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quinta-feira, 24 de novembro de 2022

A Copa 70 no interior do RN foi assim...

José Vanilson Julião

Hoje assistir a Copa do Mundo em Cerro Cora é uma maravilha. Não é preciso fazer peripécias.

A cidade está inserida no mundo globalizado. Com toda a mídia à disposição.

O torcedor nem precisa sair de casa. Como um grupo de torcedores fez para ver os jogos do Brasil no Campeonato Mundial, sediado no México (1970).

A competição daquele ano foi a primeira a ser transmitida pela TV para todo o planeta via satélite.

No Brasil a estrutura ficou por conta da Empresa Brasileira de Telecomunicações (Embratel).

A estatal nacional montou a base na estação de Tianguá, no Estado do Rio de Janeiro, que acabou em fusão com a Guanabara quatro anos depois.

Nesse tempo o torcedor assiste os seis jogos do selecionado nacional em preto e branco, pois ainda não havia sido implantado definitivamente o sistema em cores, o que só viria acontecer a partir de 1972 com a transmissão da Festa da Uva de Caxias, no Rio Grande do Sul.

O privilégio de ver a camisa amarela nacional contra a Itália, na partida final em cores, ficou apenas com os funcionários do sistema de telecomunicação.

Em Cerro Cora não havia retransmissora de TV e não sei detalhar tecnicamente, até pelos 52 anos decorridos, como aconteceram as ingerência e organização para a turma de torcedor assistir os jogos.

Só sei que foi montada uma equipe para resolver o problema, e meu pai, o comerciante e então vereador José Julião Neto, estava metido na empreitada com um grupo de amigos cerrocoraenses, que alugaram uma casa na vizinha cidade de Lagoa Nova, onde, na sala, montaram um aparelho de TV de 14 polegadas.

A captação da imagem era possível por ser a cidade a mais alta da Serra de Santana, com mais de 600 metros acima do nível do mar. A recepção da imagem, mesmo de maneira rústica e improvisada, era feita a partir de uma torre de transmissão que havia na região Oeste, a quilômetros de distância.

Toda semana uma parte da turma subia para Lagoa Nova, não lembro se era numa Kombi de papai. Só não recordo o motivo de não ter assistido um jogo. O último das oitavas: Brasil 3 x 2 Romênia.

O que também permanece na minha memória, de um frangote de 12 anos, foi a confusão interpretativa do vereador e protético Lourival Libânio de Melo.

Todo mundo caiu na risada quando ele confundiu, numa propaganda no intervalo, um aparelho de barbear como sendo uma enceradeira. O 'chuvisco' da imagem não ajudava muito, mas a narração de Walter Abrão ou Geraldo José de Almeida pela TV Tupi era um deleite para os cerrocoraenses amontoados no chão de cimento da casa em Lagoa Nova.

Também ficou na memória o álbum de figurinhas da Copa, cujos envelopes com as figurinhas eram comprados na carreira de Clécio Caraú da Cunha, que veio de Angicos trabalhar na Farmácia de Lourival Bezerra da Costa. Isso antes dele instalar a própria farmácia já por volta de 1972/73.

*Transcrito do blog "Cerro Corá News"

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