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segunda-feira, 21 de outubro de 2024

A equipe de futebol do abrigo "Melo Mattos" (VIII)

Governador inaugura melhorias no clube, campo de futebol e dependências


O governador potiguar, o professor e médico José Augusto Varela (Ceará-Mirim, 28/11/1896 – Natal, 14/6/1976) inaugurou melhorias na Casa de Menores Juiz Melo Mattos na sexta-feira (7/1/1950), assinala a edição do dia seguinte do “Diário de Natal”.

A reportagem informa que a instituição mantida pelo Serviço Estadual de Reeducação e Assistência Social (SERAS) é subvencionada, mas procura a auto-sufiência “aparelhando obras para o público”.

O diretor do SERAS, José Ariston Filho, e o diretor do abrigo, Orígenes Monte, diz o jornal, acreditam que as melhorias representam um passo a diminuição dos encargos financeiros para o estado.

Foram investidos em torno de 200 mil cruzeiros e dessa quantia ao menos 18 mil foram alocados em obras mortas, como pintura e serviços destinados a ampliar o bem estar dos 120 internos. O restante foi aplicado em maquinário, representando capital a render.

Deficitária em 30 mil mês, esclarece a reportagem, agora o “Melo Mattos” demanda ao estado apenas os custos de alimentação com a manutenção custeada pela própria instituição.

Desde 1948 existia um clube para a prática de futebol e outros esportes, dirigido pelo internos e supervisionado por um professor.

Agora denominado “Frederico Osanam”, o francês que deu estrutura leiga a organização São Vicente de Paula.

Foi instalado um bar com refrigerador elétrico e serviços de lanches. Além da quadra de basquete e melhoramentos no campo de futebol. A biblioteca recebe o nome “Padre Champagnat”.

Ainda foram instalados um salão de jogos (xadrez, dama, tênis de mesa, ludo), um cinema (para exibição no sábado e domingo) com novo projetor RCA (no valor de 30 mil).

Mais um serviço de amplificador, com dois alto-falantes, um microfone, com programas diários dirigidos por moças da Escola de Serviço Social, mas executados pelos meninos.

Finaliza informando sobre o parque infantil e a serraria equipada com serra de fita, furadeira, desempenadeira e demais aparelhagem para aumentar a proditividade.

domingo, 20 de outubro de 2024

A equipe de futebol do abrigo "Melo Mattos" (VII)

Humberto Nesi

ENTREGA DA PREMIAÇÃO AOS PRIMEIROS COLOCADOS: TORNEIO JUVENIL NO AMÉRICA

JOSÉ VANILSON JULIÃO

Ainda em janeiro acontece o torneio comemorativo seguido pela entrega dos prêmios para a equipe campeã e ao segundo colocado. O “Diário de Natal” (terça-feira 25) reporta: - Atraente manhã de sol no América Futebol Clube.

Diz mais: - Desfilarão todos os clubes juvenis. Entrega dos prêmios os campeões juvenis. O torneio comemorativo envolve dois jogos eliminatórios: Galícia x Ipanema e Solidão x Moto. Com os vencedores passando para mais duas partidas (todos com duração de 40 minutos).

Em seguida a entrega da premiação para o “Solidão” e o “Moto Clube”, primeiro e segundos colocados do campeonato iniciado em novembro do ano anterior e encerrado na última semana de janeiro de 1949.

O “Melo Mattos” reaparece no noticiário na primeira semana de agosto (sexta-feira 5). Mas somente pela cessão do campo (domingo 7) para amistoso dos juvenis americanos. Preparativo para o campeonato interno: “Humberto Nesi” x “Murilo Carvalho”.

Depois disso somente em janeiro do ano seguinte o abrigo que colhe menores abandonados volta as páginas dos jornais. Devido a inauguração de melhorias na instituição. Assunto para a próxima reportagem.

