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sábado, 20 de dezembro de 2025

O artilheiro de uma única temporada pelo ABC (VI)

Fluminense campeão do Rio-São Paulo 1960: Clóvis, Jair Marinho, Edmilson Piromba (voltou ao ABC como treinador-jogador e descobriu João Galego no bairro das Rocas), Altair, Castilho, Pinheiro, Maurinho, Paulinho, Valdo, Telê e Escurinho

“Gol é com João Galego, pequenino, mas resolve”

Tribuna do Norte (sexta-feira – 23 de maio de 1969)


José Carlos Borges (reportagem)

Abmael Morais (texto final)


Quando o juiz Jader Correia (da Costa) assinalou o pênalti que redundaria no oitavo gol do ABC contra o Atlético, a torcida em peso passou a gritar o nome de João Galego, pedindo que fosse ele o encarregado da cobrança. Convertendo o oitavo gol da partida e o seu oitavo gol do campeonato. A partir dali passava a ser líder isolado na tábua da artilharia.

Depois do jogo, modestamente, dizia: “Não me interessa ser artilheiro. A mim só importa que o ABC vença e saia campeão, pois esse será meu primeiro grande título no futebol.” João Galego, que é também chamado João de Almeida ou ainda, somente, Almeida, era um simples jogador de subúrbio quando Edmilson Piromba (treinador e antigo zagueiro do Santa Cruz/RN, ABC, Fluminense/RJ e do Internacional de Porto Alegre) o descobriu para o ABC.

Formando dupla de área com Izulamar, aos poucos foi subindo de conceito junto à torcida abecedista e à medida que ia marcando seus gols, ganhava ponto para se tornar ídolo. Mas aí chegou o Esquerdinha (o paulista Sérgio Depercia) e Galego ficou fora do time.

UM PARALELO

O ABC estava em crise. A torcida reclamava que o time andava mal das pernas e o ataque não fazia gols. Apesar de fazê-los. A volta de Alberi, o grande ídolo, alegrou – é bem verdade – mas ainda não era o suficiente.

Foi preciso aparecer Esquerdinha, de quem se dizia maravilhas, para que a torcida respirasse aliviada. E já se imaginava o ataque fabuloso: Babá, Esquerdinha, Alberi e Burunga. Só que não funcionou. E enquanto isso Izulamar e Galego ficavam fora das cogitações. Eles que eram os artilheiros do time. Eles que estavam marcando os gols que a torcida exigia.

Saiu Edmilson entrou Pedrinho (Pedro “40” Teixeira da Silva). Dando uma de João Saldanha escalou logo seu time titular. Time esse que não contava com João Galego. Mas Pedrinho, justificando a inclusão de Esquerdinha no time titular armou um novo esquema: Esquerdinha jogaria atrás no meio campo buscando o jogo. Se o padrão técnico da equipe melhorou, o que não melhorou, entretanto, foi a artilharia. E foi preciso voltar João Galego. O ABC marcou oito gols. Estava justificado o artilheiro.

QUEM É QUEM

João Galego é daqui de Natal, das Rocas. A experiência antes do ABC se resumia a times da segunda divisão (Nacional e Palmeiras do bairro) e do interior: Ipiranga (Ceará-Mirim) e Boca Júnior de “Baixa Verde” (João Câmara). Era o chamado jogador mercenário: quem lhe oferecesse mais, nos finais de semana em excursões, contaria com ele vestindo a camisa número nove.

Apesar de achar muita diferença entre o amadorismo e o regime profissional, diz que já está acostumando, “pois somente em forma e jogando no time de cima, é que se ganha notoriedade.” João Galego chegou nos estudos até o ginasial...

JULGANDO OS OUTROS

Para ele craque mesmo é Evaldo (de Oliveira Paula, o “Pancinha”) do América. Mas também cita Alberi, Izulamar e Sebastião...

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