
Dondinho, Pelé, dona Celeste e a irmã/FIFA
O "amarelo" virou uma realidade comum
JOSÉ MARIA DE AQUINO
Jornalista
Tem coisa, qualquer coisa,
que, digamos, uma pessoa pode usar, ou falar, que lhe cai bem, mas que não fica
bem em outra. A mesma "coisa" em outra pessoa.
E, então, a gente pode dizer que "numa
pode", mas que em outra "não pode". Não deve. É proibido.
Nos anos 1970 pintou por aqui, passando por
Botafogo, Flamengo, Grêmio, e viveu uns tempos na França, um jogador
irreverente, que vestia roupas estravagantes e pintava o cabelo de acaju.
Desfilava em carros esportivos, exibia-se com
belas garotas e ninguém o criticava. Ao contrário, era aplaudido e a cor do
cabelo pintado acabou adicionado do seu nome: Paulo César Caju.

PC Caju: Charge do jornal "Última Hora"
Nesse tempo, num almoço de entrega da Bola de
prata no Roof da Abril (editora), ele, PC Caju, vestindo um chique terno
de linho branco, camisa azul neném, de fina opaca, viu Pelé e brincou.
"Pô, Negão, só você mesmo para se vestir
de São Benedito que fugiu da Igreja e não ser preso pela polícia.” Todos riram.
Pelé, que veio receber a Bola de Ouro, como
'fora do concurso", vestia um “summer" roxo, com lapela preta. E,
pura verdade, ele, Pelé, o rei, maior de todos, podia. Podia até andar só de
sunga.
Ainda nessa época, veio de Minas para o
Corinthians um ponta-esquerda, que também pintava o cabelo de amarelo. Romeu
"Cambalhota" não era craque e o técnico pegava no pé dele.
Osvaldo Brandão mandava que ele acompanhasse o
lateral adversário dando o primeiro combate, e quando Romeu esquecia da missão,
mostrava a ele os dedos em forma de alicate, prometendo puxar-lhe as orelhas.
Mais para frente, no São Paulo, o ponta Macedo
apareceu com apliques no cabelo em forma de trancinhas. O que exige horas no
cabelereiro. Telê olhou, não gostou e ordenou: Vá tirar.
Como disse, tem "coisas", modas que
alguns podem usar, extravagantes ou não, que lhes ficam bem e que outros não
podem. Não lhes caem bem. E acabam, corretamente, proibidos.
Ou melhor, eram proibidos. Porque de uns
tempos para cá, é um tal de pintar o cabelo de loiro que virou uma praga.
Contamos nos dedos da mão esquerda os que a gente acha que podem.
Não vou escrever os nomes porque demoraria
muito tempo. Mas, já perceberam? E parece que chamam mais ainda atenção pela
pobreza do futebol que mostram.
Bons tempos do esvoaçante cabelo
"camomila" de João Leiva Filho, um que também podia. Leivinha era
íntimo da bola...
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