A equipe de futebol do abrigo "Melo Mattos' (VI)

O “MELO MATTOS” PARTICIPA DE TORNEIO E CAMPEONATO PROMOVIDOS PELO AMÉRICA

JOSÉ VANILSON JULIÃO

Alfredo Mesquita Filho: apoio

Passa abril, maio, junho, julho, agosto, setembro e novembro. E nada do noticiário esportivo esclarecer se realmente aconteceu o torneio idealizado pelo jornalista Djalma Maranhão, presidente rubro-negro Clube Atlético Potiguar (antigo Centro Esportivo Natalense).

O certo é que o “Diário de Natal” (sábado, 30/10/1948) informa a novidade: - Torneio juvenil no campo do América. E completa: - Será realizado domingo próximo com a participação de oito quadros. Disputa de campeonato em novembro.

Organizado pelo diretor do departamento juvenil americano, o ex-jogador alvirrubro Waldemar Junqueira (aquele que participou de um amistoso na cidade de Acari em 1926), os jogos começam as sete horas com os seguintes times:

“Biriba” (seria em homenagem ao cachorro mascote botafoguense?), “Melo Matos”, “Solidão”, “Galícia” (o time da moda na capital baiana, Salvador, naquele tempo), “Alecrim”, “Moto”, “Paquetá” e “Ipanema” (que dispensam comentários dos nomes também pela obviedade).

Os responsáveis: Teodorico Fagundes, Geraldo dos Santos, Pedro Balbino, Alfredo Mesquita (pai do prefeito de Macaíba, deputado estadual e conselheiro do Tribunal de Contas e escritor Valério Alfredo Mesquita), Múcio Nobre, Milton Cardoso, Cândido Medeiros e Hilton Barroso.

O começo da competição corrida em um turno é marcada para 7 de novembro. O curioso é que, segundo o jornal, todos os atletas pertencem ao alvirrubro. Os jogos se estendem até janeiro de 1949.

O “DN” (quinta-feira 13) noticia a décima rodada e os resultados da anterior: Ipanema 2 x 1 Solidão e Melo Matos 0 x 0 Moto.

Até então a colocação: Galícia (um ponto perdido), Ipanema (três), Paquetá, Solidão (quatro), Moto (cinco), Alecrim, Melo Matos (seis) e Biriba (nove).

sábado, 19 de outubro de 2024

A equipe de futebol do abrigo "Melo Mattos" (V)

Panorama da sede moderna inaugurada em 1966, no quarteirão da Campos Sales com a
Rodrigues Alves (Tirol), vendo-se a antiga sede ao lado da quadra de tênis

O RUBRO-NEGRO CLUBE ATLÉTICO POTIGUAR PROMOVE CAMPEONATO JUVENIL COM AMÉRICA CAMPEÃO

JOSÉ VANILSON JULIÃO

Djalma Maranhão: o presidente

Não se pode começar a falar da prática do futebol na instituição sem tocar em importante pormenor: em abril de 1948 o “Diário de Natal” (quinta-feira 22) destaca (na sexta e última página): - Quase concluídas as obras da nova sede social do América (Campos Sales e Rodrigues Alves).

“O primitivo matagal de 1928 adquirido por oito contos, graças as doações de quatro ou cinco americanos da velha guarda, é hoje um patrimônio aproximado de 800 mil cruzeiros, está com inauguração marcada para maio (sic) próximo após retoques finais.”

Na administração do presidente José Rodrigues de Oliveira “os custos estão a mais de Cr$ 200 mil” com execução da firma do engenheiro Gentil Ferreira de Souza (foi presidente do ABC, da Federação e prefeito de Natal).

O jornal Associado detalha o “dancing” e diz que “a praça de esporte, compreendendo arquibancada, campo, quadras de basquete, voleibol e atletismo, será inaugurada mais tarde”, a 14 de julho, data de aniversário de fundação dos 32 anos do clube.

Outro detalhe aparece na edição de uma semana depois (quinta-feira 29) no rodapé da página cinco: “Torneio início do campeonato juvenil – domingo pela manhã, no gramado da Legião, o certame promovido pelo Atlético.”

No corpo da reportagem diz que é importante lembrar que o Clube Atlético Potiguar promoveu o primeiro torneio por ocasião da reorganização da “Liga Suburbana (“atual segunda divisão”), quando o América foi o campeão.

