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domingo, 12 de novembro de 2023

Um judeu fundou o primeiro Globo potiguar? (IV)

O professor e maestro potiguar Waldemar de Almeida orientou uma geração de músicos no Rio Grande do Norte

José Vanilson Julião

Moisés Mandel começou em Natal e faleceu no Recife

Para se compreender o título da série sobre a história do primeiro clube potiguar com o nome "Globo" indico os sites “Fatos e Fotos de Natal Antiga” (9/1/2022) e “Tok de História” (6/6/2021).

Lá estão os históricos da imigração judaica no RN nas duas primeiras décadas do século XX, conduzidas, respectivamente, pelo jornalista Adriano Medeiros e pelo historiador Rostand Medeiros (não são parentes)

No caso específico desta sequência o foco principal é a família Mandel (uma das mulheres vem a ser personagem em quase todo o relato).

Tudo começa com a imigração para o Recife e em seguida Natal. Aos 13 ou 14 anos Fichel ‘Felipe’ Mandel chega na cidade em 1916. Vindo de Sucoron (Bessarabia).

Túlio Tavares fez sucesso em Brasília

Posteriormente desembarcam os irmãos Jorge, Leon, Bete e Rosa. Depois, com o falecimento do pai, manda buscar a mãe, Hanna.

Com a família adaptada casa com a pernambucana Priscila Genesi. É eleito tesoureiro do Centro Israelita local (31/12/34). E pai de Moisés Jacob, nascido em 1924, e Póla, que vem a ser mãe de Riva (“Riveca”).

O quarto Interventor federal, o capitão-tenente e comandante da Escola de Aprendizes Marinheiros, Bertino Dutra da Silva (11/6/32 – 6/6/33), por insistência do professor Severino Bezerra de Melo (Diretor do Departamento de Educação), funda o Instituto de Música (Decreto 425, 31/1/33).

O professor Waldemar de Almeida (Macau, 24/8/1904 – São Paulo, 26/5/1975) estrutura-o com classes de ensino regulares de canto orfeônico, composição e orquestração, flauta e seus congêneres, piano, violino, violoncelo e contrabaixo.

Almeida havia fundado a Sociedade Cultural Musical (4/6/1932) para divulgar a arte musical e propagar a sistematização pedagógica em vista do intercâmbio cultural com outras sociedades idênticas. As dificuldades financeiras foram determinantes para o fechamento.

A pré-adolescente Riva participa do curso do professor Waldemar de Almeida que protagonizam a décima sétima audição noturna no Teatro Carlos Gomes (hoje Alberto Maranhão) em benefício do Centro Náutico Potengi. Participa com obras de música clássica do alemão Ludwig Von Beethoven (Minuetto) e o russo Tchaikowski (Mazurka).

Ester Wenstein, Dinah Monte, Ziva Blatman, Leonor Gonçalves e Maria da Glória Sigaud tocam a “Tarantela” (Beaumont), a “Valsa do Adeus” (do polonês Frederico Chopin), “Marcha Turca” (Wolfgang Amadeus Mozart), “A Fiandeira” (Mendel) e estudos de Chopin.

A concorrida noite é encerrada pelos pianistas natalenses Túlio Tavares (1921 – 1995) e Oriano de Almeida (15/7/27 – 2004), sobrinho do professor. Ambos com Chopin.

O recital é divulgado pelo jornal diário vespertino católico “A Ordem” (sábado, 1/8/36), já no segundo ano de circulação.

Do seio familiar sai o violonista Moisés Mandel (falecido em 12/6/2012), que está na lista do exame do curso de admissão dos alunos que concluem o segundo ano do Ginásio Rui Barbosa.

O resultado é publicado em “A Ordem” (sábado, 1/8/36). Em 45 segue para o Conservatório Pernambucano de Música e 12 anos depois é atração na cidade (“Diário de Natal” – 1957).

Participa da Orquestra Sinfônica do Recife (1994 – 2010) e falece aos 80 anos depois de um AVC sofrido no ano anterior.

Oito dias após o palco do Teatro de Santa Isabel, no bairro de Santo Antônio, recebe a Orquestra recifense em concerto que homenageia o potiguar.

Ainda fez parte das sinfônicas da Bahia e do Teatro Nacional (Brasília). E diretor da Escola de Música da Universidade de Brasília e professor na Fundação Gulbekian (Portugal).

 

FONTES/IMAGENS

A Ordem

Diário de Natal

Tribuna do Norte

Deu Bom Brasília

G1

Nordeste 10

Fatos e Fotos de Natal Antiga

Tok de História

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