
José Luiz Galvão (sentado)
em homenagem na sede
social americana
AMÉRICA VOLTOU! –
Crônica Pebolística
Cacá Medeiros Filho (7/12/2016)
O América ficou licenciado da Federação Norte-rio-grandense
de Futebol (FNF) durante seis anos, entre 1960 e 1965, não disputando
campeonatos oficiais, quando se dedicou a construção da sede social na Rua
Rodrigues Alves, bairro do Tirol...
O campeonato potiguar sentiu, nesses anos, a ausência da segunda
maior torcida da cidade e, evidentemente, das partidas entre os maiores rivais
do nosso futebol, o denominado “Clássico Rei”.
Em compensação, promoveu o crescimento do Alecrim, que, com o
bicampeonato conquistado em 1963 – 64, se tornou um dos “grandes” e obteve um
incremento significativo dos torcedores...
Em 1965 houve uma tentativa de retorno rapidamente e
precocemente desencorajada. Em 1966, com a sede social praticamente pronta, o
retorno parecia irreversível. Havia, entretanto, resistência e em janeiro
daquele ano, a dúvida persistia...
Em 10 de janeiro de 1966 o vice-presidente dos interesses
desportivos do América, Rui Barreto de Paiva, concedia uma entrevista ao
jornalista Eugênio Neto, e afirmava que a volta do clube rubro ao futebol
estaria condicionada à conclusão dos serviços de reforma do estádio Juvenal
Lamartine.
Para muitos esses condicionantes era a válvula que permitiria o
clube ficar mais um ano fora das atividades futebolísticas. A reforma do JL
correspondia à construção da arquibancada central e da “geral” atrás do gol do
fundo.
Enquanto a arquibancada central, apesar do marasmo das obras,
poderia ser concluída, estava descartada, praticamente, a construção da
“geral”. Além disso, a sede social não estava totalmente concluída e as grandes
despesas com um time de futebol poderiam prejudicar a conclusão da obra e que
tinha sido a causa da saída do América da Federação.
A questão tomava rumo de novela, já que no outro dia, o
presidente do América, Humberto Pignataro, comunicava ao diretor José Luiz
Galvão (Lelé) que continuasse o trabalho de treinamento da equipe,
pois a volta estava de pé.
Esclarecia, entretanto o presidente rubro, que no primeiro ano
ninguém esperasse um time poderoso, já que a meta do clube ainda era a
conclusão da sede e complementava que a partir de 67, sim, o time seria pra
valer.
No dia 13 de janeiro, o impasse persistia. Por um lado, noticiava-se
a renúncia do dirigente Carlos Cerino, até então responsável direto pelo
retorno dos rubros à Federação. Por outro lado, havia a autorização dada por
Pignataro, e reforçada por Humberto Nesi, da continuação do treinamento do
improvisado e não oficial grupo de jogadores.
Era ventilado na imprensa que o Conselho Deliberativo já tinha
aprovado uma verba que seria destinada ao futebol. A opinião geral dos
americanos era de que mesmo retornando sem o poderio de uma grande equipe, o
reforçamento viria com o decorrer do próprio campeonato.
Contornos favoráveis à volta do América foram traçados em
reunião da diretoria em 25 de janeiro. Mesmo sem cunho oficial, era quase certo
que a diretoria e o conselho iriam aprovar o retorno do América ao futebol,
inicialmente com um “time experiência” no turno, melhorando nos turnos ou turno
subsequente, depois de “esquentar” o entusiasmo dos dirigentes e adeptos.
O plantel seria entregue a uma comissão que teria o retorno de
Carlos Cerino, ao lado de José Luiz Galvão e Carlos Roberto Maia
(ex-goleiro do aspirante e futuro magistrado).
2 de fevereiro, quinta-feira, trazia uma surpreendente e
alvissareira notícia para a torcida americana. Estava marcada para o imediato
domingo (5) a primeira partida do América depois da longa inatividade e, com
isso, encerrava-se a polêmica sobre o retorno americano.
O América atuaria contra um time suburbano e na preliminar do
amistoso entre ABC e Treze de Campina Grande. A imprensa comentava que apesar
de improvisado, o quadro alvirrubro contava com jogadores de destaque como Creso
Guanabara de Sousa, Bagadão, Jairo e Macarrão.
Na quinta à noite, uma reunião entre o presidente Humberto
Pignataro e o Departamento de Futebol confirmava a volta às disputas do futebol.
Ficava definido que o clube contribuiria, mensalmente, com 600 mil, enquanto um
plano de loteamento de um terreno em Igapó, a ser vendido em prestações,
ajudaria em carrear fundos para as despesas com o plantel. Haveria, ainda,
listas de contribuições entre associados e simpatizantes.
Finalmente a torcida americana via seu time retornar ao gramado
do Juvenal Lamartine e isso ocorria auspiciosamente com uma goleada sobre o
Estrela do Mar por 4 x 0. Os gols da partida foram de Véscio (dois), Bagadão e
Tota.
O importante para o quadro que estava há muitos anos fora do
futebol era, segundo o Diário de Natal, enfrentar mesmo um quadro frágil
para assinalar com o pé direito o retorno. O jornal comentava que alguns
valores, Ronaldo, Jairo, Véscio, Bagadão, Caranguejo, Mário, Tota, Estorlandio
(apelidado de Pistolão) e Tarcísio, poderiam continuar na equipe.
A primeira escalação: Ronaldo, Aloé, Jairo, Vivaldo, Ademir;
Toinho, Linaldo, Macarrão, Bagadão, Tarcísio e Véscio. Entraram no decorrer da
partida Joca, Mário Solinha, Vinícius, Estorlandio, Caranga, Luciano e Tota.
Uma semana depois, no outro domingo, o América fazia a segunda
apresentação, preliminar do amistoso Alecrim x Treze. O adversário, mais forte,
era a Seleção das Quintas que reunia os melhores jogadores da várzea. O América
venceu de 2 x 1, com tentos de Véscio e Caranguejo.
O time apresentou a seguinte escalação: Ronaldo (Jorge Sousa),
Paulo Tubarão, Rodrigues, Chico (Vavá), Ademir, Toinho (Tota), Caranguejo;
Rafael (Macarrão), Bagadão, Tarcísio (Véscio) e Lucinal (Bazinho).
Nenhum comentário:
Postar um comentário