Explica que a garotada atleticana será dividida em quatro equipes: Flamengo, Fluminense, Vasco da Gama e Botafogo (não precisa nem elucidar a motivação óbvia da escolha dos nomes dos principais clubes cariocas).

Na ocasião o presidente Djalma Maranhão convoca para uma reunião diretores e associados: João Minho de Oliveira, Pedro Rocha de Freitas, Pedro Batalha, Valter e Vinício Pedrosa, José Leandro (futuros árbitros), Brígido Ferreira Pinto (antigo goleiro atleticano) e José Fagundes.

Na lista, ainda, alguns nomes que nos próximos anos vão ser figurinhas carimbadas nos campos: “Piloto” (de Currais Novos), José Petit, Pedro Humberto e Selfes Medeiros (foi residir em Salvador), com passagens pelo Alecrim e alvirrubro.

NOTA DO REDATOR: Seria o citado campo da Legião Brasileira de Assistência (LBA)?

A equipe de futebol do abrigo "Melo Mattos" (IV)

Numa das laterais do JL ficava o terreno (fundos) do abrigo para os menores abandonados

A GAROTADA ASSISTIA O CLÁSSSICO LOCAL DOS GALHOS DAS ÁRVORES DO IMENSO TERRENO

JOSÉ VANILSON JULIÃO

Aluízio Alves como governador do Estado

Por ocasião do desaparecimento material do deputado federal, governador e ministro Aluízio Alves (Angicos/RN, 11/8/1921 – Natal, 6/5/2006) o jornalista potiguar Murilo Melo Filho (1928 – 2020) escreve artigo para o diário matutino "Tribuna do Norte".

E relembra que o interventor federal Aldo Fernandes indica, em 1941, AA para secretário geral da Legião Brasileira de Assistência (LBA) – fundada pela primeira-dama Darcy Vargas – função acumulada como diretor do SERAS (Serviço Estadual de Reeducação e Assistência Social).

E cita as inaugurações do Abrigo Melo Matos (menores abandonados); o Instituto Juvino Barreto (velhos e mendigos); e o Instituto Padre João Maria (órfãos). Instituições rememoradas pelo professor Cláudio Emerenciano em depoimento, “Uma vida” (7/6), três dias antes do falecimento.

Quatro anos depois, o jornalista esportivo Everaldo Lopes Cardoso, na famosa coluna “Apito Final” (22/9/2010), na nota “Ainda o JL”, por ocasião do anúncio da promessa do governo estadual em investir na recuperação do tradicional estádio, explica:

“... foram citados o Abrigo Melo Matos e o sítio anexo a uma lateral do estádio. A filha do empresário Francisco Cabral, Elizabeth Nasser esclarece que as dependências do antigo “Melo Matos” pertenciam ao pai, e que a antiga unidade de cavalaria era localizada no terreno...

Sequencia: - o terreno hoje ocupado pelo Instituto Maria Auxiliadora existia uma unidade do Exército. O espaço do “Melo Matos” foi loteado, hoje está repleto de firmas comerciais, residências e espigões. Nos fundos do “JL”, antes do estádio ser construído, havia um posto policial.

O desfile de menções continua com o publicitário Nei Leandro de Castro em “Um feliz Natal” (24/5/2013), quando lembra que “os meninos sem dinheiro viam ABC x América no Juvenal Lamartine em acima das árvores do Melo Matos”.

sexta-feira, 18 de outubro de 2024

A equipe de futebol do abrigo "Melo Mattos" (III)

Cândido Mello Mattos

O PATRONO DOS ORFANATOS E PRIMEIRO JUIZ DE MENORES DA AMÉRICA LATINA

O magistrado José Cândido de Mello Mattos (Salvador, 19/3/1864 – Rio de Janeiro, 3/1/1934), filho do desembargador e senador baiano Carlos Espiridião de Mello Mattos e Christália Maria de Albuquerque Mattos, faz a Faculdade de Direito no Recife (1887).

É promotor público no município de Queluz Minas Gerais) e no Distrito Federal. Em 1894 se dedica à advocacia criminal e leciona na Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro e no Colégio Pedro II (chegou à direção).

