Consulta

domingo, 17 de setembro de 2023

Um registro impresso do chute desvairado de Raul Maranhão


José Vanilson Julião

Não sei se existe registro impresso anterior, porém, ao escrever a crônica com elementos ficcionais baseados em caso real, o jornalista Mário Leite Rodrigues Filho pode ter sido alimentado por fontes orais e testemunhas oculares.

A crônica do pernambucano radicado no Rio de Janeiro talvez seja a primeira impressão hilária sobre os acontecimentos do jogo em que o aristocrata potiguar Raul Barreto de Albuquerque Maranhão danifica um específico e frágil equipamento residencial.

Este caso repetido pelos personagens da época e a posteriori eterniza-se pelo pitoresco e cabe muito bem na máxima de que “só há coisas que acontecem com o Botafogo”, que já se tornou um mantra para os jornalistas e comentaristas de ontem e de hoje.

Para corroborar um relato feito em 1942 numa coluna do jornal diário “O Globo” existe um registro em livro, lançado cinco anos depois, sobre a história botafoguense, escrito pelo historiador botafoguense Alceu Mendes Oliveira de Castro.

Não tive acesso ao tópico completo do livro “Futebol no Botafogo – 1904/1950” (1951 – Milone) para que pudesse situar realmente qual dos primeiros campos botafoguenses aconteceu a inusitada jogada.

Pela crônica o palco é o Largo dos Leões, o trecho do bairro em que morava a rapaziada de estudante que fundou o clube.

Depois a mudança para o campinho da Rua Conde de Irajá e posteriormente Rua Humaitá 52.

O certo é que a claraboia (ou vidraça?) da casa dos Figueiredo (“destroçada com incrível estrondo”) foi o alvo casual e não escolhido premeditadamente para o espetacular arremate aéreo do primeiro norte-rio-grandense a vestir a camisa alvinegra.

Waldemar Pereira da Cunha presidente o clube passa a ter campo num pequeno terreno na Rua Conde de Irajá cedido pela família Werneck com aluguel simbólico. Parece que o acontecimento foi precipitado por um chute "maluco" (Castro, 1951: 16)

É no campinho que a bandeira alvinegra aparece pela primeira vez, oferta de Edwin Elkin Hime, bordada pelas filhas Ruth, May, Leah e Miriam. O acontecimento é importante porque o campo que o Botafogo utilizava era a via pública!

A delimitação das balizas fazia-se com palmeiras imperiais e a vizinhança sofria com vidraças partidas. Acredita-se que o famoso chute não aconteceu durante os amistosos com Raul pelo alvinegro.

Pelo sim pelo não Raul fez o estardalhaço entre janeiro e maio de 1905, pois em 1904 ainda não figurava no incipiente elenco botafoguense (assunto a ser destacado na próxima postagem).

Pois dos seis amistosos que participa a metade foi “fora de casa”. Os demais em “em casa”. No bairro de Botafogo. Na estreia (1 x 0 Petropolitano – 21/5) .


FONTES

Campeões do Futebol

Mundo Botafogo

Canal Botafogo

Nenhum comentário:

Postar um comentário