José Vanilson Julião
Não sei se existe registro
impresso anterior, porém, ao escrever a crônica com elementos ficcionais
baseados em caso real, o jornalista Mário Leite Rodrigues Filho pode ter sido
alimentado por fontes orais e testemunhas oculares.
A crônica do pernambucano
radicado no Rio de Janeiro talvez seja a primeira impressão hilária sobre os
acontecimentos do jogo em que o aristocrata potiguar Raul Barreto de
Albuquerque Maranhão danifica um específico e frágil equipamento residencial.
Este caso repetido pelos
personagens da época e a posteriori eterniza-se pelo pitoresco e cabe muito bem
na máxima de que “só há coisas que acontecem com o Botafogo”, que já se tornou
um mantra para os jornalistas e comentaristas de ontem e de hoje.
Para corroborar um relato
feito em 1942 numa coluna do jornal diário “O Globo” existe um registro em
livro, lançado cinco anos depois, sobre a história botafoguense, escrito pelo
historiador botafoguense Alceu Mendes Oliveira de Castro.
Não tive acesso ao tópico
completo do livro “Futebol no Botafogo – 1904/1950” (1951 – Milone) para que
pudesse situar realmente qual dos primeiros campos botafoguenses aconteceu a
inusitada jogada.
Pela crônica o palco é o Largo dos Leões, o trecho do bairro em que morava a rapaziada de estudante que fundou o clube.
Depois a mudança para o campinho
da Rua Conde de Irajá e posteriormente Rua Humaitá 52.
O certo é que a claraboia (ou
vidraça?) da casa dos Figueiredo (“destroçada com incrível estrondo”) foi o
alvo casual e não escolhido premeditadamente para o espetacular arremate aéreo
do primeiro norte-rio-grandense a vestir a camisa alvinegra.
Waldemar Pereira da Cunha presidente o clube passa a ter
campo num pequeno terreno na Rua Conde de Irajá cedido pela família Werneck com
aluguel simbólico. Parece que o acontecimento foi precipitado por um chute
"maluco" (Castro, 1951: 16)
É no campinho que a bandeira alvinegra aparece pela
primeira vez, oferta de Edwin Elkin Hime, bordada pelas filhas Ruth, May, Leah
e Miriam. O acontecimento é importante porque o campo que o Botafogo utilizava
era a via pública!
A delimitação das balizas fazia-se com palmeiras imperiais e
a vizinhança sofria com vidraças partidas. Acredita-se que o famoso chute não
aconteceu durante os amistosos com Raul pelo alvinegro.
Pelo sim pelo não Raul fez o estardalhaço entre janeiro e
maio de 1905, pois em 1904 ainda não figurava no incipiente elenco botafoguense
(assunto a ser destacado na próxima postagem).
Pois dos seis amistosos que participa a metade foi “fora de casa”. Os demais em “em casa”. No bairro de Botafogo. Na estreia (1 x 0 Petropolitano – 21/5) .
FONTES
Campeões do Futebol
Mundo Botafogo
Canal Botafogo
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