Pelo presidente Epitácio Pessoa é nomeado o sétimo diretor do Instituto Benjamin Constant (substitui Jesuíno da Silva Mello). Uma das preocupações nos quatro anos de gestão foi reduzir a evasão escolar entre os estudantes cegos (na época com 138 alunos de diversos estados e estrangeiros residentes). 

A charge com o juiz

Ao jornal O Imparcial Mello Mattos elencou as causas da baixa frequência ao IBC: o preconceito que se tinha quanto à capacidade do cego aprender; de obter documentos; a exploração da criança cega pelos pais na mendicância.

Considerava que a educação primária e secundária oferecida, que incluíam música, artes e ofícios, insuficiente para a vida prática das crianças e jovens.

Contribui para a causa da proteção aos menores desamparados com a aprovação (20/12/1923) do Regulamento de Assistência e Proteção aos Menores Abandonados e Delinquentes e na criação do Juízo de Menores do Distrito Federal, do qual foi o primeiro titular (30/1/1924), o primeiro da América Latina.

Para garantir o amparo legal aos menores elabora o projeto do primeiro Código de Menores (Decreto 17.943-A, de 12/10/1927), conhecido até hoje como Código Mello Mattos.

Em homenagem ao juiz José Cândido de Mello Mattos a Avenida Onze de Novembro, no bairro da Tijuca, na zona norte do Rio de Janeiro, passou a se chamar, a partir de 11 de novembro de 1926, Avenida Melo Matos.


Escreveu

Denunciação caluniosa (Estudo do art. 264 do Código Penal) (1893); Questões prejudiciais à ação criminal (1894); Calúnias e injúrias impressas (1896); Assistência judiciária: anotações e comentários ao decreto n. 2457, de 8 de fevereiro de 1897 (1897); O estado de sítio e os desterrados políticos de 1897 (1898); Código policial do Distrito Federal (1902); A esterilização da mulher perante a medicina legal (1902); Plagiato literário e científico (1902); Polícia de carreira (1903); Crimes passionais (1907); Autonomia Municipal do Distrito Federal (1903); A proteção da infância e adolescência pelo Estado (1928); Em defesa do Código de Menores (1928); Os menores delinquentes e o novo projeto penal (1928).


FONTES/IMAGENS

Arquivo Nacional

Breves Café

Fundação Osvaldo Cruz

Instituto Benjamin Constant

Migalhas

Ministério da Gestão e da inovação em Serviços Públicos

Museu da Justiça

Senado Federal

 

 

 

quinta-feira, 17 de outubro de 2024

A equipe de futebol do abrigo "Melo Mattos" (II)

AA em evento social na
primeira metade dos
anos 60 na cidade de
Cerro Corá (Seridó)

JOSÉ VANILSON JULIÃO

Ao visualizar a página "Estrelas da Atlântida e Vera Cruz" (companhias cinematográficas dos anos 40/60) com a minibiografia da cantora e atriz Lourdinha Bittencourt vi a menção ao asilo "Melo Mattos" e relacionei ao abrigo com o mesmo nome de Natal.

Apesar das nomenclaturas asilo e abrigo para as duas instituições, do interior paulista e da capital do Rio Grande do Norte, pode-se resumir como dois orfanatos.

E foi o nome de um mesmo patrono que despertou a curiosidade do repórter em fazer os esclarecimentos necessários sobre o histórico personagem tão falado pelo deputado federal e governador Aluízio Alves.

Mas antes, é obrigação, saber de quem se trata Maria de Lourdes Bittencourt (Campinas, 20/10/1923 – Rio de Janeiro, 10/8/1979), persona paralela neste relato, falecida com complicações de acidente vascular cerebral.

Abandonada ao nascer foi adotada pela professora de música Maria Bittencourt, que a estimula a desenvolver os dotes artísticos. Estreia no Cassino da Urca (Rio) como criança prodígio.

Em 1935 aparece nos filmes "Noites Cariocas". "Maria Bonita", "Cidade Mulher" (1936(, "É Proibido Sonhar" (1943), Moleque Tião (1943), Asas do Brasil (1947), “Obrigada Doutor”, “Poeira de Estrelas” (1948), “O Homem Que Passa” e “Não Me Digas Adeus” (1949).

