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sexta-feira, 31 de outubro de 2025

O quinto jogador americano da família Canuto (III)

José Luiz Galvão (sentado)
em homenagem na sede
social americana

AMÉRICA VOLTOU! – Crônica Pebolística

Cacá Medeiros Filho (7/12/2016)

O América ficou licenciado da Federação Norte-rio-grandense de Futebol (FNF) durante seis anos, entre 1960 e 1965, não disputando campeonatos oficiais, quando se dedicou a construção da sede social na Rua Rodrigues Alves, bairro do Tirol...

O campeonato potiguar sentiu, nesses anos, a ausência da segunda maior torcida da cidade e, evidentemente, das partidas entre os maiores rivais do nosso futebol, o denominado “Clássico Rei”.

Em compensação, promoveu o crescimento do Alecrim, que, com o bicampeonato conquistado em 1963 – 64, se tornou um dos “grandes” e obteve um incremento significativo dos torcedores...

Em 1965 houve uma tentativa de retorno rapidamente e precocemente desencorajada. Em 1966, com a sede social praticamente pronta, o retorno parecia irreversível. Havia, entretanto, resistência e em janeiro daquele ano, a dúvida persistia...

Em 10 de janeiro de 1966 o vice-presidente dos interesses desportivos do América, Rui Barreto de Paiva, concedia uma entrevista ao jornalista Eugênio Neto, e afirmava que a volta do clube rubro ao futebol estaria condicionada à conclusão dos serviços de reforma do estádio Juvenal Lamartine.

Para muitos esses condicionantes era a válvula que permitiria o clube ficar mais um ano fora das atividades futebolísticas. A reforma do JL correspondia à construção da arquibancada central e da “geral” atrás do gol do fundo.

Enquanto a arquibancada central, apesar do marasmo das obras, poderia ser concluída, estava descartada, praticamente, a construção da “geral”. Além disso, a sede social não estava totalmente concluída e as grandes despesas com um time de futebol poderiam prejudicar a conclusão da obra e que tinha sido a causa da saída do América da Federação.

A questão tomava rumo de novela, já que no outro dia, o presidente do América, Humberto Pignataro, comunicava ao diretor José Luiz Galvão (Lelé) que continuasse o trabalho de treinamento da equipe, pois a volta estava de pé.

Esclarecia, entretanto o presidente rubro, que no primeiro ano ninguém esperasse um time poderoso, já que a meta do clube ainda era a conclusão da sede e complementava que a partir de 67, sim, o time seria pra valer.

No dia 13 de janeiro, o impasse persistia. Por um lado, noticiava-se a renúncia do dirigente Carlos Cerino, até então responsável direto pelo retorno dos rubros à Federação. Por outro lado, havia a autorização dada por Pignataro, e reforçada por Humberto Nesi, da continuação do treinamento do improvisado e não oficial grupo de jogadores.

Era ventilado na imprensa que o Conselho Deliberativo já tinha aprovado uma verba que seria destinada ao futebol. A opinião geral dos americanos era de que mesmo retornando sem o poderio de uma grande equipe, o reforçamento viria com o decorrer do próprio campeonato.

Contornos favoráveis à volta do América foram traçados em reunião da diretoria em 25 de janeiro. Mesmo sem cunho oficial, era quase certo que a diretoria e o conselho iriam aprovar o retorno do América ao futebol, inicialmente com um “time experiência” no turno, melhorando nos turnos ou turno subsequente, depois de “esquentar” o entusiasmo dos dirigentes e adeptos.

O plantel seria entregue a uma comissão que teria o retorno de Carlos Cerino, ao lado de José Luiz Galvão e Carlos Roberto Maia (ex-goleiro do aspirante e futuro magistrado).

2 de fevereiro, quinta-feira, trazia uma surpreendente e alvissareira notícia para a torcida americana. Estava marcada para o imediato domingo (5) a primeira partida do América depois da longa inatividade e, com isso, encerrava-se a polêmica sobre o retorno americano.

O América atuaria contra um time suburbano e na preliminar do amistoso entre ABC e Treze de Campina Grande. A imprensa comentava que apesar de improvisado, o quadro alvirrubro contava com jogadores de destaque como Creso Guanabara de Sousa, Bagadão, Jairo e Macarrão.

Na quinta à noite, uma reunião entre o presidente Humberto Pignataro e o Departamento de Futebol confirmava a volta às disputas do futebol. Ficava definido que o clube contribuiria, mensalmente, com 600 mil, enquanto um plano de loteamento de um terreno em Igapó, a ser vendido em prestações, ajudaria em carrear fundos para as despesas com o plantel. Haveria, ainda, listas de contribuições entre associados e simpatizantes.

Finalmente a torcida americana via seu time retornar ao gramado do Juvenal Lamartine e isso ocorria auspiciosamente com uma goleada sobre o Estrela do Mar por 4 x 0. Os gols da partida foram de Véscio (dois), Bagadão e Tota.

O importante para o quadro que estava há muitos anos fora do futebol era, segundo o Diário de Natal, enfrentar mesmo um quadro frágil para assinalar com o pé direito o retorno. O jornal comentava que alguns valores, Ronaldo, Jairo, Véscio, Bagadão, Caranguejo, Mário, Tota, Estorlandio (apelidado de Pistolão) e Tarcísio, poderiam continuar na equipe.

A primeira escalação: Ronaldo, Aloé, Jairo, Vivaldo, Ademir; Toinho, Linaldo, Macarrão, Bagadão, Tarcísio e Véscio. Entraram no decorrer da partida Joca, Mário Solinha, Vinícius, Estorlandio, Caranga, Luciano e Tota.

Uma semana depois, no outro domingo, o América fazia a segunda apresentação, preliminar do amistoso Alecrim x Treze. O adversário, mais forte, era a Seleção das Quintas que reunia os melhores jogadores da várzea. O América venceu de 2 x 1, com tentos de Véscio e Caranguejo.

O time apresentou a seguinte escalação: Ronaldo (Jorge Sousa), Paulo Tubarão, Rodrigues, Chico (Vavá), Ademir, Toinho (Tota), Caranguejo; Rafael (Macarrão), Bagadão, Tarcísio (Véscio) e Lucinal (Bazinho).

 

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