é a personificação do medo, um animal em forma de cabra, um animal frequentemente de aspecto monstruoso comedor de crianças, um papa-meninos. “
            Pois a minha caçula anda temendo cerrar pálpebras e dar de cara com a Cabriola, receando não ser suficientemente arrojada para encarar a danada, crente que a cabra tem força e poderes suficientes para pintar e bordar e transformar sua alegre vida num inferno precoce.
            Seja os adolescentes arrepiados com Charlie Charlie ou as crianças tremendo diante dos feitos diabólicos da Cabra Cabriola, temos também hoje no Brasil uma turma que não acredita em nada. Esses seres já começam a despertar o interesse dos mais pós pós pós doctors do planeta. É incrível como diante de tantos fatos, antes mensais, depois semanais, hoje diários e caminhando para de hora em hora, histórias escabrosas de dólares em cuecas, dinheiro em aviões e bancos de todos os paraísos, desvios, roubos, editais direcionados, gráficas que não imprimem e recebem, eventos que não existem e tem verbas, contratos superfaturados, comissões, taxas de sucesso, administração de recursos não contabilizados, uma gama infinita de técnicas e práticas que estamos tomando conhecimento diariamente e, esta turma, nem nem, simplesmente são ateus dos eventos ocorridos no Brasil nos últimos doze anos.
            E assim seguimos, tentando amenizar os terrores que narrativas cabriolísticas e charlísticas ocorrem a nossos filhos, e pasmos diante dos ateus políticos em voga no Brasil hoje, que não sabem de nada, não acreditam em nada e, assim, voando, viajando e se fazendo de doido, vão apostando naquela coisa que perigosamente repetimos sempre, tudo passa, temos memória curta, tendemos a esquecer e perdoar...
            Queria eu que essa tal de Cabra Cabriola desse um susto bem grande nesses bandidos que assaltaram e devem ainda estar assaltando o Brasil, pois depois do mensalão engataram o petrolão e quem confia agora que não tem nada acontecendo, pois parece que não vivem sem meter a mão em alguma coisa pública.
            Além do susto da cabra, torço para que o Charlie Charlie na consulta deles no sentido de se vale continuar a prática criminosa, leve o lápis para o não. Quem sabe esse conselho mediúnico faça efeito e essa turma entre nos eixos deixando o que é público para o público e perdendo a mania feia de privatizar nosso butim para seus projetos pessoais e partidários, empobrecendo o Brasil e aterrorizando nossas vidas com mentiras, roubos, falsidades e vergonha.
           

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