Lourdinha Bittencourt em cena

Em 1949 gravou o primeiro disco com as músicas "Não Vale Recordar" e "Lenço Branco". Em 1952 casa com Nélson Gonçalves, com quem dois filhos e uma filha adotiva (de outro relacionamento do cantor) e a separação em 1959.

Integra a terceira formação do “Trio de Ouro”, substituindo a cantora Noemi Cavalcanti, ao lado de Herivelto Martins e Raul Sampaio. Uma das primeiras gravações foi a regravação de "Ave Maria no morro", sucesso com Dalva de Oliveira.

Em seguida o grupo é contratado pela Rádio Nacional até 1954. Com os rapazes esteve na Argentina, Uruguai, Chile e Peru. Outros sucessos "Índia", "Negro telefone" (Herivelto Martins e David Nasser) e "Saudades de Mangueira".

Em 1957 Lourdinha passou por problemas de saúde que motivaram a saída do grupo. Em 1960 lanço o disco com "Ouvi Dizer" (Adelino Moreira). A partir de 1969 trabalha como atriz de telenovelas, estreando em "Rosa Rebelde". Em 1970 apareceu no elenco de "Irmãos Coragem". Em 1974 última participação na televisão com "Fogo Sobre Terra".


FONTES/IMAGENS

Adoro Cinema

Discografia Brasileira

Cerro Corá News

Elenco Brasileiro

Famosos que partiram

Filmow

 

 

 

A equipe de futebol do abrigo "Melo Mattos" (I)

JOSÉ VANILSON JULIÃO

Cartaz da campanha de 1982

O leitor pode estranhar as fotos de uma vedete de teatro, cinema e televisão, um jornalista renomado e um governador estadual numa mesma reportagem.

Mas tem uma explicação coerente para estas imagens aparentemente desconexas entre elas.

O começo de tudo é a curiosidade sobre a origem de uma instituição beneficente. Como também o nome do patrono.

A intenção de escrever algo sobre o tema não era para agora. Em médio e longo prazo. Mas uma intrigante informação de rede social detonou a pesquisa imediata.

Depois que o então ex-deputado federal e ex-governador potiguar, Aluízio Alves (MDB), apoiou a reeleição do senador Jessé Freire (1978) pela Arena, passei a acompanhar desinteressadamente um pouco a política local.

Jornalista potiguar Murilo Melo Filho

Era a época do rádio e dos jornais como principais fontes. Veio a anistia do presidente e general João Batista Figueiredo (1979) e AA, que estava com os direitos políticos cassados desde 1969, entra novamente em cena.

Chega 1982 e Aluízio concorre pela segunda vez ao governo estadual, depois de ser eleito em 1960, vencendo o deputado Djalma Aranha Marinho (avô do senador Rogério Marinho), apoiado pelo então governador Dinarte de Medeiros Mariz.

Lurdinha Bittencourt

Sendo derrotado, por 100 mil votos, pelo engenheiro civil José Agripino Maia (prefeito de Natal nomeado nos últimos momentos do regime militar). É por esta época que ouvi nos discursos e li nos artigos de AA a menção ao “Melo Mattos”.

Principalmente a partir da primeira semana de agosto daquele ano, quando entrei como estagiário de jornalismo no matutino “Tribuna do Norte” e anos seguintes tinha acesso permanente a edição diária para ler a página de opinião.

E sempre aparecia, aqui e acolá, o “Abrigo Juiz Melo Mattos”, quando AA rememorava o começo da política do mais jovem deputado federal eleito para a Constituinte de 1946.

Para reforçar companheiros das primeiras jornadas também mencionam a referida instituição em artigos, caso do jornalista potiguar Murilo Melo Filho, natural de Ceará-Mirim e com trânsito no eixo Rio de Janeiro – Brasília.

Como também o jornalista e professor universitário Ticiano Duarte, um torcedor americano “roxo” para reforçar o vermelho da camisa do clube da Avenida Rodrigues Alves.

