Assaltante morto em confronto com a PRF
participou do assassinato de advogado
O assaltante Marcos Antonio de Melo Pontes,
43, natural de Touros (litoral norte), morto em confronto com policiais
rodoviários federais na madrugada desta quarta-feira, no município de Bento
Fernandes, pode ser o mesmo que participou do assassinato do advogado Antonio
Carlos de Souza Oliveira, crime ocorrido em um bar no bairro de Nazaré (Zona
Oeste de Natal), na noite de 9 de maio de 2013.
O bando armado invadiu Lajes (Região Central
do Rio Grande do Norte) e atirou no pelotão da Polícia Militar e explodiram uma
agência do Banco do Brasil. Entre 15 a 20 homens atua por volta das 2h. Usavam
armas de calibres como 762, 556 e .40 e utilizaram caminhonetes para fechar as
entradas da cidade.
Na fuga incendiaram a viatura estacionada em
frente à unidade. Apesar da destruição à agência não levaram dinheiro dos
caixas eletrônicos. Os criminosos se depararam com uma viatura da PRF (BR-304).
Houve troca de tiros e um dos suspeitos foi baleado. Marcos Antonio foi
socorrido ao hospital de Riachuelo, mas não resistiu.
ASSASSINATO DO ADVOGADO
Um ano e três meses depois os quatro
acusados do crime foram sentenciados em júri popular pelo juiz Ricardo Procópio
Bandeira de Melo, titular da 3ª Vara Criminal. O advogado Antonio Carlos foi
executado a tiros. A sentença foi publicada na quinta-feira (21/8 e
12/12/2014).
Os réus Lucas Daniel André da Silva
(Luquinha) confessou ser o autor dos disparos; Expedido José dos Santos,
apontado como mandante do crime; o sargento PM Antônio Carlos Ferreira de Lima
(Carlos Cabeção), responsável por articular o assassinato; e Marcos Antônio de
Melo Pontes (Irmão Marcos) teria dirigido o veículo no dia do crime.
Luquinha, Irmão Marcos e Expedito José
confessaram participação no crime, confirmando a versão que apresentaram
durante as investigações da Polícia Civil. O sargento Antônio Carlos negou, mas
a participação foi confirmada pelos demais acusados. No interrogatório Luquinha
afirmou ter matado o advogado por consideração à amizade que tinha com o
sargento.
O comerciante Expedito Santos disse ter
comprado a arma do crime ao policial militar por R$ 500. De acordo com o
comerciante, o sargento também mostrou locais que a vítima frequentava e
planejou toda a ação. Luquinha e o sargento são apontados como possíveis
integrantes de grupo de extermínio que atuava em São Gonçalo do Amarante
(Grande Natal), onde o PM seria conhecido pelo apelido de 'Federal'.
"Trata-se de alguém que incute medo nas
pessoas, seja pela função de policial, seja pelo histórico, o que igualmente
soma como indício de que, em liberdade, também porá em risco a paz
social", diz a sentença do juiz Ricardo Bandeira de Melo.
O CRIME
Segundo o Ministério Público o autor dos
disparos foi Lucas André. Ele teria recebido ordens de Expedido José e do
sargento. O autor dos tiros também teria recebido apoio de Marcos Antônio, que
teria dirigido o veículo que deu fuga aos acusados.
O crime foi investigado por comissão da
Delegacia Especializada de Homicídios (Dehom), formada pelos delegados Roberto
Andrade, Karla Viviane e Raimundo Rolim, que concluiu que o assassinato do
advogado estava relacionado a uma disputa por terras em São Gonçalo. Na briga
pelos terrenos estariam a vítima e o comerciante Expedito José.
O advogado teria derrubado um muro
construído irregularmente pelo comerciante. A desavença teria levado Expedito a
entrar em contato com o policial militar. Os delegados apontam Carlos Cabeção
como articulador do crime. O PM teria acionado Lucas Daniel para executar o
advogado.
O primeiro acusado a ser preso foi Expedido
José (maio/2013). Na época o comerciante negou ter sido o mandante, mas admitiu
que o carro dele, um Fiat Doblò, foi usado no crime e que ele mesmo, ao fugir
para Fortaleza, tocou fogo no veículo com medo de se complicar. Em depoimento
confirmou que o carro foi dirigido pelo Irmão Marcos.
O segundo a confirmar a participação de
Irmão Marcos foi Luquinha, que também confessou ter sido o assassino do
advogado. Lucas Daniel admitiu o crime e afirmou que matou o advogado a mando
de Expedito para se vingar de Antônio Carlos. Luquinha foi preso em junho do
mesmo ano em um lava-jato no bairro Barro Vermelho.
Ao ser apresentado Luquinha disse que foi
enganado pelo comerciante. “Ele me disse que o Antônio Carlos era um vagabundo
que tinha derrubado um muro de um terreno dele e dado um prejuízo de mais de R$
40 mil. Eu fui enganado. Se eu soubesse que era um advogado, um homem de bem,
eu não teria feito isso”, contou na época.
O pedreiro identificado como Irmão Marcos
também foi preso em junho enquanto trabalhava em uma obra na cidade de Ipanema,
na região do Vale do Aço, em Minas Gerais. Em depoimento, ele confessou ter
dirigido o veículo e disse também que chegou a descer no bar e apontar o
advogado para que Luquinha o executasse.
No mesmo mês a Polícia prendeu o policial
militar. A defesa do PM negou o envolvimento de Carlos Cabeção no crime e
argumentou que vítima e acusado eram amigos.
ANTECENDENTE
Na madrugada de 30 de janeiro de 2017, por
volta das 3h30, uma quadrilha invadiu a cidade de Lajes efetuando vários
disparos para o alto, no destacamento policial e na viatura da PM. Em seguida o
bando se deslocou para a agência do Banco do Brasil e estourou os caixas
eletrônicos da agência usando bananas de dinamite.
FONTES
Focoelho
G1/RN
Novo Jornal