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quarta-feira, 16 de novembro de 2022

O desaparecimento do Alecrim Futebol Clube

José Vanilson Julião

O torcedor alecrinense vive momento de satisfação pela subida do clube após o calvário de cinco anos fora da elite do futebol potiguar após ser rebaixado em 2017.

Até um torcedor americano me cobrou uma reportagem sobre o assunto, a quem respondi que preparava um texto totalmente diferente da cobertura sobre o campeão da segunda divisão norte-rio-grandense.

Durante a temporada na "Série B" pelo menos a agremiação esmeraldina esteve em franca atividade temporária de segundo semestre, mas a história registra que o representante do bairro do Alecrim viveu dias piores.

Ou melhor: desaparece do mapa futebolístico da capital do Estado. Registra o "Diário de Pernambuco" (sábado, 6/7/1918).

O simpatizante pode verificar no site oficial alviverde a menção de que o Alecrim passou um período em inatividade após a fundação (15/7/1915) posteriormente ao ABC (29/6) e América (14/7).

Há registro do primeiro jogo do então tricolor com um time das Escola de Aprendizes Marinheiros, enquanto este repórter localiza, pela primeira vez, a data de segundo amistoso (domingo, 10/6/1918), Alecrim e o ABC, cujo resultado não é encontrado.

O “Diário” dá as escalações: ABC: Mendes, Arêas, Canindé, Tarugo, Amaro, Carvalho, Tavares, Nóbrega, Avelino, Tolaco e Lourival; Alecrim: Ricardo, Firmino, Humberto, Waldemar, Pedro Vianna, Carvalho, Gentil, Ferreira e Elviro.

O jornal do Recife mantinha um "correspondente especial" responsável pelo espaço "O 'Diário' no Rio Grande do Norte.". E justamente na edição mencionada, entre notas diversas, é anunciado: - Acaba de ser fundado à Rua Santo Antônio, sob os auspícios de distintos moços do nosso meio social o "Centro Sportivo Natalense."

O CSN (ou CEN) é aquele mesmo que acabaria líder do campeonato local encerrado antes do fim por causa da epidemia da gripe espanhola ("Influenza"). E que na virada de 1940 para 1941 se transformaria no rubro-negro Clube Atlético Potiguar (CAP), apelidado de "Moleque Travesso" anos depois pela crônica esportiva natalense.

O incrível nisso tudo: a reunião acontecida por volta do meio dia no citado enderenço é presidida pelo desportista Lauro Medeiros, um dos fundadores do Alecrim. Sendo, portanto, responsável pelo inusitado e inesperado desfecho: a fusão do clube com um até agora desconhecido "Flamengo" para dar vida ao Centro.

O telegrama enviado (14/8) indica que são formadas comissões e uma diretoria provisória. Detalhamento publicado na quarta-feira (25) com data de quatro dias antes: Barôncio Guerra (presidente), Cícero Aranha (vice), Silvino Dantas (primeiro-secretário), Adauto da Câmara (orador), Miguel Medeiros (tesoureiro), João Café Filho (diretor de esportes) e Joaquim Lustosa Filho (vice-diretor de esportes).

Como se nota a maioria dos membros da nova direção é composta por fundadores ou simpatizantes da antiga agremiação, com o detalhe de que um outro, Aranha, consta na relação dos fundadores do ABC. Com posse na mesma sessão, realizada numa quarta-feira.

Portanto a situação é chave para em seguida ser fundada a primeira liga de futebol. Também é certo que decorridos os torneios subsequentes, com o América campeão em 1919/20 e o CEN em 1921, o Alecrim ressurge para alcançar um bicampeonato contestado: 1924/25. E um tri de segundo quadro em seguida.

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