O biografado Ribamar na ponta-direita do Atlético treinado pelo xará José Ribamar Coqueiro
José Vanilson Julião
Evaristo como jogador do Barcelona
Pouco se sabe da vida
pessoal dele. E muito menos da trajetória profissional. A não ser que foi
zagueiro na juventude e treinador de clubes pequenos nos anos 60/80.
José Ribamar Coqueiro, que
seria pernambucano, militar de carreira, sargento da Marinha. Com o currículo
recheado apenas por uma breve passagem pelo América/RN.
Mas nem por isso, pelo
menos uma vez na vida, deixou de dar uma entrevista para a famosa revista
semanal esportiva de São Paulo (Editora Abril).
Obra do correspondente
potiguar da publicação de circulação nacional, o falecido filatelista (colecionador
de selos) e jornalista Rosaldo Aguiar.
As declarações do pouco
conhecido técnico nacionalmente, mas com certa fama no Rio Grande do Norte, faz
parte de uma reportagem coletiva pautada pela redação na capital paulista.
Para a edição número 463.
De 9 de março de 1979. E nem chamada de capa teve. A manchete principal em
caixa alta: - NOVA SELEÇÃO COMEÇA PELAS PONTAS.
São duas páginas (30/31)
com o tema “UM SUPER TIME QUE JOGA SENTADO”. Claro, alusão ao banco de
reservas. Portanto fora das quatro linhas do retângulo de grama.
O foco principal são os
dez mais bem pagos treinadores brasileiros de então. Mas com pinceladas dos
menos favorecidos pela sorte, fama ou competência. Não necessariamente pela
ordem.
Na relação dos marajás,
com gráficos e entrevistas curtas, pela ordem decrescente: Orlando Fantoni,
Evaristo Macedo, Cláudio Coutinho, Oswaldo Brandão, Carlos Frôner, Barbatana,
Carlos Alberto Silva, Rubens Minelli, Telê Santana e Zezé Moreira.
Com os salários (alguns
envolvendo luvas antecipadas) entre Cr$ 70 e 165 mil cruzeiros. E tempo de
estrada também. Dos mais novo, Coutinho, com três anos de profissão, ao mais
antigo, anos de caminho, casos do paulista Brandão (32) e do fluminense de
Miracema Zezé (31 anos).
Na segunda página estão
listados os do segundo escalão (até 70 mil). Ou seja: mais 23 profissionais
novos e veteranos: Procópio Cardoso, Cilinho, Aymoré Moreira, Diede Lameiro,
Urubatão Calvo Nunes, José Teixeira, Cláudio Duarte, Jouber Meira, Renganeschi,
Vail Mota e Paulo Emílio.
Ainda: Chiquinho (veio
para o América posteriormente), Zé Duarte, Milton Buzetto, Daltro Menezes,
Marco Eugênio (um que o redator não lembra), Carlos Castilho, Admildo Chirol,
Brandãozinho (do nosso América com 40 mil mensais e 80 de luvas), Paulo
Gonçalves, Sérgio Poletto e Formiga.
Mais: Melquisedec dos
Santos, Jailton (outro desconhecido) e Célio de Souza, aquele mesmo que treinou
o ABC no campeonato nacional de 1972, e então contratado pela Tuna Luso
Brasileiro de Belém do Pará.
Na rabeira há quadros com
o famoso “Duque” (Davi Ferreira), considerado um treinador de altos e baixos, e
o nosso Coqueiro – não é apelido e faz parte do nome próprio – com o título
polêmico: - Jogador precisa ter outra profis
Coqueiro, treinador do
rubro-negro Clube Atlético Potiguar – tradicional pela antiguidade (fundado em
1918 como Centro Esportivo Natalense, do acrônimo CEN – revela que tem um único
e grande orgulho: ter revelado Francisco Marinho Chagas (no Riachuelo Atlético
Clube).
“Não existe jogador, no
mundo, que mereça ganhar mais de 50 mil pratas, já é um absurdo. Se for
disciplinado, poderá ter mais de um emprego, além de jogar futebol, como na
Europa (?). No Brasil falta educação profissional. Tem craque ganhando rio de
dinheiro sendo marginal...”
“Coqueiro não ganha nada”.
Diz a revista. Tempos românticos. Ou quase. Só para exemplificar: o exemplar da
revista custava 20 cruzeiros. E o salário mínimo: 2.268,00. O “coqueirinho”, se
vivo, se espantaria com os ganhos em dólar ou euro de Neymar, Cristiano Ronaldo
e Messi.
Ex-jogador e médico Berilo
O ex-jogador dos anos 60 e
médico Berilo Castro (campeão pelo Alecrim e América) conta dois episódios
envolvendo o folclórico e destemido treinador:
- A presença frequente da pequena bolsa preta
para “o mio” — alimento essencial para alimentar os meninos antes do jogo;
como dava resultado, haja correria!
Quando tinha de substituir, por contusão, um dos seus bons
atletas por um meia boca: olhava com desdém para o banco de reserva e fixava o
olhar no jogador suplente e dizia: vai tu, só tem tu mesmo!
José Ribamar Cavalcante, recém biografado pelo jornalista e
escritor Kolberg Luna Freire, disse que foi escolhido capitão pelo Coqueiro e
“tesoureiro” para distribuir o dinheiro do bicho nas poucas vitórias alcançadas
contra os grandes e mesmo os “pequenos”, como o licenciado eterno tricolor
Ferroviário.
FONTES
Diário de Natal
Placar
Tribuna do Norte
Ponto de Vista On Line
Juristas.com
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