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segunda-feira, 5 de junho de 2023

Jogador do ABC participa da fundação do Treze (XXXIV)

O centenário quartel do 29 BC foi demolido para construção da Escola Estadual Winston Churchill

O futuro general, diretor técnico e atleta americano no furacão da política

José Vanilson Julião

Provavelmente na virada 1927/28 e depois de enfrentar os potiguares dentro de campo no torneio do centenário da Independência (Recife) o primeiro-tenente Everardo Barros e Vasconcelos é transferido do XXII Batalhão de Caçadores (atual XXV Batalhão de Infantaria), da capital paraibana (com o mesmo nome do estado e ainda não chamada João Pessoa), para o XXIX BC em Natal.

O Almanaque Laemmert (1930) indica a composição da força federal de Natal composta pelo 29 BC. Assim define o quartel da Praça Tomaz Araújo: “É antiquíssimo, conta com mais de cem anos, e reclama vasta remodelação, interessando a fachada e todas as dependências atuais, para dar-lhes melhores e mais convenientes disposições impostas pelas exigências do serviço.”

A hierarquia da guarnição: tenente-coronel Delfino Moreira Lima (comandante) e os auxiliares major Luís Tavares Guerreiro (fiscal do batalhão), primeiro-tenente Everardo Barros e Vasconcelos, primeiro-tenente Júlio Perouse Pontes e segundo-tenente Aluízio de Andrade Moura (comandantes de companhias);

segundo-tenente Clotário Gomes de Oliveira (ajudante e secretário), segundos-tenente Sérgio Bezerra Marinho, Oscar Cavalcanti de Albuquerque, Vicente Euclides Pereira Pinto e Antônio Oscar Fernandes, primeiro-tenente-médico Annibal Olympio Medina de Azevedo, segundo-tenente Dante Toscano de Brito (médico-veterinário e o segundo-tenente Manoel Batista Eyer (tesoureiro-contador).

A publicação carioca disponibiliza a diretoria do América (relacionado como bicampeão antes do terceiro bi em 1930/32) e sede na Rua Pedro Soares 116: magistrado José Gomes da Costa (presidente) – pai do ex-presidente da Ordem dos Advogados Carlos Roberto de Miranda Gomes –, José Gama Lobo (vice), Mário Cavalcante Melo (secretário), Oscar Wanderley (orador) e Lauro Lago (tesoureiro).

Falecido em 1 de abril de 1970 no então estado da Guanabara, capital Rio de Janeiro, o departamento de pesquisa do “Diário de Natal” (Everaldo Lopes Cardoso) traça o perfil do jovem oficial após a publicação de anúncio da morte de sétimo e trigésimo pela diretoria americana.

Na última semana de novembro do mesmo ano começa o serviço de terraplanagem do terreno de Capim Macio destinado ao futuro campo de futebol que o teve como patrono até o final de 1999, quando foi vendido para uma rede de supermercados.

A campanha de 1930: Amadeo Grandi promete uma gravada para o jogador alvinegro autor do primeiro gol. O atacante Ilário é o escalado no lugar de Cabo João (Aciolli) pelo lado americano, pois o titular sofre uma infecção intestinal.

Marcam para o alvirrubro Pimenta (duas vezes), Reinaldo Praça e o mossoroense Hemetério Canuto (há divergências quanto ao placar).

O goleiro Milton pega um pênalti cobrado pelo atacante Francisco Rodrigues dos Santos, o “Xixico”, que havia sido contratado ao Fortaleza.

América: Milton, Zé Canuto, Barnabé, Teixeirinha, Neném, Everardo, Ilário, Praça, Hemetério, Pimenta e Pinheiro.

No alvinegro destaque para Dorcelino, Nezinho, Arthur Martins, Zé Rodolfo, Xixico, Mário Crise, Poti Crise e Júlio Maciel.

Política

Está no olho do furação da política norte-rio-grandense no começo dos anos 30, que culmina com a Revolução de outubro deste ano, que depõe o presidente da República Washington Luís.

Em fevereiro de 1930 é ferido numa escaramuça no interior envolvendo forças estaduais e componentes da caravana do gaúcho Batista Luzardo.

Em 30/3/1933 envolve-se numa confusão com futuro presidente João Café Filho. Explica Everaldo Lopes: - tudo foi gerado pelo telefonema do militar para Café Filho (diretor do Departamento de Segurança), conforme os autos da denúncia do segundo promotor público, João Medeiros Filho, enviada ao Juiz Distrital.

Everardo fora a Caicó averiguar levante, sem fundamento, de operários que trabalhavam na construção do açude Itans, que motivando pedido de prisão preventiva do engenheiro Gentil Ferreira de Souza, depois prefeito.

No bar “Politheama” (Ribeira) chega o capitão Everardo e indaga de Café Filho por que não cumpriu a ordem de prisão do interventor federal. Café ainda tenta explicar o motivo, o de pensar tratar-se de um trote, não dando importância ao telefonema.

Everardo – à paisana – dispara e uma bala atinge o braço de Café, que tenta revidar. Everardo acaba absolvido.

Ainda foram indiciados no inquérito o jogador Paulo Teixeira (depois agricultor), por ter escondido o revólver do amigo Everardo, e o soldado João Cruz, sem que haja uma explicação do motivo.

Entre as testemunhas arroladas o médico Abelardo Calafange, que a política partidária, foi chefe do serviço médico do antigo IAPC e posteriormente INPS.

 

FONTES

Almanaque Laemmert

A União

Diário de Natal

O Poti

Tribuna do Norte

A Briosa

Legião de Infantaria do Ceará


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