Consulta

segunda-feira, 15 de setembro de 2025

Imagem rara conta história do amistoso intermunicipal (VII)


ARTIGO

Walter Wanderley: talento literário nas mais diversas formas

 

José Edilson Albuquerque Guimarães*

Poeta, escritor e pesquisador do cangaço

 

Berço de intelectuais a família Wanderley surgiu a partir de Gaspar van der Ley, capitão de cavalaria das tropas holandesas ligadas ao conde Maurício de Nassau em Pernambuco.

Destaque ao açuense Luiz Carlos Lins Wanderley (1831 – 1890), o primeiro médico norte-rio-grandense. Poeta, contista, teatrólogo, romancista e político, casou duas vezes: com Francisca Carolina Wanderley, em 25/7/1858, como filhos poetas Celestino, Ezequiel e Maria Carolina Wanderley (Sinhazinha Wanderley).

Do segundo consórcio com Maria Amélia Wanderley, em 25/7/1877, os filhos poetas, Sandoval e Segundo Wanderley. Os netos se destacaram na poesia: Palmyra e Jayme, filhos de Celestino Wanderley. Outros parentes, Rômulo e Berilo, na poesia e em outras áreas culturais.

Um merece atenção especial. Embora não sendo poeta escreveu obras com rico conteúdo poético, biografias detalhadas dos parentes e amigos, além de juntar em todos os seus trabalhos publicados, pesquisas genealógicas resumidas e completas sobre a família.

João Wanderley de Albuquerque, o Joca (Mossoró, 9/10/10/1887 – Rio de Janeiro, 9/11/1964), filho de Paulo Leitão Loureiro de Albuquerque e Francisca Adelaide Lins Wanderley, aos 16 anos reside em Macau, como empregado do tio materno Velhinho Wanderley.

Passa a trabalhar como funcionário público estadual e tesoureiro–geral da Prefeitura, em cujo cargo foi aposentado. Residiu em Natal e Rio de Janeiro. Contraiu núpcias com Arminda Guiomar da Fonseca e Silva (Natal, 15/1/1897 – Rio de Janeiro, 23/7/1968), filha do major José Augusto da Fonseca e Silva e de Elvira Teixeira de Moura da Fonseca e Silva. Os filhos macauenses: Walter Fonseca Wanderley de Albuquerque (26/9/1914), Wilson, Wharton, William e Wanda.

Walter fez os primeiros estudos na cidade natal. Em 10 de maio de 1922 chega a Mossoró para estudar no Grupo Escolar 30 de Setembro até 1926. Uma recordação marcante foi no ano da chegada a satisfação de ter sido aluno de Alzira Gonçalves, neta do poeta baiano Castro Alves. No ano seguinte retorna a Macau para estudar no Grupo Escolar Duque de Caxias. De 1928 a 1930 vai morar em Natal para estudar no Colégio Pedro II.

No final de 1930 mora em Campina Grande-PB. Um ano depois João Pessoa-PB para o curso de contabilidade. Integra o movimento cultural paraibano com Lauro Gomes (Revista Menina), Antonio de Menezes, Durval Albuquerque, Leonel Coelho, Lauro Wanderley, primo, e Carlos Firmo de Sousa (Carlito), casado com a tia paterna Maria das Dores Wanderley de Sousa (Dorinha).

No final de 1933 regressou a Mossoró e foi comerciário nas empresas de João Ferreira Leite e Manuel Fernandes de Negreiros. Se envolveu com o futebol. vanguarda do “Esporte Clube Mossoroense!, sendo um dos fundadores em 1934.

Casou em 12 de dezembro de 1935 com a prima Zilda dos Santos Wanderley, filha de Irineu Wanderley dos Santos e de Apolônia Mascarenhas dos Santos. Da união os filhos: Maria Rejane Wanderley, Carlos Renan Wanderley e Maria da Conceição.

Em Mossoró foi: secretário geral do Centro Municipal de Mossoró; diretor da Casa de Menores; secretário da Associação Comercial; secretário geral do Esporte Clube Mossoroense; secretário da Associação Mossoroense de Desportos Atléticos; Adjunto de Promotor Público de Mossoró; corretor oficial de algodão; membro da Liga de Defesa Nacional de Mossoró e membro da Defesa Passiva Antiaérea da Segunda Grande Guerra.

Foi ainda diretor da Cooperativa dos Salineiros Norte-Rio-Grandenses, auxiliando o diretor presidente, Vicente da Mota Neto. Na função ingressou na política. Atendeu o convite de Mota Neto, sobrinho do Padre Mota, outro dileto amigo de WW.

Foi deputado estadual pelo PSD, na legislatura de 1947 a 1951 exercendo a segunda secretaria da mesa diretora. Na eleição seguinte não logra êxito. Por essa razão decide novamente mudar de ares. Recebe convite de um tio industrial para residir na então capital federal e não pensa duas vezes. Aceita e se adapta rapidamente a vida da cidade.

Em 1953, no Rio de Janeiro, fez cursos de Economia, Relações Públicas e Técnica de Chefia, que lhe credenciaram aos exercícios das funções de empresários de várias e importantes firmas daquele meio.

Mesmo residindo fora de Mossoró (Natal, Rio de Janeiro e Belo Horizonte) nunca se afastou da cidade adotiva que tanto amou. Visitava Mossoró com frequência. Fazia-se sempre presente aos festejos do dia 30 de setembro. Data que o sensibilizava profundamente.

Afinal de contas o avô paterno Paulo de Albuquerque foi destacado abolicionista. Não por acaso publicou biografia sobre ilustre parente, justamente, preparada, para o dia 30 de setembro de 1969. Não bastasse fez questão de nominar todos os parentes nascidos na terra inesquecível em dedicatória de um dos seus livros.

A vocação literária não tardaria a se manifestar. Colabora na imprensa potiguar e escreve nos jornais A Centelha, Correio Festivo (Mossoró) e Diário de Natal. Foi diretor do “Jornal do Oeste” e “A República”. Escreveu para a Revista Bando em Natal e para a Revista Evolução de Campina Grande.

 

*Publicado no centenário de nascimento de Walter Wanderley. O autor, mossoroense, nascido em 24 de dezembro de 1976, é servidor municipal, graduado em Ciências Biológicas e mestre em Geociências pela UFRN Mestre.

 

FONTES

Jornal de Hoje

Mendes & Mendes

O Baú de Macau

Nenhum comentário:

Postar um comentário