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segunda-feira, 25 de setembro de 2023

O nascimento "oficial" da "frasqueira" do ABC (V)

Harry Carey com a famosa camisa cinza, a indumentária diferente de todo goleiro

De preto

José Vanilson Julião

A segunda metade dos anos 50 é a meninice da Frasqueira.

A torcida ainda não tinha consciência do poder de fogo. Mas já se ensaiava as manifestações.

Enquanto durante seis anos, entre 1955/59, quem dita e maneja o termo é a imprensa.

No último final de semana de novembro de 1954 o ABC e o América programam movimentação conjunta para dois amistosos contra o Treze (Campina Grande). Sábado e domingo, 27 e 28.

O alvinegro enfrenta primeiro o Galo da Borborema. O alvirrubro entra no Estádio Juvenal Lamartine dia seguinte. São dois resultados com placar igual: 2 x 1. Mas com vitória abecedista e derrota americana.

É neste contexto fraternal entre os dirigentes dos dois principais clubes da capital que aparece a primeira nota da imprensa citando o apelido Frasqueira(O Poti, terça-feira, 26), como dito, na coluna (Dizem Por Aí...)  de Alexandre de Amorim Garcia, o Alex. O verbete surge na terceira notinha (edição 101, página cinco do total de oito):

Aquela da frasqueiraabecedista carregar Harry Carey (goleiro do Treze) em delírio depois do jogo doeu muito mais em muitos americanos que qualquer outra coisa. Foi uma demonstração tácita que a grande união ABC x América vive apenas na ilusão e nos negócios dos altos paredros. Na miuçalha ABC é ABC e América é América e acabou-se.

Alguém no fim do jogo procurava em sua santa indignação uma causa para que os torcedores levassem Harry Carey (defendeu uma penalidade do ponta-direita Gilvan Cavalcanti Vieira no último minuto do jogo) em triunfo e não encontrava.

Há dias passados Paulo Isidro chutara em cima de Gerim (o mossoroense Jeronimo, daí a corruptela do apelido, goleiro americano) e o povo (sic) do ABC sofrera uma troça danada...

Em janeiro de 1955 os leitores dos jornais ainda não estavam preparados para se acostumar com o Frasqueira para lá e para cá. Porém é a segunda vez que o apelido da torcida é citado na mesma coluna por conta do gesto simbólico ocorrida na festa dos campeõesda temporada passada no domingo anterior.

Veja o que traz O Poti (sexta-feira, 14/1): - ...muitos chegaram até ás lágrimas de emoção quando falam naquela cena da diretoria acenar com lenços brancos para a geral, a famosa frasqueira, reduto inabalável do prestígio e da força do velho ABC...

 

Ator americano Harry Carey

Nota de redação
: O pernambucano de Águas Belas, Sebastião Cordeiro dos Santos (11 de novembro de 1926), o Harry Carey, com passagens pelo Democrático (1944/50), Treze (1951/55), Ceará (1956/59) e Fortaleza (1960/63), recebe o apelido pela semelhança com o ator norte-americano Henry DeWitt Carey II (1878 – 1947), astro do faroeste no Cinema Mudo.

 

FONTES/IMAGENS

O Poti

O Gol

Retalhos Históricos de Campina Grande

Wikipedia

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