Para colocar ainda mais lenha na fogueira, durante as minhas pesquisas sobre futebol local, nos impressos de antigamente, li que o “Melo Mattos”, esporadicamente, aparece com um time de futebol.

E para detonar o estopim da bomba, como diz uma música popular de forró, aparece um “Asilo Melo Mattos” como lar da artista Maria de Lourdes Bittencourt, famosa a partir da década de 30. E localizado em Campinas, interior do Estado de São Paulo.

Foi isto que me fez ‘ferver” os miolos da cabeça. E pensei: - Como pode duas instituições com os mesmos nomes em duas unidades federativas diferentes?

Até então pensava que o tal do “Melo” era uma personalidade genuinamente natural do Rio Grande do Norte. Ledo engano, como diria o romancista...

FONTES/IMAGENS

Diário de Natal

Tribuna do Norte

Blog Carlos Santos

Elenco Brasileiro

Jornal Opção

 

 

 

Polêmica da quantidade de jogador estrangeiro é antiga (final)

Júlio Veliz (terceiro de preto sentado) no Nacional de Montevidéu (Uruguai) em 1938

NOS ANOS 30/40 OS “APELIDOS” E OS “GRINGOS” ALIMENTAVAM A IMPRENSA CARIOCA

JOSÉ VANILSON JULIÃO

Alfredo Gonzales como técnico

D
urante a pesquisa há algum tempo encerrada, para a série sobre a acirrada campanha movida contra as alcunhas dos jogadores, acabei não prestando atenção que, na mesma ocasião em que o Conselho Nacional de Desportos (CND) resolve disciplinar a contratação dos craques argentinos, uruguaios e paraguaios, também recomenda o uso não sistemático dos apelidos.

Mas o que interessa é o anteriormente citado artigo do jornalista e radialista Isaac Zunkerman – colaborador da “Rádio Tupi” e do “Diário da Noite” – em que relembra o “platinismo”, assim denominado pelo colunista Mário Leite Rodrigues Filho apenas no “Jornal dos Sports”, do qual era dono, no futebol carioca, final da década de 30 começo de 40.

O comentário distribuído pela Agência Meridional, da cadeia Associada, foi reproduzido pelo “Diário de Natal” (13/3/1952): “... E os estrangeiros estão voltando.”

- Houve uma época e não vai muito longe que o futebol brasileiro esteve enxertado de jogadores estrangeiros. Escreve logo de cara para, em seguida, relacionar personagens já mencionados nesta série e outros não.

Enumera: Della Torre e Grita (América), Santamaria e Rogério (Botafogo), Volante, Valido e Gonzalez (Flamengo), Spineli, Capuano, Rongo e Raul Rodrigues (Fluminense), Spina (Madureira), Veliz, Papeti, Bianchi, Avali, Picabéa e Esperon (São Cristóvão), Figliona, Viladoniga, Dacunto, Gandulla (aquele já explicado) e Emeal (Vasco da Gama).

Desta lista um é conhecido do futebol potiguar para quem é fissurado em pesquisa ou curioso pela história do esporte. É o caso do centromédio argentino Dante Jorge Bianchi, que esteve excursionando com o Bahia no Rio Grande do Norte (dezembro de 1946) e dirigiu o América de Natal (1968).

Outro que foi treinador Abel Picabea. Inclusive em times nordestinos. O uruguaio Julio Elbio Veliz Mello, goleiro, passou ao Paysandu, terminou treinador e ficou por Belém. E outros também jogaram por mais de um clube carioca e ficaram na história destas agremiações, de maior poder econômico e também entre os chamados clubes “médios” ou “pequenos”, os suburbanos.

O Gonzalez, de prenome Alfredo, deve ser o mesmo que ainda passou pelo Vasco da Gama e Botafogo, e no Glorioso encerra a carreira em 1945 para tornar-se técnico requisitado. Inclusive foi campeão carioca pelo Bangu (1966) na famosa decisão da briga fomentada pelo atacante Almir do Flamengo.

FONTES/IMAGENS

A Ordem

Diário da Noite

Diário de Natal

Correio da Manhã

Datafogo

Grêmiopedia