23h46 desta sexta-feira. Marca a mensagem no celular. É o zagueiro Romildo Nogueira da Silva, ex-jogador do América e ABC, me informando sobre o passamento do meia-atacante Alberi José Ferreira de Matos (Recife, 28/1/1945 - Natal, 28/10/2022).
Este é o tipo
do artigo que não se sabe nem como prosseguir diante da biografia futebolística
de um monstro sagrado do futebol potiguar. Apesar de ter começado tarde, com
pouco mais de 20 anos, no Santa Cruz pernambucano.
Foi no ABC
que ele primeiro desfilou. No gramado do acanhado e histórico Estádio Juvenal
Lamartine, alvo recente de um livro memorialístico e de resgate do campinho da
Avenida Hermes da Fonseca, no bairro do Tirol, magistralmente descrito pelo
jornalista Rubens Manoel Lemos Filho, por sinal torcedor do clube alvo e preto.
Com a
inauguração do Estádio Castelo Branco, no bairro de Lagoa Nova, o
"Negrão" ali também deixou a marca da elegância e do estilo no trato
com o esférico de couro. E pendurou as chuteiras lá mesmo, diante de um
diminuto público, antes da praça de esportes ser denominada no final dos anos
80 como "João Machado", em homenagem ao falecido presidente da
Federação, uma iniciativa da também falecida prefeita de Natal e depois
governadora Wilma Maria de Faria.
Antes de se
aposentar pelo mesmo clube que o projetou no Rio Grande do Norte Alberi teve
uma passagem pelo rival, o alvirrubro América, e também pelo Alecrim. Pelo
clube encarnado e branco foram 98 jogos e 37 gols entre o final de 1975 e 1978. Neste mesmo ano passa pelo Baraúnas e depois pelo Alecrim,
mas também esteve emprestado ao Rio Negro e Sergipe durante a permanência abecedista.
Não cabe, no
momento, esmiuçar como aconteceu a transferência dele para o clube da Avenida
Rodrigues Alves (Tirol), mas pode-se dizer que tratou-se de um troco, quase sem
querer, aos dirigentes abecedistas, que haviam contratado, numa manobra sensacional,
o ponta-direita Reinaldo Francisco de Oliveira, recém campeão estadual pelo
América.
Alberi
estreia no amistoso entre dois alvirrubros: América 1 x 2 Clube de Regatas
Brasil (quarta-feira, 19/11/1975). com o clube de Maceió, capital alagoana, completando
dez partidas invictas, gols de Ronaldinho, Joãozinho e João Daniel
(ex-ponta-esquerda americano). A primeira vez do "Negrão" com a
camisa colorada atraiu 6.724 torcedores (Renda: Cr$ 66.561,00). Jader Correia
da Costa apitou.
No resto do
mês e em dezembro ele atua em mais três amistosos - Ceará, Alecrim e Campinense
- e a primeira partida oficial acontece no ano seguinte pela Taça Cidade de
Natal: América 1 x 1 Ferroviário (quarta-feira, 21 de janeiro).
A última
aparição americana, coincidentemente, ocorre contra o ABC. Na decisão do
Torneio Jubileu de Ouro (cinquentenário) do "Juvenal Lamartine". O
time vermelho jogava pelo empate, mas o alvinegro vence pela contagem mínima (o
zagueiro Orlando marca aos 32 da etapa complementar). Em um sábado (18/3/1978)
perante 18.707 torcedores.
No segundo
semestre está no elenco do tricolor Baraúnas, de Mossoró, em disputa pelo
Estadual. Mas não poderia deixar passar em branco e preto que ele retorna aos
braços da "frasqueira" (apelido da torcida abeedista) numa vitória
sobre o mesmo América com taça do primeiro turno levantada: 1 x 1 (domingo,
2/8/1981). Norival e Alberi.
Até parece
coisa do destino. De cartas marcadas. Fez um gol no retorno e também marcou o
último gol pelo ABC também contra o América. So que desta vez o troféu
"João Machado", em um "torneio RN-PE", vai para o clube do
quarteirão Rodrigues Alves, Campos Sales com Maxaranguape. 2 x 1 (domingo,
17/4/1983), gols americanos: o gaúcho Gilson Lopes e Roberto.
Esta a
homenagem de um torcedor americano, que ficava de saco cheio com as emissoras
"tocando" um gol de Alberi narrado pelo locutor Roberto Machado,
eternizado em um compacto duplo, com um enorme escudo do ABC, do título de
1970.
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