José Vanilson Julião
Durante a implantação e consolidação do futebol os personagens centrais são oriundos das famílias da aristocracia rural e emergentes (1903/1920), como os Pedrosa, Maranhão e Barreto.
Logo depois aparecem estudantes, funcionários públicos, militares de
patentes diversas e profissionais liberais. E fundam os clubes extintos e os
que sobreviveram até hoje: América, ABC e Alecrim.
De 1930 em diante ricaços e a classe média são torcedores. A constatação
pode ser feita ao longo desta série, principalmente pelas últimas duas
postagens.
Quando se verifica que as homenagens aos jogadores pela campanha no
Campeonato Brasileiro de Seleções Estaduais são iniciativas de líderes
políticos, bacharéis e literatos provincianos.
Duas personalidades discursam nas recepções. O poeta Amaro Barreto Sobrinho (escriturário da Delegacia Fiscal em 1919), parente bem próximo do primeiro, o comerciante Amaro Barreto, casado com uma Pedrosa.
E o advogado Afonso Saraiva Júnior (ou “Filho”). Pelo nome sabe-se que é descendente do coronel Afonso Saraiva de Albuquerque Maranhão, nome de travessa em Macaíba (Grande Natal).
O "industrial" Afonso Saraiva, primeiro dono dos casarões
"Caxangá" (Macaíba), e do chalé da subida da antiga Avenida Junqueira
Aires (acesso da Ribeira para a Cidade Alta), onde morou Luís da Câmara
Cascudo.
O primeiro casarão estilo colonial, sede da Fazenda Barra (1850), foi
construído pelo coronel Estevão José Barbosa de Moura (1810 - 1891). O compra
Afonso e termina como dote para o casamento da filha, dona Segunda, com o
sobrinho major Antônio de Andrade Lima (1900).
Conhecido como “casarão do largo de São José” Andrade Lima o batiza de
“Solar do Caxangá”, que significa “Casa de Goiamum”, crustáceo da família dos
caranguejos cuja carapaça possui coloração azul. No período o solar foi o
centro da propaganda oposicionista no município.
Entre 1981/89 sedia a secretaria municipal de Trabalho e Ação Social.
Recuperada pela família para moradia (2002) é vendida ao recém fundado Instituto
Pró-Memória de Macaíba, presidido pelo médico Olímpio Maciel.
O Instituto, com sede na Rua Pedro Velho (Centro), tem como fim
salvaguardar o espólio cultural e a história do município. O prédio foi tombado
pelo patrimônio histórico estadual no mesmo ano.
Inclusive o major Saraiva e o comendador Umbelino de Mello foram
testemunhas do primeiro casamento civil em Macaíba, quando da separação Igreja
- Estado com a Proclamação da República e queda do II Reinado.
O local é o mesmo, mas o endereço oficial mudou para homenagear quem
residiu no antigo casarão da Avenida Câmara Cascudo, 377.
Construída (1900) por Afonso é adquirido (1910) pelo então futuro sogro do
escritor, desembargador José Teotônio Freire (1858-1944).
Em 1947 Cascudo
compra o chalé da sogra, Maria Leopoldina Viana Freire, e lá vive até o
falecimento (1986). Foi tombada pelo governo estadual (Portaria 045/90). Após o
falecimento da esposa, Dáhlia (1997), a casa permanece aos cuidados da filha,
Anna Maria Cascudo Barreto.
Em 2005
encontrava-se comprometida por infestação de cupins no telhado. Para solucionar
este problema foi realizada restauração a cargo do engenheiro civil Camilo de
Freitas Barreto, marido de Anna Maria, iniciada em dezembro e concluída em
dezembro de 2009, com recursos próprios.
A casa foi aberta à
visitação pública, a partir de janeiro de 2010, abrigando o LUDOVICUS –
INSTITUTO CÂMARA CASCUDO e possibilitando a todos os interessados conhecer um
pouco mais sobre o mestre potiguar.
FONTES
Almanaque Laemert
A Ordem
A República
Potiguar Notícias
Guia Fácil
História e Genealogia (Anderson Tavares de Lira)
Instituto José Maciel
Ipatrimônio (Patrimônio Cultural Brasileiro)
Ludovicus – Instituto Câmara Cascudo
Nádia Minéia Lago de Deus
Valério Mesquita
Nenhum comentário:
Postar um comentário