O atacante americano Élcio (penúltimo agachado) entra na história do cordelista |
Linguagem dos poetas populares ganha espaço e entra na modernidade da internet
JOSÉ VANILSON
JULIÃO
Explica a professora Márcia Fernandes: - A Literatura de Cordel é uma manifestação da cultura popular com origem nordestina. É composta por poemas ricos em rimas e na perfeição métrica dos versos. Originalmente eram vendidos em feiras pendurados em cordéis ou barbantes.
Este original tipo de linguagem oral e impressa é
tema de artigos na academia, na imprensa e especialmente na rede, inclusive com
um excelente estudo sobre o assunto “O futebol na Literatura de Cordel” (Ludopédio,
14/6/2021). Quando são destacados os seguintes trabalhos:
Futebol no inferno (1974), de José Soares; Futebol
dos peixes – grande sensação (1978), de Flávio Fernandes Moreira; Brasil
rumo ao Hexa – África do Sul 2010 (2010), de José Berto da Silva Filho; Racismo
no futebol (2005), de Abdias Campos.
Saindo do geral
o que interessa para a pesquisa é o trabalho escrito especificamente abordando
as alcunhas e encontrado no “Recanto das Letras”. Observo que o poema não é
trabalhado em quadras ou sextilhas, mas com estrofes de cinco versos (abaixo).
O interessante é que o autor faz um passeio com os apelidos dos jogadores que atuaram praticamente desde a década de 30/80 até a atualidade. Pode-se notar, na pesquisa do cordelista, personagens bastante conhecidos na história do futebol brasileiro:
O Garrincha, Nilton
“Enciclopédia” Santos, o goleiro Manga (Botafogo), o zagueiro Luís “Chevrolet”
Pereira (Palmeiras), o zagueiro Coronel (Vasco da Gama) e até os conhecidos dos
potiguares Hélcio “Jacaré” Batista Xavier (América/RN), Valdir Papel e “Caça-rato”.
“Jogadores
com apelidos estranhos”
Henrique
César Pinheiro
Fortaleza,
outubro/2024
Brasil teve
muitos craques
Todo time com
seus cobras
Que nas
tardes de domingo
Nos campos
mostravam sua obra
Eram tantos
jogadores
Craque aqui
tinha de sobra
Quando muitos
jogadores
Tinham uns
nomes bem comuns
Não precisava
sobrenomes
Garricha só
tinha um
Tiago, Diego,
Gabriel
Não se
conhecia nenhum
Havia muitos
jogadores
Que tinham
nome de fruta
Ou qualquer
outra comida
Sempre enfrentando
a luta
Tinha até
César Maluco
Mas pode
dizer biruta
Tinha Manga e
Tangerina
Pitanga,
Rossi Coquinho
Banana,
Márcio Mixirica
Onça, Jaburu
e Ratinho
Roberto
Cavalo e Abelha
Militar era
Cabinho
Mosca, Élcio
Jacaré
Coelho,
Tenente, Leão
Até nome de
automóveis
Luís
Chevrolet, Beto Fuscão
Ferrari,
Júnior Brasília
Ademir Sopa,
Pirão
Aranha,
Feijão, Arroz
Pimentinha e
Animal
Capitão,
Major e Rato
Figo, Fubá,
Bacabal
Mexicano,
Português
Alemão e
Bacurau
Paraguaio e
Japonês,
Pardalzinho,
Coronel,
Ruben
Vinagre, Maisena,
Japonês,
Valdir Papel
Guabiru e
Caça-Rato
E o grande
São Taffarel
Ganso, Urso,
Piton, Mamute
Aranha,
Pantera, Gatito,
Galaxe, Puma,
Maclaren
Nílton Batata
e Mosquito
Fábio,
Coentrão, Aranha
Minhoca, e o
grande Zito
Furacão,
Cruel, Pirata,
Reizinho e
Ceifador,
Fabuloso e Pé
de Anjo,
Peixe Frito,
Gladiador,
Caju, Lelé,
Capacete,
Mentira e
Brocador
Tombo e
Enciclopédia,
Satanás e
Cambalhota
Galinho,
Bruxo, Gerente,
Ibracadabra e
Meiota
Papai Joel,
Mané, Viola,
Zé Bosta, Sem
Dó, Ventola
Birungueta,
Buceteiro
Calango,
Buiú, Arrupiado
Buliçoso,
Bacurau
Caboquim,
Amarrado,
Filé de Jia,
Cabacinha
Fedorento,
Derramado
Esmagado, Cu
de Rã
Cuspida,
Enfraquecido
Agoniado,
Beiçola
Saracura,
Sabido,
Surucucu,
Jararaca,
Cachacinha,
Enxerido
Cabecinha,
Caboré
Canivete,
Horroroso
Invocado,
Imoral
Já Morreu e
Tenebroso
Garrancho,
Garapa, Goiaba
Valmir da
Gata, Folgoso
Hoje nosso
futebol
Só tem nome
parecido
Diego,
Gabriel e Rafael
E um bando de
Rodrigo
São tantos
Tiagos no jogo
Que são logo
esquecidos
FONTES/IMAGENS
Acervo José
Ribamar Cavalcante
Blog No
Ataque
Brasil Escola
Câmara
Brasileira de Jovens Escritores
Cordel
Paraíba
Globo Esporte
Museu do
Futebol
História do
Esporte
Ludopédio
Portal Lagartense
Projeto
Cordel
Recanto das
Letras
Toda Matéria
Voz do Cordel
Nenhum comentário:
Postar um comentário