José Vanilson Julião
Hoje assistir a Copa do Mundo em Cerro Cora é uma
maravilha. Não é preciso fazer peripécias.
A cidade está inserida no mundo globalizado. Com toda
a mídia à disposição.
O torcedor nem precisa sair de casa. Como um grupo de
torcedores fez para ver os jogos do Brasil no Campeonato Mundial, sediado no
México (1970).
A competição daquele ano foi a primeira a ser
transmitida pela TV para todo o planeta via satélite.
No Brasil a estrutura ficou por conta da Empresa
Brasileira de Telecomunicações (Embratel).
A estatal nacional montou a base na estação de
Tianguá, no Estado do Rio de Janeiro, que acabou em fusão com a Guanabara
quatro anos depois.
Nesse tempo o torcedor assiste os seis jogos do
selecionado nacional em preto e branco, pois ainda não havia sido implantado
definitivamente o sistema em cores, o que só viria acontecer a partir de 1972
com a transmissão da Festa da Uva de Caxias, no Rio Grande do Sul.
O privilégio de ver a camisa amarela nacional contra a
Itália, na partida final em cores, ficou apenas com os funcionários do sistema
de telecomunicação.
Em Cerro Cora não havia retransmissora de TV e não sei
detalhar tecnicamente, até pelos 52 anos decorridos, como aconteceram as
ingerência e organização para a turma de torcedor assistir os jogos.
Só sei que foi montada uma equipe para resolver o
problema, e meu pai, o comerciante e então vereador José Julião Neto, estava
metido na empreitada com um grupo de amigos cerrocoraenses, que alugaram uma
casa na vizinha cidade de Lagoa Nova, onde, na sala, montaram um aparelho de TV
de 14 polegadas.
A captação da imagem era possível por ser a cidade a
mais alta da Serra de Santana, com mais de 600 metros acima do nível do mar. A
recepção da imagem, mesmo de maneira rústica e improvisada, era feita a partir
de uma torre de transmissão que havia na região Oeste, a quilômetros de
distância.
Toda semana uma parte da turma subia para Lagoa Nova,
não lembro se era numa Kombi de papai. Só não recordo o motivo de não ter
assistido um jogo. O último das oitavas: Brasil 3 x 2 Romênia.
O que também permanece na minha memória, de um
frangote de 12 anos, foi a confusão interpretativa do vereador e protético
Lourival Libânio de Melo.
Todo mundo caiu na risada quando ele confundiu, numa
propaganda no intervalo, um aparelho de barbear como sendo uma enceradeira. O
'chuvisco' da imagem não ajudava muito, mas a narração de Walter Abrão ou
Geraldo José de Almeida pela TV Tupi era um deleite para os cerrocoraenses
amontoados no chão de cimento da casa em Lagoa Nova.
Também ficou na memória o álbum de figurinhas da Copa,
cujos envelopes com as figurinhas eram comprados na carreira de Clécio Caraú da
Cunha, que veio de Angicos trabalhar na Farmácia de Lourival Bezerra da Costa.
Isso antes dele instalar a própria farmácia já por volta de 1972/73.
*Transcrito do blog "Cerro Corá News"
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