O mossoroense Júlio Jesum de Carvalho é o terceiro, em pé, no alviverde
José Vanilson
Julião
Se na reportagem
“A mudança de eixo fornecedor de craques para o RN” (sábado, 12/8) ficou
demonstrada a importação de jogadores pernambucanos pelo futebol potiguar,
durante quatro décadas – até o surgimento do Estádio Castelo Branco (depois
João Machado) em 1972 – época que há a substituição por oriundos do futebol
carioca, Mossoró foi o contrário desde os primeiros anos da consolidação do
esporte na cidade.
O repórter já
tinha a ideia de demonstrar o contrário desta situação no futebol mossoroense, quando
se depara com o título de uma reportagem do DIÁRIO DE PERNAMBUCO (terça-feira,
7/3/1944), justamente
Logo no primeiro
parágrafo o impresso fundado no século XIX, mas na ocasião já incorporado ao
império midiático do paraibano Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de
Melo – diz que o meia-atacante mossoroense Julinho do América/PE havia se
descolocado para o interior paraibano e potiguar e no retorno traz três reforços
para a temporada.
São dois homens
de linha e o goleiro mossoroense Jerônimo Felipe, o “Jerin”, titular do América
de Natal entre 1948/56. No Recife o repórter Associado entrevista o campinense e
comerciante Francisco Farias, que relaciona algumas revelações, como o médio “Martelo”
e o centro-atacante Aderson Elói de Almeida (vinculado ao Trezes), que viria a
ser gerente de uma usina de açúcar e prefeito de Ceará-Mirim/RN.
O enviado
especial do alviverde da Estrada do Arraial, no Recife, trata-se de Júlio Jésum
de Carvalho, que atuou pelo “Campeão do Centenário” de 1942 a 1950, foi técnico
do alvirrubro natalense ao encerrar a carreira no segundo semestre de 50, já
formado em Direito, e que, posteriormente, tornou-se dono de rádio na capital
pernambucano e chegou a ser eleger vereador (extenso currículo merece um perfil
particular).
Julinho,
inclusive, é apontado como envolvido nos “sequestros” de dois outros astros do
futebol mossoroense, naqueles anos 40, que estavam treinando no rubro-negro
Sport Recife e acabam se bandeando para o América pernambucano. Um deles é
bastante conhecido: José Mendonça dos Santos, o “Dequinha”, que acabou no
Flamengo do Rio de Janeiro, fez carreira como treinador em Aracaju e morreu
funcionário público.
O segundo é Francisco
Valeriano, que depois de atuar pelo Potiguar de Parnamirim, América/RN, passou
pelo clube do mesmo nome no Rio de Janeiro e faleceu no interior de São Paulo.
Além deles, quem também perambulou pelo clube americano recifense e Náutico,
foi o depois médico José Arset Leão de Moura, que também ficou em um entra e
sai pelos dois principais clubes natalenses.
Quando o DP faz
a singular observação sobre a exportação de atletas mossoroenses já o faz
tardiamente, pois a tradição já havia começado com a saída de protagonistas para
a capital do RN, como são os casos dos irmãos Canuto de Souza: o meia Hemetério,
o ponta-esquerda Raimundo e o zagueiro José. Todos campeões pelo América de
Natal nos anos 30.
Hemetério e Raimundo
fizeram até parte da seleção potiguar campeã do Nordeste desclassificada em Salvador
pela Bahia na semifinal do Brasileiro de Seleções (1934). Hemetério, um ano
depois, se envolveria na Intentona Comunista, sendo preso e condenado. Morre
nos anos 50. José se torna sargento e dirigente de time suburbano em Natal.
O filho de Hemetério,
Francisco Almeida de Souza, o ponta-direita “Juarez”, andou no América recifense,
teve passagem rápida pelo ABC, fez nome no América de Natal e foi artilheiro do
campeonato cearense pelo tricolor Calouros do Ar de Fortaleza. Bececê,
artilheiro pelo Fortaleza, fez sucesso no Palmeiras, no interior paulista e
encerrou a carreira no futebol venezuelano.
A lista é enorme.
Daí a necessidade de parar por aqui. Mas no momento oportuno serão abordados
outros personagens, inclusive quem andou pelo futebol europeu...
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