José
Vanilson Julião
O meu amigo tinha uma memória fenomenal. Contava
casos de até 30 anos atrás. Sem mudar uma vírgula ou ponto. De reportagens. Ou divertimentos
ocasionais. Entretanto, agora, quem busca os fatos passados no baú da massa
cinzenta sou eu.
Depois de ser “aprovado” por ele, somente anos depois
confessou, com a finalidade de ter ao lado uma pessoa de confiança, ele foi o
responsável pelo meu primeiro ato de escrever uma reportagem.
Claro que não era um texto corrido ou lauda de
30 linhas. Para jornal. Estamos falando de rádio. Mídia em que a informação
deve ser repassada para o ouvinte com frases curtas e no máximo quatro ou cinco
linhas. Estourando seis.
E para isso, sem qualquer aviso prévio, me
apresenta, pela primeira vez, a uma máquina de datilografia com todas as teclas
com engraçadas grandes letras maiúsculas, acho que o tamanho era o dobro das
normais. Apropriadas para facilitar ainda mais a leitura pelo locutor.
Não era uma reportagem de fonte ou entrevista
primária. A missão era escutar o programa de esportes, levado ao ar pela
carioca Rádio Globo.
Na meia hora anterior “A Voz do Brasil”. Assim não
teria que esperar o tradicional “Panorama Esportivo”, que ia ao ar antes do
noticioso “Redator Chefe”, que, por sua vez, começava a meia noite.
Escutar as passagens do repórter que cobria cada
um dos quatro clubes grandes do Rio de Janeiro – Botafogo, Vasco da Gama,
Flamengo e Fluminense – e por no papel os tópicos de cada um deles para o
papel. Em duas cópias. Original e carbono.
As laudas eram destinadas aos locutores que
apresentavam o primeiro programa esportivo da Rádio Nordeste. De manhã cedinho.
Era a parte do noticiário esportivo nacional, narrado após o noticiário local,
sobre América, ABC e Alecrim.
Uma lauda para o locutor A. Outra para o locutor
B. Que revezam a leitura das notas. Não havia a facilidade da internet, é
claro. Mas a missão foi cumprida.
Plantonista titular, como ele, tinha que
participar de todos os programas. A resenha do final da manhã e da programação
no começo da noite.
Além de todas as jornadas esportivas. A de domingo e a do
meio de semana, geralmente na quarta-feira.
Posteriormente ele foi criando umas folgas
propositais e dando vez ao novato. Para ir pegando cancha.
Na jornada principal, do domingo, a intervenção
maior era no final da jornada, com a tabelinha dos jogos da loteria esportiva e
os resultados da rodada dos campeonatos estaduais, principalmente o carioca, o
paulista, o mineiro, o pernambucano, o baiano, o cearense, o gaúcho, etc.
Depoimento histórico velhos e jornalistas...
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