Descampado do "prado" e da praça Pedro Velho (1907)/Acervo: José Estádio de Aquino Filho |
O JORNAL DA GRANDE NATAL transcreve reportagem do extinto jornal “A República” (terça-feira, 27 de setembro de 1910), em “Notas Sportivas”, de um dos jogos dos dois clubes da época, mantendo a grafia original. Na foto (Fatos e Fotos de Natal Antiga) área da futura praça Pedro Velho, no terceiro bairro de Natal, “Cidade Nova”, origem do Tirol e Petrópolis.
MATCH DE FOOTBALL
- No
domingo último realizou um brilhante torneio de football entre os dois clubes
desta cidade Natal e Potyguar.
Às quatro
horas da tarde começou a afluir até a praça Pedro Velho os jogadores de ambos
os clubes. Em todos se fazia notar a maior animação.
Os
jogadores do Natal, calmos e impassíveis, mostravam-se desejosos de vingar a
derrota passada. Ao passo que os moços do Potyguar compareceram dispostos a
manter a todo o transe a vitória alcançada.
Pode-se
dizer que os elevens estavam perfeitamente equilibrados, se o Potyguar
tinha ausentes alguns de seus principais jogadores, o Natal tem fora igualmente
players da força de Roselli, Otávio (Lamartine), Saraiva Júnior, etc.
As 4h30
todos a seus postos, ao sinal do referee Chantecler (Salomão Filgueiras), do
Natal, coube o kick inicial ao center-foward deste, Mário.
O ataque
foi renhido, mantendo sempre os foward do Natal um belo jogo de passe, a
bola do lado do Potyguar, apesar da brilhantíssima defesa deste.
O jogo foi
esforçado de ambas as partes, fazendo crer que a vitória no primeiro half-time
ficasse indecisa, mas, em dado momento, Nizário, foward do Natal, da
extrema direita numa excelente combinação com seus companheiros, conduziu com
perícia e segurança a bola através da defesa do Potyguar e num vigoroso shoot
vazou o goal, entre as palmas entusiásticas dos espectadores.
O jogo
continuou sem resultado até o fim do primeiro half-time. Depois de 15
minutos de intervalo, mudadas as posições, coube o kick (pontapé) inicial
aos forwards do Potyguar, que atacou com alma o Natal.
Os
half-backs deste, José Lira, Dioclécio e Grillo, fizeram, então, prodígios,
repelindo em toda a linha os adversários. Os shoots de J. Lira foram
saudados frequentas vezes com palmas uníssonas.
Neste segundo
half-time não houve nenhum goal. Terminou o jogo entre aclamações
unânimes aos dois clubes, proclamada a vitória do Natal por 1 goal
contra 0.
Entre os
jogadores do Natal houve verdadeiras revelações. Álvaro Carrilho, forward,
e Afrodísio, full-back, novos, jogaram com perícia extrema. Waldemiro, goal-keeper,
por várias vezes, mereceu o justo conceito em que é tido entre os seus
companheiros.
Os forwards
do Potyguar estiveram excelentes. Apenas um, o senhor Barroso, não correspondeu
a expectativa de seus companheiros. Com um sistema inconvenientíssimo de
trancos, perdia quase sempre estes e os shoots, prejudicando a
combinação de seus companheiros, entre os quais havia Júlio Meira, que é em
Natal um dos primeiros players do dribling, Álvaro China, etc.
A defesa
desenvolveu um esforço enorme, principalmente no segundo half-time,
salientando-se Paulo Moreira, Álvaro Borges e Trajano.
As honras
do match couberam, porém, incontestavelmente, a linha de half-backs
do Natal.
Nota-se
uma grande ansiedade pelo terceiro match anunciado para 12 de outubro
(acaba não acontecendo e no lugar ocorre um match-treino entre o primeiro e
segundo quadros do Potyguar).
Nenhum comentário:
Postar um comentário