José Vanilson Julião
O torcedor alecrinense
vive momento de satisfação pela subida do clube após o calvário de cinco anos
fora da elite do futebol potiguar após ser rebaixado em 2017.
Até um torcedor
americano me cobrou uma reportagem sobre o assunto, a quem respondi que preparava
um texto totalmente diferente da cobertura sobre o campeão da segunda divisão
norte-rio-grandense.
Durante a temporada na
"Série B" pelo menos a agremiação esmeraldina esteve em franca
atividade temporária de segundo semestre, mas a história registra que o
representante do bairro do Alecrim viveu dias piores.
Ou melhor: desaparece do
mapa futebolístico da capital do Estado. Registra o "Diário de
Pernambuco" (sábado, 6/7/1918).
O simpatizante pode
verificar no site oficial alviverde a menção de que o Alecrim passou um período
em inatividade após a fundação (15/7/1915) posteriormente ao ABC (29/6) e América
(14/7).
Há registro do primeiro
jogo do então tricolor com um time das Escola de Aprendizes Marinheiros,
enquanto este repórter localiza, pela primeira vez, a data de segundo amistoso
(domingo, 10/6/1918), Alecrim e o ABC, cujo resultado não é encontrado.
O “Diário” dá as
escalações: ABC: Mendes, Arêas, Canindé, Tarugo, Amaro, Carvalho,
Tavares, Nóbrega, Avelino, Tolaco e Lourival; Alecrim:
Ricardo, Firmino, Humberto, Waldemar, Pedro Vianna, Carvalho, Gentil, Ferreira
e Elviro.
O jornal do Recife
mantinha um "correspondente especial" responsável pelo espaço "O
'Diário' no Rio Grande do Norte.". E justamente na edição mencionada,
entre notas diversas, é anunciado: - Acaba de ser fundado à Rua Santo Antônio,
sob os auspícios de distintos moços do nosso meio social o "Centro
Sportivo Natalense."
O CSN (ou CEN) é aquele
mesmo que acabaria líder do campeonato local encerrado antes do fim por causa
da epidemia da gripe espanhola ("Influenza"). E que na virada de 1940
para 1941 se transformaria no rubro-negro Clube Atlético Potiguar (CAP),
apelidado de "Moleque Travesso" anos depois pela crônica esportiva
natalense.
O incrível nisso tudo: a
reunião acontecida por volta do meio dia no citado enderenço é presidida pelo
desportista Lauro Medeiros, um dos fundadores do Alecrim. Sendo, portanto,
responsável pelo inusitado e inesperado desfecho: a fusão do clube com um até
agora desconhecido "Flamengo" para dar vida ao Centro.
O telegrama enviado (14/8)
indica que são formadas comissões e uma diretoria provisória. Detalhamento publicado
na quarta-feira (25) com data de quatro dias antes: Barôncio Guerra
(presidente), Cícero Aranha (vice), Silvino Dantas (primeiro-secretário),
Adauto da Câmara (orador), Miguel Medeiros (tesoureiro), João Café Filho
(diretor de esportes) e Joaquim Lustosa Filho (vice-diretor de esportes).
Como se nota a maioria
dos membros da nova direção é composta por fundadores ou simpatizantes da
antiga agremiação, com o detalhe de que um outro, Aranha, consta na relação dos
fundadores do ABC. Com posse na mesma sessão, realizada numa quarta-feira.
Portanto a situação é
chave para em seguida ser fundada a primeira liga de futebol. Também é certo
que decorridos os torneios subsequentes, com o América campeão em 1919/20 e o
CEN em 1921, o Alecrim ressurge para alcançar um bicampeonato contestado:
1924/25. E um tri de segundo quadro em seguida.
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