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quinta-feira, 17 de julho de 2025

O antigo jogador paraense dos clubes natalenses (I)

Coletânea de fotografias da revista “A Cigarra”, número 1, novembro de 1928, páginas 62 e 63, sobre a inauguração do Estádio Juvenal Lamartine

J
OSÉ VANILSON JULIÃO

A fundação acontece (1928) como dissidência americana. O Paysandu tinha camisa azul e branca, pois um fundador, Rodolfo Barradas, vindo de Belém (Pará), era torcedor do “Papão da Curuzu”, surgido em 2/2/1914.

Gil Soares de Araújo (falecido no Rio de Janeiro), um dos fundadores, disse em depoimento que o grupo não aceitava que o América abandonasse o futebol para se transformar apenas num clube social, voltado para jogos de salão e festas.

O Paysandu estreia no Torneio Início do mesmo ano, no inaugurado “Juvenal Lamartine”, empata com o campeão ABC (1 x 1) e perde pelo número de escanteios (1 x 2).

Primeira formação: Ayta, Barnabé, Renato dos Guimarães Wanderley, Milton, Barradas, Frontin, Alfredo, Ruy, Eugenio Pinheiro ("Pinheirão", irmão do americano "Pinheirinho", José Pinheiro da Câmara Filho), Paulo Pimenta e Simão (depois atleta no deca-campeonato abecedista).

O segundo era alvinegro. O arguto cartola abecedista aproveitou o licenciamento do outro e fundou o seu, apesar de protestos dos antigos defensores e até de torcedores do ABC, achando que não havia necessidade de Farache aproveitar o nome do antigo clube.

Ficou só nos protestos, porque o nome permaneceu. Ocorre que, naquela época não havia rigidez na legislação esportiva. Dos clubes extintos, sem dúvida alguma o mais polêmico, se tornaria uma autêntica filial do ABC, argúcia do dirigente Vicente Farache Neto.

O segundo Paysandu, nos cinco anos de duração, até ser eliminado, jamais derrotou o Alvinegro. Nas escalações quase sempre os mesmos atletas defendiam os dois clubes. Os filiados protestavam, mas o regulamento era omisso, não havia profissionalismo.

Nos confrontos ABC x Paysandu há sempre goleadas: 5 x 0 (20/6/37), 9 x 0 (23/6/37), 9 x 1 (5/9/37), 6 x 0 (1/5/38) e 6x0 (31/4/39). Em 17/11/42 a Federação decretou a suspensão do Paysandu por três anos, pela visível falta de vontade de um dia derrotar o ABC.

No mesmo ato o presidente, capitão-médico do Exército, José Porfirio da Paz, puniu Vicente Farache, acusado de mandar o Paysandu “entregar os pontos”. Última formação: Salustiano, Miranda, Dorcelino, Contente, Teonilo, Adalberto, Valdemar, Deodato, Pajeú, Tico e Valter.

Tico (Francisco Canindé do Nascimento, depois jogou no América), Pajeú (virou instrumentista de um trio de cantores e artistas, com o carioca Agnaldo Rayol, em meados dos anos 50), Dorcelino Pereira Dias e Adalberto de Carvalho (pai do atacante e treinador dos anos 50 e 60) jogaram pela “matriz”.


Com dados de Everaldo Lopes Cardoso, José Procópio Filgueira Neto, Gil Soares de Araújo e “Colecionador Xaria”

 

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