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| O paraibano Aderson Eloy de Almeida como treinador do segundo quadro ou aspirante do Treze de Campina Grande no começo da década de 50 |
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| Marco Emerenciano, neto de Aderson |
ARTIGO
Arte e esporte em Ceará Mirim
(Tribuna do Norte – 22/8/2024)
Marco Emerenciano
Tradutor, pesquisador, advogado, Presidente da
ACLA e sócio do IHGRN
“Há dois personagens nesse texto aos quais devo rememorar.
Pela ordem, na linguagem jurídica, Aderson Eloy de Almeida, meu avô, pai da
minha mãe Yêda e sogro do meu pai Aécio Emerenciano. Aquele paraibano de
Campina Grande nascido aos quatro de abril de 1914, filho de João Eloy de
Almeida e Dona Lilica, veio atracar sua jangada em Muriu e Ceará Mirim, vejam
vocês. Por certo, os laços entre a Paraíba e o Rio Grande do Norte sempre foram
muito fortes, como os nós que amarravam as naus portuguesas na costa do Brasil.
Ricardo Sobral, amigo acadêmico da ACLA, filho de Joaquim
Fernandes Sobral e Maria de Lourdes de Moura Sobral, compadres de Aderson e D.
Deda pelo batismo de Tereza, filha mais nova do casal Sobral, admirador do ex
prefeito, escreveu algumas linhas sobre ele. Registrou que depois de estudar no
Colégio Marista e cursar contabilidade, veio ao Ceará Mirim a convite do amigo
de infância João Úrsulo Ribeiro Coutinho Filho. Ele, irmão de Odilon Ribeiro
Coutinho, e demais irmãos haviam comprado a Usina Ilha Bela em 1947, fazendo de
Aderson Eloy o Diretor Comercial e sócio do empreendimento usineiro.
Para comprovar a ligação entre esses dois paraibanos e a
atividade empresarial, transcrevo o texto de cartão postal remetido por João
Úrsulo Ribeiro Coutinho Filho ao amigo Aderson Eloy de Almeida, em 1967, de
Paris, com fotografia de uma das margens do Sena, assim: “Meu caro Aderson,
faço votos de ótima saúde para você e família. Para sua meditação: A economia europeia
abusou da sua estabilidade técnica, tornando-se demasiado conservadora e, por
isso, enfrenta dificuldades somente solucionáveis com novas tecnologias e
dimensão. Todos procuram a bitola americana para competição. Lembranças e
abraço do João Úrsulo. Paris, 15/7/1967”.
Em 1962, Aderson Eloy elegeu-se prefeito da terra dos Verdes
Canaviais sucedendo Edgar Varela. Aderson governou por cinco anos e sua gestão
foi muito bem aprovada pela coletividade. Com espírito público, construiu o
Palácio dos Esportes da cidade que levaria o seu nome. Não à toa, mas Aderson
jogou no Treze de Campina Grande quando jovem e tinha uma paixão pelo futebol.
Sobral escreveu que a prefeitura de Ceará Mirim não dispunha de crédito para
finalizar a obra, a cobertura, diga-se, e Aderson utilizou recursos próprios
para isso. Aderson era um homem maior que o corpo que Deus lhe deu. Enriquece a
paisagem humana Ceará-mirinense e por isso deve ser lembrado e reverenciado,
sentenciou.
E aqui,
nesse tempo, entra a figura do segundo personagem, o jovem artista e Promotor
de justiça Aécio Emerenciano, para dar plasticidade ao Palácio dos Esportes com
a confecção de um mural. A convite do seu sogro, então prefeito, desenhou
atletas por sugestão de Odilon Ribeiro Coutinho, seu compadre padrinho de
Marco, meninos e meninas com os braços entrelaçados, lado a lado.
É bem
provável que tenha buscado inspiração nas pinturas de Navarro com atletas em
movimento, ou em Portinari quando desenhou meninos jogando futebol em 1935, ou
mesmo no busto do atleta que Picasso pintou em 1905. Os traços de Aécio nesse
mural são enérgicos, mas com linhas simples, e ocupava as fachadas laterais do
Palácio dos Esportes. Guardo registros fotográficos de Aécio diante da obra
recem pintada no templo do esporte de Ceará Mirim.
A vida é arte. Não é possível separar a arte da vida. A arte
é luz, é forma e cores.
NOTA DE REDAÇÃO: o JORNAL DA GRANDE NATAL já publicou uma
reportagem especial – “Uma biografia para o futebolista Aderson Eloy de Almeida”
(11 de setembro de 2023) – além do importante personagem aparecer em outras reportagens
diversas envolvendo o Treze Futebol Clube de Campina Grande. Inclusive o editor
do blog publicou sobre ele no site cultural “Navegos”, infelizmente fora do ar,
numa gentileza do jornalista Franklin Jorge. Para não ser repetitivo publica o
artigo acima.


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