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terça-feira, 9 de dezembro de 2025

A majestade do futebol acima das cores do modismo

Dondinho, Pelé, dona Celeste e a irmã/FIFA

O "amarelo" virou uma realidade comum

JOSÉ MARIA DE AQUINO

Jornalista

Tem coisa, qualquer coisa, que, digamos, uma pessoa pode usar, ou falar, que lhe cai bem, mas que não fica bem em outra. A mesma "coisa" em outra pessoa.

E, então, a gente pode dizer que "numa pode", mas que em outra "não pode". Não deve. É proibido.

Nos anos 1970 pintou por aqui, passando por Botafogo, Flamengo, Grêmio, e viveu uns tempos na França, um jogador irreverente, que vestia roupas estravagantes e pintava o cabelo de acaju.

Desfilava em carros esportivos, exibia-se com belas garotas e ninguém o criticava. Ao contrário, era aplaudido e a cor do cabelo pintado acabou adicionado do seu nome: Paulo César Caju.

PC Caju: Charge do jornal "Última Hora"

Nesse tempo, num almoço de entrega da Bola de prata no Roof da Abril (editora), ele, PC Caju, vestindo um chique terno de linho branco, camisa azul neném, de fina opaca, viu Pelé e brincou.

"Pô, Negão, só você mesmo para se vestir de São Benedito que fugiu da Igreja e não ser preso pela polícia.” Todos riram.

Pelé, que veio receber a Bola de Ouro, como 'fora do concurso", vestia um “summer" roxo, com lapela preta. E, pura verdade, ele, Pelé, o rei, maior de todos, podia. Podia até andar só de sunga.

Ainda nessa época, veio de Minas para o Corinthians um ponta-esquerda, que também pintava o cabelo de amarelo. Romeu "Cambalhota" não era craque e o técnico pegava no pé dele.

Osvaldo Brandão mandava que ele acompanhasse o lateral adversário dando o primeiro combate, e quando Romeu esquecia da missão, mostrava a ele os dedos em forma de alicate, prometendo puxar-lhe as orelhas.

Mais para frente, no São Paulo, o ponta Macedo apareceu com apliques no cabelo em forma de trancinhas. O que exige horas no cabelereiro. Telê olhou, não gostou e ordenou: Vá tirar.

Como disse, tem "coisas", modas que alguns podem usar, extravagantes ou não, que lhes ficam bem e que outros não podem. Não lhes caem bem. E acabam, corretamente, proibidos.

Ou melhor, eram proibidos. Porque de uns tempos para cá, é um tal de pintar o cabelo de loiro que virou uma praga. Contamos nos dedos da mão esquerda os que a gente acha que podem.

Não vou escrever os nomes porque demoraria muito tempo. Mas, já perceberam? E parece que chamam mais ainda atenção pela pobreza do futebol que mostram.

Bons tempos do esvoaçante cabelo "camomila" de João Leiva Filho, um que também podia. Leivinha era íntimo da bola...

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