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Biriba entra campo com o time |
BOM BAIANO*
No pequeno dicionário da língua portuguesa, do mestre
Aurélio Buarque de Holanda, vamos encontrar o significado da palavra MASCOTE –
Pessoa, animal ou coisa a que se atribui o dom de dar sorte ou de trazer
felicidade.
O povo na sua sabedoria atribui ao termo a designação
de: o menor, o pequeno, o baixinho, e como a língua quem faz é o povo, vamos
encontrar dentro do futebol o termo mascote para indicar os garotos que entram
em campo com as equipes de futebol.
Em Natal houve época que o América e o ABC traziam
verdadeiros times de mascotes nos grandes jogos: é tanto que foi necessário o
capitão Cícero Almeida, pela FNF, regulamentar apenas a presença de 1 a 2
garotos como mascotes das equipes em dias de jogos.
Os grandes e pequenos clubes brasileiros sempre usaram
mascotes; alguns escolheram animais: como foi o caso do Internacional de Porto
Alegre, com a cabrita Chica, o Bonsucesso, nos idos de 49, tinha como mascote
um tejuaçu, já o Ipiranga da Bahia, no tempo da minha infância, entrava em
campo conduzindo uma gaiola com 11 canários, contudo o mascote mais famoso do
futebol brasileiro foi o vira-lata Biriba do Botafogo, equipe campeã de 1948.
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Presidente Carlito Rocha e Biriba |
Carlito Rocha, o presidente do Botafogo sempre foi um supersticioso metido a médico, a nutrólogo, a dietético e a outras coisas.
Confiava tantos nos santos principalmente Santa
Terezinha e Nossa Senhora das Vitórias, que mandara fazer um alfinete de
fralda, de ouro enorme, de quase um palmo, onde enfiava as imagens dos santos a
quem se pegava nas horas amargas.
Bastava o outro time dar para atacar para que Carlito
Rocha segurasse o alfinete de fraldas nas pontas dos dedos das duas mãos, e
começasse a beijar as imagens, uma a uma, na ida e na volta, como se estivesse
tocando uma gaita.
No vestiário, na hora do café, antes da entrada do
time em campo, alguém tinha que derramar açúcar na gola do paletó, sempre o
mesmo, velho, surrado, de Carlito Rocha.
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O suboficial da Aeronáutica Adeodato Reis foi da divulgadora "Paroquial" (Parnamirim), narrador da Rádio Rural nos anos 60 e depois comentarista da Rádio Cabugi 70/80 |
E havia a gemada e a rapadura, e havia Pai-de-santo trabalhando pelo Botafogo, porque Carlito Rocha não queria deixar uma brecha por onde escapasse a vitória do Botafogo.
O Biriba foi um vira-lata trazido por Arati, médio do
Botafogo. Na estreia o time perdera de 4 x 0 para o São Cristóvão, a partir da
chegada do Biriba as coisas mudaram e o time da Estrela Solitária começou a
deslanchar açoitando todo mundo no Rio de Janeiro.
Biriba entrava em campo com o time e atacava os
jogadores do outro time. Mas ai quem desse um pontapé no Biriba, teria que se
haver com Carlito Rocha e a torcida do Botafogo.
Era um vira-lata preto e branco, dormia na
concentração e tinha tratamento de cachorro de rico sem ser
"pedigrie", aparecia em todas as fotografias do clube ao lado do
time.
Com Biriba o Botafogo conquistou o título carioca, do
qual fazia 13 anos que se encontrava divorciado. Na história do futebol
brasileiro Biriba foi a mais famosa mascote.
*Assinatura da coluna do comentarista Adeodato José
dos Reis (Tribuna do Norte - domingo, 17/abril/1977)
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