
O campo da Ilha do Retiro nos anos 30 com o casarão sede do Sport Clube do Recife 
Navamuel
JOSÉ VANILSON JULIÃO
- Atualmente o futebol é praticado com mais técnica. Antigamente era como
uma sanfona, um vai e vem danado, tudo na base do querer vencer. Era preciso
ter um folego extraordinário para jogar uma partida...
Eis uma pontinha do terceiro dos 17 parágrafos da exclusiva entrevista do
ex-ponta-direita do Sport Recife, ABC e Náutico para a edição dominical do Diário
de Pernambuco (2 de março de 1980), antes de falecer dois anos depois, aos
69 anos.
Segue a reportagem “Pedro Malasombrado a recordação do passado”: - Começou
a carreira como meia-esquerda do Sport (1934) com o treinador uruguaio Carlos
Viola, com passagem pelo Palmeiras.
Diz Pedro Clodoaldo: “No passado os ponteiros fechavam muito para o gol e
chutavam todas as vezes que podiam. Hoje trabalham muito pela linha de fundo,
muito mais em função do cruzamento, quando não dão a bola para trás, naquela
história de troca de passes com os laterais...
Cita alguns bons ponteiros da época: Siduca e Valfrido (Santa Cruz), mais o
Celso (Náutico). Também enumera alguns gols que fez em partidas inesquecíveis
com o São Paulo, Portuguesa de Desportos e Vitória da Bahia, amistosos em casa
e fora.
Campeão estadual pelo rubro-negro e pelo alvirrubro pendura as chuteiras
aos 27 anos (1941) para se dedicar ao comércio. E ainda recorda o único título
no RN (a reportagem sugere como fato curioso que poucos conhecem).
- O Sport excursionou a Natal em 1939 (na verdade foi em junho de 1935). No
primeiro jogo vencemos por 5 a 1 o América (“um gol meu”) e no segundo, 3 x 2,
fiz o gol da vitória contra o ABC. Na volta ao Recife o Sport contrata um
jogador do Vasco da Gama, o argentino Valentín Navamuel (veio do Estudiantes de
La Plata) para o meu lugar, alegando que estava jogando mal. Fiquei aborrecido
e não fui mais treinar...
Um dia encontrei um telegrama em casa, de Natal, me convidando para jogar
no ABC. Não tive dúvida, fui. Naquela época o atleta não precisava de
liberatório para atuar em outro estado.
Ali conquistei o primeiro turno do campeonato potiguar. Acontece que o
jogador argentino nao aprovou, confessando que jogava na direita, e não na
esquerda, e me chamaram para minha posição...
O APELIDO
Último paragrafo do DP – Pedro Malassombro não tinha esse nome. Morava em
Olinda, conhecido e bem quisto, não só pelo talento futebolístico, como também
gostava de jogar bilhar no Carmo.
A ordem do pai era para que chegasse em casa antes das 21 horas e como
Pedro Clodoaldo Falcão era filho obediente não queria passar desse horário.
Quando os ponteiros do relógio marcavam 21 horas sacudia os tacos e saía correndo
para casa.
Ora, seu amigo e parceiro mais constante, “Zezé Rato Podre” (hoje deputado
Zezé Fernandes), ficava assustado com o comportamento do amigo e reagia: “Eita
sujeito malassombrado!”. E sempre dizia assim todas as vezes que Pedro deixava
o convívio do grupo, às carreiras, com medo de chegar em casa atrasado. O apelido
pegou.
Muitas recordações... A construção do estádio na Ilha do Retiro (participou
do mutirão para limpar o terreno), a inauguração contra o Santa Cruz, “perdia
de 3 x 0 e viramos para 6 x 3 (na verdade 6 a 5), o gol do empate na Bahia (4 x 4), faltando dois
minutos, depois de sair do banco de reservas...
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