Chefe do clã casa com nativa e alavanca comércio as margens do Potengi/Jundiaí
José
Vanilson Julião
O primeiro
Fabrício Gomes Pedrosa, cuja façanha, de incrementar o comércio as margens do Potengi
– trecho entre a antiga Coité e a cidade dos “Reis Magos” – suscita citações em
pelo menos três livros do escritor potiguar Luis da Câmara Cascudo:
“Superstição no Brasil” (1985), “Religião no Povo” (1974) e “Sociologia do Açúcar”
(1971). Das obras cascudianas, sequencialmente, separamos três trechos a seguir:
1)
– No caminho de Natal a Macaíba, antes de Guarapes, há o local “Peixa-Boi”
(atual bairro de Felipe Camarão), por haver encalhado, semimorto, um sirenídeo,
na segunda metade do século XIX. Os moradores, no tempo famoso do fundador e
rico Fabrício Velho (1809 – 1972), não atravessavam à noite o Peixe-Boi,
mal-assombrado e bulhento, preferindo viajar pelo rio. As almas sossegaram
depois de muitas missas. Ainda hoje não é passagem de confiança para pedestres
ou jornada a cavalo. Há luzes, gemidos, tropel de gente corrrendo. Passam o
Peixe-Boi durante o dia. Ali teriam sido massacrados os índigenas quando da
truculenta “Guerra dos Índios”.
2)
A velha Bibí (Luíza Freire, 1870 – 1953) foi empregada em Guarapes quando
administrada por Fabrício Moço (o segundo, 1856 – 1925), últimos faustos,
declínio e apagamento do empório econômico senhorial. Da volta do Periquito a
Carnaubinha era um viveiro de assombrações, avistadas pelos trabalhadores, morando
todos à vista da Casa-Grande, temendo os morros na verde solidão da mataria.
Ouviam as almas dos cabocos fazendo lenha e avistavam os fogos das aldeias
invisíveis. O tráfego Macaíba-Natal era fluvial. A estrada de rodagem em 1915
afugentou os fantasmas.
3)
O velho Fabrício Gomes Pedroza, financiador para os vales açucareiros do
Ceará-Mirim, são José de Mipibu e Papary (Nísia Floresta), no trono da Casa-Grande
de Guarapes, perto de Natal, discutindo com uma firma de Londres o pagamento do
seguro, devido mas retardado, não festejou condignamente o Natal. Em março, recebida
a indenização, houve Missa do Galo, Pastoril, Bumba meu boi, jantares e bailaricos
jubilosos em louvor do Nascimento do Menino-Deus.
O
poderio político, econômico e financeiro do patriarca era enorme. Tanto é que
gera uma reclamação ao Ministério dos Negócios da Fazenda no Rio de Janeiro, conforme
documentação data de 16 de outubro de 1864, conforme queixa com data de 16 de
outubro do ano anterior. Theotonio Coelho Cerqueira e José de Sá Bezerra são
contra a concessão de aforamento ao major Fabrício Gomes Pedroza dos terrenos
de marinha da margem de Jundiahy, no lugar denominado Carnaubinha.
As
ruínas do casarão do Guarapes, construído no alto de uma pequena colina, em
1859, são os vestígios do império Gomes Pedroza assentado em 100 mil hectares.
Tombado em 1990 pelo Patrimônio Histórico Estadual e em 2002 adquirido pelo
governo estadual, ainda não viu a cor do dinheiro para a restauração, apesar da
batalha sem trégua do ex-prefeito macaibense Valério Mesquita.
Pedroza,
o velho, paraibano, casou com uma moça do lugar e praticamente herdou quase
tudo do sogro, mas teve a audácia do desenvolvimento, deixando os negócios em 1871,
quando partiu para a metropole carioca, falecendo em 22 de janeiro de 1872, no
bucolico bairro de Santa Tereza, sendo sepultado no cemitério de São João
Batista, onde viria a descansar eternamente o neto Ramiro Gomes Pedroza.
O
entreposto e empório comercial tinha a capacidade para abrigar embarcações de
até 500 toneladas. Transportavam para exportação destinados ao mercado
norte-americano e europeu, principalmente, algodão, peles, sal, açúcar.
FONTES
Folha
de Macaíba
Potiguar
Notícias
Tribuna
do Norte
Câmara
de Vereadores/Macaíba
BZNotícias
Fatos
e Fotos de Natal Antiga
Fundação
José Augusto
História
de Macaíba
Ipatrimônio
Ponto
de Vista
Potiguarte
Senadinho
Macaíba
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